Bolsa fecha em alta de 2,16% beneficiada por Vale e encerra semana no positivo; dólar cai

547

São Paulo- A Bolsa fecha em alta forte em dia de apetite ao risco global e puxada pela Vale (VALE3) por conta valorização do minério de ferro em Dalian, na China. As ações da mineradora, maior peso do índice, subiram 7,81% acompanhando seus pares em Londres.

Por aqui, os papéis das mineradoras e siderúrgicas também tiveram aumento expressivo. Na semana, o Ibovespa acumula ganho de 1,29%.

Segundo um gestor de uma grande corretora do mercado financeiro que não quis se identificar, “existe uma rotação de Petrobras para Vale, é a busca por oportunidade”. As ações da estatal petrolífera avançaram muito recentemente e na sessão de hoje chegaram a subir, mas fecharam em queda. Em contrapartida da mineradora caiu bastante nos últimos dias.

O principal índice da B3 subiu 2,16%, aos 112.300,41 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançava 2,31%, aos 113.615 pontos. O giro financeiro era de R$ 24,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos, afirmou que a Bolsa subiu com o bom humor das bolsas internacionais e “puxada por Vale, além da deflação em agosto reduziu as expectativas de juros para o ano que vem”.

José Simão Jr, sócio e head de renda variável da Legend Investimentos, disse que o mercado é ajuste com a inflação cedendo e um exterior melhor.

“O IPCA pode ser olhado por duas vertentes, os preços de serviços parecem que estão dando uma arrefecida e o mercado se animou, embora tenha vindo na mediana menor e os produtos industriais ainda estão subindo, mas nossos números têm vindo de forma positiva e a nossa lição de casa está mais fácil de fazer. Como estávamos defasados, se andarmos dentro das 4 linhas na questão fiscal no ano que vem, que é o grande desafio, temos tudo para crescer”.

O exterior está sendo beneficiado com o livro bege [divulgado na terça-feira, 7] e impacta aqui. “O indicador apontou que a atividade ainda está boa nos Estados Unidos, mas por mais que os juros estejam subindo não dá para dizer que tem recessão, acredito em uma recessão em um porte menor em 2023 e os números mensais que vão sinalizando”.

Os investidores também ficam atentos à China com estimativa de crescimento menor em meio aos lockdowns.

O head de renda variável da Legend Investimentos afirmou que as commodities também ajudam o movimento mais positivo na sessão de hoje.

Um analista do mercado financeiro que não quis se identificar disse que as commodities ajudam a impulsionar a Bolsa. “O destaque de hoje é para a Vale”. Os pares da mineradora em Londres também avançam de forma expressiva

E acrescentou que “A deflação aqui de 0,36%, segunda queda nos preços, também ajudou no bom humor, somado ao bom humor no exterior”.

O dólar fechou em queda de 1,15%, cotado a R$ 5,1470. A moeda refletiu uma certa animação com alguns dados positivos da China e a alta no preço das commodities, o que ajudou diretamente o real. Na semana, o dólar teve queda de 0,77%.

Segundo o economista-chefe da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “as moedas se recuperam de modo geral, com dados bons da China e isso afugentou o medo de uma desaceleração mais forte. Ainda é um ambiente inflacionário muito pressionado, com incertezas acima do usual. Estas coisas podem mudar rapidamente”.

O índice de preços ao consumidor chinês subiu 2,5% em agosto, no comparativo anual. As projeções do mercado eram de +2,8%. Já o índice de preços ao produtor, no mesmo período, subiu 2,3%, abaixo das expectativas do mercado de +3,0%.

De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “vemos uma recuperação do petróleo lá fora e o DXY (cesta de moedas desenvolvidas) mais fraco, o que dá ao real algum espaço para se recuperar. O movimento é guiado pelo cenário internacional”.

Abdelmalack entende que a bolsa brasileira continua atraente para o investidor estrangeiro, o que se traduz em um intenso fluxo estrangeiro.

Para a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “depois de alguns dias de muita aversão ao risco, pressão nas moedas emergentes e queda nas bolsas, parece que o bom humor voltou aos mercados. Contudo, não há um grande motivo aparente para esta melhora”.

“O avanço dos juros nas economias centrais e a preocupação com a desaceleração da China devem continuar no radar e trazer aversão ao risco. Além disso, a incerteza com o quadro eleitoral brasileiro pode chegar a pesar em algum momento”, observa Quartaroli.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda com recessão global no radar, apesar da deflação do IPCA ter vindo menos intensa do que se esperava.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,725% de 13,740% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,920%, de 13,025%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,645%, de 11,765% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,290% de 11,415%, na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão desta sexta-feira em alta, impulsionados por papéis de tecnologia e de alto crescimento, com investidores aguardando dados chave de inflação na próxima semana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,19%, 32.151,71 pontos
Nasdaq 100: +2,11%, 12.112,3 pontos
S&P 500: +1,52%, 4.067,36 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA