Bolsa fecha em alta de 0,09% com exterior e Petrobras; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa fechou em leve alta de 0,09% seguindo as bolsas em Wall Street e com a Petrobras segurando o índice. Mas ao longo do pregão de hoje, o Ibovespa operou sem direção definida com os investidores preocupados com a China, o que foi sentido nas ações das empresas de siderurgia.

Outras ações que foram impactadas negativamente foram as ligadas ao mercado interno com os juros futuros em alta.

O principal índice da B3 subiu 0,09%, aos 113.812,87 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,38%, aos 115.950 pontos. O volume financeiro foi de R$ 23,6 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram forte pelo terceiro dia consecutivo e fecharam, respectivamente, valorizadas em 1,32% e 2,32% com o aumento do petróleo. A 3RPetroleum (RRRP3) foi um dos destaques de alta na Bolsa, crescendo 4,42%.

Caio Henrique Soares Rodrigues, head de renda variável da Rio Negro Investimentos, comentou a Bolsa está de lado.

“A gente está vivendo o que os economistas chamam de bull trap -momentos de alta dentro de um ciclo de baixa, não cai em linha reta. O investidor precisa estar em renda variável porque as grandes altas estão concentradas em pequenos períodos do ano, como este mês, mas ainda exige muita cautela”

O head de renda variável da Rio Negro Investimentos ressaltou que o Brasil está sendo afetado pelo setor siderurgia e a Petrobras, por meio do petróleo, tenta segurar o índice.

“A siderurgia está passando por uma correção mais forte por conta dos dados mais fracos na China e o governo tenta reduzir taxa de crédito para fomentar a economia. Com a atividade dando sinais de desaceleração, o país passa a consumir menos minério de ferro e a Vale é a maior exportadora da commodity, o que impacta aqui”.

Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, comentou que esta semana a Bolsa está muito volátil por causa da China.

“O governo chinês está fazendo uma injeção forte [de dinheiro] na economia, porque não há uma reação [da economia], estão colocando as questões secundários à frente para maquiar o problema que têm no setor imobiliário que está quebrado e tudo isso afeta o Brasil; as commodities ligadas ao minério de ferro estão sofrendo muito. Na realidade ninguém sabe o tamanho desse problema”.

Hoje saiu uma notícia de que o governo pode vender mais de US$ 229 bilhões em títulos para financiar investimentos no setor de infraestrutura e alavancar o crescimento do país. O minério de ferro caiu impactado pelo temor de um menor crescimento.

Em relação aos juros nos Estados Unidos, Velloni disse que com o resultado do seguro-desemprego abaixo do esperado mostra que a economia está forte, mas os EUA vêm com uma recessão técnica por conta de PIB negativo e acredita que o “Fed não tende a continuar com movimento de juros de forma acelerada”.

Para a próxima reunião, ele apostaria que 0,25 ponto porcentual (pp) seria o suficiente, mas o mercado trabalha com 0,50 pp.

Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, disse que hoje têm falas de integrantes do Fed e devem adicionar alguma visão sobre a ata, o que pode fazer preço por aqui.

Farto também disse que como amanhã tem vencimento de opções sobre ações e hoje pode começar alguma liquidação “para quem quiser rolar opção, e quem pretender evitar liquidação vai ter de recomprar ou vender gerando uma sessão volátil entre hoje e amanhã”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,07%, cotado a R$ 5,1710. O mercado teme que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) tenha de alongar o ritmo contracionista para conter a disparada inflacionária nos Estados Unidos.

Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, “uma eventual fraqueza na atividade chamou a atenção na ata, embora eu creia que isso não irá mudar a condução da política monetária. O Fed está muito longe do que o mercado acha necessário para combater a inflação. A taxa terminal deve atingir o intervalo de 3,75% e 4% no começo do próximo ano”.

Sanchez entende que este descompasso se refletiu no câmbio de hoje, e acredita que o dólar termine 2022 cotado a R$ 5,05, com “turbulências no meio do caminho”, referindo-se às eleições presidenciais e eventuais fatores externos.

De acordo com o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “a entrada de dólar continua forte, mas lá fora está muito ruim, com os pares do real perdendo. O mercado está sensível, e o temor de um Fed forte é grande”. As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta quinta-feira (18), com mercado ainda repercutindo ata altista do FED e dados de inflação na Zona do Euro.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,720% de 13,715% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,000%, de 12,870%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,980%, de 11,875% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,720% de 11,600%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão ligeiramente em alta, com os investidores monitorando dados da economia norte-americana após o ata da reunião de julho do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) indicar a continuidade do aperto monetário iniciado no início deste ano.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,06%, 33.999,04 pontos
Nasdaq 100: +0,21%, 12.965,3 pontos
S&P 500: +0,22%, 4.283,74 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA