Bolsa fecha em alta de 2,20% e tem o segundo melhor trimestre do ano; dólar encerrou a R$ 5,3950

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São Paulo- A Bolsa encerrou o trimestre com valorização de 11,66%, o segundo melhor do ano. Na sessão hoje, o Ibovespa fechou em alta de 2,20%, em um pregão de recuperação e descolado do exterior, com os comentários no mercado de que o ex-presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, poderia assumir o Ministério da Fazenda/Economia em um eventual governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após uma reportagem na revista Veja que tratava do assunto.

Por outro lado, o mercado também está apostando que as pesquisas com intenção de voto não retratam o real cenário e que poderia haver seguindo turno entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro, no dia 30 de outubro.

Na semana, o índice acumula queda de 1,50% e no mês teve leve alta de 0,47%.

O pregão de hoje também foi pautado pela recuperação das ações de empresas ligadas às commodities. A Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu 1,25% e 1,67%. A ação de maior peso no índice, Vale (VALE3), encerrou em alta de 5,27% e as empresas ligadas ao minério de ferro também se valorizaram com a notícia vinda da China em que o governo dá incentivos para a compra de novas casas. O setor de consumo teve boa performance. Magazine Luiza (MGLU3) cresceu 10,61%.

O principal índice da B3 subiu 2,20%, aos 110.036,79 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 2,16%, aos 110.530 pontos. O giro financeiro foi de R$ 32,7 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que a Bolsa recuperou bem em véspera de eleições destoando de Nova York. O mercado comenta que Henrique Meirelles poderia ser anunciado como parte de um futuro governo do PT e também se aventou o nome para ministro da economia de Geraldo Alckmin; Lula segue procurando nomes pró-mercado para integrar a pasta econômica”.

Moliterno acrescentou que “talvez o mercado esteja entendendo que não é esse “gap” que mostra nas pesquisas [de intenção de voto entre Lula e Bolsonaro] e que podemos ter um segundo turno”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que o movimento de hoje na Bolsa “é mais um ensaio de respiro positivo do que algo motivador, tivemos quedas expressivas recentes, mas acredito em uma possível reversão de tendência com o Ibovespa podendo buscar o patamar dos 115 mil pontos para as próximas semanas”

Leite comentou que a virada em Nova York ajudou a Bolsa de estabilizar e a notícia de que “o governo chinês está subsidiando a compra para a casa própria, faz com que tenha demanda por minério, o que beneficia algumas empresas, como a Vale, que antecipa o anúncio da China, apesar da commodity não ter subido muito em Dalian”.

O head de renda variável da Diagrama Investimentos comentou que algumas construtoras estão sendo favorecidas com a queda das taxas de juros futuros “refletindo as falas de Roberto Campos Neto (RCN), ontem, em que sinalizou que em meados de 2023 comece o cenário de corte de juros”. As ações da Cyrela (CYRE3) subiram 6,37%.

Por aqui, os investidores ficam de olho nas eleições. O head de renda variável da Diagrama Investimentos acredita que “o mercado está apostando na possibilidade de os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro estarem empatados”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,03%, cotado a R$ 5,3950. Após o site da revista Veja publicar nota indicando que o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, assumirá novamente o ministério caso Luiz Inácio Lula da Silva seja eleito, a moeda brasileira ganhou força e chegou a operar em alta. Na semana, o dólar teve valorização de 2,80%, enquanto em setembro subiu 3,73% e no trimestre teve alta de 3,12%.

Segundo o economista da Guide Investimentos, Rafael Pacheco, “o mercado reagiu bem à matéria da Veja dizendo que o Lula aceitaria o Meirelles como ministro. Isso, em tese, diminui o risco fiscal, já que o teto de gastos foi criado pelo Meirelles”.

Na matéria de Veja, membros do Partido dos Trabalhadores (PT) “cravam” que Meirelles assumirá o cargo em caso de vitória de Lula, e que o anúncio deve ser feito “nas próximas semanas, depois do primeiro turno – independente do resultado”.

Para o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “o mercado lá fora está muito ruim, com temor de inflação. O PCE veio alto, o que deve segurar os juros nos Estados Unidos”. Os gastos pessoais (PCE, na sigla em inglês) subiram 0,4% em agosto ante julho, acima das projeções de +0,2%.

Nagem entende que o dólar tem tendência altista, “em uma semana de muita sensibilidade lá fora” e que existe uma preocupação com a reação do atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, a uma possível vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno das eleições presidenciais deste domingo.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, com foco na recuperação do setor de serviços.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,700% de 13,695% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,780%, de 12,865%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,585%, de 11,720% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,535% de 11,675%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, encerrando a semana, mês e trimestre com desempenhos terríveis – o S&P atingiu sua mínima desde 2020, e junto com Nasdaq e Dow Jones entraram em território de correção frente aos temores de estagflação.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,71%, 28.725,51 pontos
Nasdaq 100: -1,51%, 10.575,6 pontos
S&P 500: -1,50%, 3.585,62 pontos

 

Com Paulo Holland, Dylan Della Pasqua e Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA