Bolsa fecha em alta e dólar cai puxados por ventos externos

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A Bolsa fechou em alta de 1,38% em dia de apetite ao risco acompanhando o otimismo no exterior em meio aos balanços corporativos nos Estados Unidos melhores que o esperado e com as medidas do novo ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, dando tranquilidade ao mercado.

Os destaques de alta ficaram para as empresas áreas e de turismo embaladas nesse cenário mais favorável lá fora. CVC (CVCB3) subiu 9,17%, cotada a R$ 6,90; Embraer (EMBR3) tinha ganho de 6,57%, a R$ 12,15 e Azul (AZUL4) avançava 6,10%, a R$ 16,50.

Na ponta negativa, os papéis da MRV (MRVE3) lideraram a baixa do índice, caíram 11,41%, a R$ 9,31, após resultado operacional do 3T22 divulgado na sexta-feira ter vindo fraco, segundo analistas.

O principal índice da B3 subiu 1,38%, aos 113.623,98 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 1,62%, aos 115.695 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Sidney Lima, analista da Top Gain, disse que a Bolsa está reagindo ao cenário mais positivo no exterior por conta “das mudanças no plano fiscal do Reino Unido e temporada de balanços nos Estados Unidos menos ruim do que estava esperando. O mercado acreditava que o aumento de taxas de juros fosse impactar muito mais no resultado dessas empresas do que está sendo visto”.

Lucas Mastromonico, operador de mesa de renda variável da B.Side Investimentos, disse que a Bolsa está em um movimento de recuperação. “Não tem um trigger específico, chegou a cair muito recentemente, mas os balanços bons nos Estados Unidos, principalmente dos bancos, estão ajudando e o fato da Inglaterra decidir não cortar os impostos foi positivo para o mercado”.

Mastromonico afirmou que as eleições “estão fazendo menos preço neste momento, no final de semana antes do pleito os investidores devem decidir se ficam mais comprados ou vendidos”.Ontem foi realizado o primeiro debate presidencial do segundo turno, por um pool de veículos de imprensa, e no dia 28 a TV Globo promoverá o enfrentamento dos dois candidatos à presidência da República.

Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, disse que a semana começa mais tranquila se comparada a anterior. “Os treasuries [títulos do Tesouro norte-americano] fechando um pouco tira a pressão das bolsas; o debate presidencial de ontem não tem muito reflexo e devemos acompanhar a Vale, que divulga relatório de produção no final do dia, como o papel tem oscilado bastante nos últimos dias pode trazer um pouco de volatilidade”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,48%, cotado a R$ 5,3010. A sessão refletiu o bom humor global do mercado, e fez com que a moeda norte-americana perdesse mundialmente.

Segundo o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “não tivemos dados muito relevantes, e o que ocorre é mais uma realização pontual e uma correção, após quatro dias seguidos de alta”.

Para o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “melhorou bem lá fora, com quase todas as moedas ganhando do dólar. Houve uma melhora na percepção da economia americana, mas a Europa está muito mal”.

De acordo com o boletim da Ajax Asset, “lá fora, ativos sobem com a decisão de Hunt de reverter todo o corte de impostos, inicialmente proposto pelo governo de Liz Truss. A queda das taxas de retorno anual dos Treasury Bonds (títulos do Tesouro dos Estados Unidos) também impacta negativamente no dólar. Assim, ambiente externo deve favorecer ativos domésticos”.

O primeiro-ministro de Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, “disse que o Governo deverá reverter quase todas as propostas de cortes de impostos que foram anunciados em 23 de setembro. Em seu discurso, Hunt reforçou não ser correto ampliar endividamento público do país para financiar incentivos fiscais”, observou a Ajax.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, refletindo o bom humor global observado neste primeiro dia da semana.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,680% de 13,686% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,840%, de 12,890%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,640%, de 11,755% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,485% de 11,600%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, com a Nasdaq subindo 3,4%, à medida que os balanços corporativos dos bancos norte-americanos aliviaram alguns temores dos investidores, impulsionado nomes de tecnologia que estavam sobrevendidos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,86%, 30.185,82 pontos
Nasdaq 100: +3,43%, 10.675,8 pontos
S&P 500: +2,64%, 3.677,95 pontos

 

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA