Bolsa fecha em alta de 0,12% no 1º pregão de março com varejo; dólar encerra a R$ 4,95

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São Paulo – O mês de março começa com um pregão morno. A Bolsa fechou em leve alta com apoio das Small Caps [o Indice Small Caps subiu 0,55%], destacando o varejo, em dia de queda na curva de juros futuros.

O índice não conseguiu acompanhar a boa performance do mercado americano. Na semana, a queda foi de 0,18%.

As ações do Grupo Casas Bahia (ON, +7,52%) foram destaque de alta, após companhia anunciou o alongamento da dívida e aumento do seu caixa.

As ações da B3 (B3SA3) caíram 3,19% refletindo a notícia publicada pelo O Globo de que o Mubadala Capital será concorrente da B3 com a abertura de uma bolsa de valores no Brasil.

Segundo um gestor do mercado financeiro, a ação da B3 sofre porque deixa de ter o monopólio.

“A vinda do Mubadala pode dividir o mercado, impactar no resultado da B3 porque perde parte do mercado e receita. Mas a dúvida fica em relação ao clearing-central de compensação e liquidação de títulos- que são os ovos de ouro da B3. Eles podem montar uma [clearing] ou alugar o serviço da Bolsa, disse a fonte.

Os papéis da São Martinho (ON, -4,55%) refletindo a queda nos preços dos contratos futuros de açúcar.

Mais cedo, foi divulgado o PIB brasileiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativo ao 4T23 ficou estável ante o trimestre anterior e com a alta foi de 2,1%, levemente abaixo das projeções do Termômetro CMA (+2,2%). A economia brasileira fechou 2023 com alta de 2,9%, em linha com as expectativas.

O principal índice da B3 subiu 0,12%, aos 129.180,37 pontos. O Ibovespa futuro em vencimento em abril caiu 0,08, aos 130.670 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,1 bilhões. Em NY, os índices fecharam em alta.

Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, disse que no primeiro pregão de março a Bolsa basicamente ficou no zero a zero.

“O Ibovespa abriu positivamente, depois acabou virando para baixo, depois voltou para o zero a zero de novo, ficou positivo, e hoje está numa lateralização no zero a zero e muito por conta do resultado do PIB, que veio em linha. De certa forma foi muito bom para a gente, porém o noticiário corporativo fez o mercado perder um pouco de fôlego, até destoando um pouco dos mercados lá fora”, disse.

As empresas do varejo como Magazine Luiza (ON, +4,22%) e Lojas Renner (ON, +5,25%) se beneficiam com PIB dentro do esperado. Além disso com a queda de juros, o câmbio moderado e o estímulo da indústria tendem a performar melhor com o aumento do consumo pela população, destacou.

Carlos André Marinho Vieira, analista-chefe do TC, disse que o Ibovespa tem leve alta puxada “pelas Small caps, sobretudo do varejo, e queda nos contratos futuros de DI e isso que pode indicar um menor risco fiscal; destaque nos balanços corporativos, como a MRV que soltou um resultado um pouco negativo na percepção do mercado. Vemos o respiro de outras empresas quer tiveram rentabilidade muito negativa nos últimos dias como Petrobras, após declarações do Ceo [Jean Paul Prates] que poderia ver investimentos maiores em energias renováveis, que têm taxa de retorno menor”.

Mais cedo, Alison Correia, analista da Top Gain, disse que o mercado está lateral.

“No primeiro dia do mês, normalmente o mercado mais defensivo. A gente esperava uma melhora dos mercados, após o PMI do setor privado chinês divulgado na madrugada empolgar Ásia e Europa, mas perdeu tração por conta do PMI do setor industrial nos EUA acima do esperado-subiu para 52,2 pontos em fevereiro contra previsão de 51,1pontos e janeiro 50, 7 pts”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que o resultado do PIB foi bom.

“Conseguimos entregar um belíssimo PIB, é um dos destaques em termos de atividade global, depois de uma década perdida, isso ancora as expectativas positivas para um resultado corporativo no segundo momento, em especial com a queda dos juros. 2024 tem tudo para ser um bom ano-crescimento de 2% a 2,5%”.

Ainda em relação ao PIB, Alexandre Dellamura, mestre em Economia e head de conteúdo da Melver, edtech focada na formação de assessores de investimentos, disse que para 2024, a queda da Selic impulsionando o consumo das famílias deve ser um dos principais vetores de crescimento da economia. Mas as expectativas não são tão favoráveis para o agronegócio devido a efeitos negativos do El Niño, que já podem ser observados com menor produção de grãos e a quebra de produção.

Ele completou que existe uma preocupação com a queda do investimento e da poupança, que ainda constituem um gargalo importante da economia brasileira.

“A história nos mostra que o investimento a taxa menores do que 20% do PIB pode pressionar os preços, dadas as políticas monetárias e fiscais expansionistas”, concluiu.

O dólar comercial fechou em queda de 0,39%, cotado a R$ 4,9541. A moeda refletiu, no período da tarde, dados dos Estados Unidos que podem refletir um sinal de desaceleração econômica. Na semana, a moeda teve desvalorização de 0,77%.

O Instituto de Gerência e Oferta (ISM, na sigla em inglês) caiu a 47,8 pontos em fevereiro ante projeções de 49,5 pontos. Já o índice de confiança do consumidor, medido pela universidade de Michigan, caiu a 76,9 pontos em fevereiro, abaixo das estimativas (79 pontos).

De acordo com o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, o desempenho do real hoje está diretamente relacionado aos resultados abaixo do esperado nos Estados Unidos: “Isso talvez sinalize uma desaceleração da economia americana mais pra frente, o que acaba sendo positivo, e poderia fazer com que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não demore tanto para começar a cortar os juros”, avalia.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, digerindo o PIB divulgado hoje, que ficou estável no 4º tri e termina 2023 em +2,9%, ambos em linha com as projeções.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,945%, de 9,955% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,730% de 9,780%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,935%, de 9,980%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,180% de 10,235% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta sexta-feira em alta, com a Nasdaq e o S&P atingindo seus recordes impulsionados pelo setor de inteligência artificial.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,23%, 39.087,38 pontos
Nasdaq 100: +1,14%, 16.274,9 pontos
S&P 500: +0,80%, 5.137,08 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Vanessa Zampronho / Agência CMA