Bolsa fecha em alta de 0,17%, oposto ao exterior; dólar avança

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve alta, em movimento contrário ao exterior, após ata do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, sigla, em inglês) mais dovish. em que os investidores apostam em um aumento de juros em 0,50 ponto percentual (pp) no encontro de setembro.

A partir de agora, as atenções ficam para o simpósio de Jackson Hole na próxima semana, na quinta (25) e sexta-feira (26). O presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, participará do evento e poderá trazer alguma sinalização sobre os juros.

Mas a sessão de hoje foi de bastante volatilidade em um dia de exercício de opção sobre o Ibovespa e rolagem do índice futuro e com os investidores aproveitando o movimento mais lateral para realizar lucros.

Os destaques positivos ficaram para Cemig (CMIG4) e Copel (CPLE6), avançaram 5,66% e 4,47%. Em contrapartida, os papéis da economia interna caíram.

O principal índice da B3 subiu 0,17%, aos 113.707,76 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 0,07%, aos 113.700 pontos. O giro financeiro foi de R$ 59,8bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, disse a ata do Fed teve um tom foi mais dovish, o que foi bom para o mercado e destacou três pontos.

“No documento, reforçaram que [os juros] já estão no nível neutro de longo prazo, apesar de alguns membros reconhecerem que a taxa real ainda estaria abaixo do nível neutro e a falta de consenso nesse ponto pode ser entendido como dovish; deram ênfase nos dados mais fracos de atividade do que era previsto e não teve novidade sobre a venda de ativos”.

Silva disse que as commodities subiram e recuperaram boa parte da queda. “O grande destaque ficou para a Petrobras, avançou 3,32% e 2,34%. O setor de bancos performou bem e as empresas ligadas ao mercado interno que viam em um rali, ficaram no negativo”.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, disse que a ata trouxe algumas avaliações marginalmente dovish da autoridade monetária com alguns membros para os juros subirem mais que o necessário, mas “a realidade vem se pondo ao board”. Sanchez acredita que o juro deverá aumentar 0,50 ponto percentual (pp)na próxima reunião de setembro.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, comentou que a Bolsa opera de lado e alguns investidores aproveitam o movimento de lateralização para realizar de lucros. “É um movimento de distribuição onde [os investidores] aproveitaram a alta [do Ibovespa] e fazem troca de posições para realização de lucros”.

Leite disse que a Bolsa chegou em uma região de suporte. Ela saiu dos 96 mil pontos no dia 15 de julho para 113 mil agora. “O índice pode encontrar uma barreira para o movimento de alta”.

E acrescentou que a cautela dos últimos dias é atribuída a uma conjuntura macro internacional, com o crescimento da economia chinesa mais fraco, pesando nas commodities e informações ambíguas dos dados econômicos dos Estados Unidos.

Leite comentou que os investidores estão cautelosos “sobre o que a ata do Fed pode trazer e temem que o tom seja mais duro. As apostas para uma elevação dos juros para 0,75pp na próxima reunião estão ganhando força”.

O head de renda variável da Diagrama Investimentos comentou que ademais de todos esses fatores, hoje é dia de vencimento de opções sobre o Ibovespa e rolagem do índice futuro, trazendo volatilidade ao mercado.

O dólar comercial fechou em alta de 0,52%, cotado a R$ 5,1670. A falta de surpresas na ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), divulgada hoje à tarde, trouxe alívio aos mercados, mas manteve a a preocupação com uma possível recessão global.

Para o sócio da Top Gain, Leonardo Santana, “em um primeiro momento, não teve nada demais. O mercado já esperava isso. A próxima reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), em setembro, já tem o aumento de 0,5 ponto percentual (pp) praticamente precificado”.

Santana, contudo, entende que os próximos indicadores de inflação e, principalmente, de emprego nos Estados Unidos devem balizar tanto a intensidade quanto a duração do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos.

“À medida que a postura da política monetária se tornasse mais restritiva, provavelmente seria apropriado em algum momento desacelerar o ritmo dos aumentos das taxas de juros enquanto avaliavam os efeitos dos ajustes cumulativos de política monetária sobre a atividade econômica e a inflação”, abordou a ata do FOMC.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta quarta-feira (17), após ata do FED indicar que mais altas serão necessárias nas taxas básicas.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,715% de 13,710% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,870%, de 12,770%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,875%, de 11,700% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,600% de 11,415%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, interrompendo um rali recente, à medida que Wall Street avaliam os últimos balanços das varejistas norte-americanas e a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) indicando uma continuidade do aperto monetário.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,50%, 33.980,32 pontos
Nasdaq 100: -1,25%, 12.938,1 pontos
S&P 500: -0,72%, 4.274,04 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA