Bolsa fecha em alta com rotação de setores e na expectativa de fala de Powell; dólar encerra estável

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Foto: Anna Nekrashevich / Pexels

São Paulo- A Bolsa fecha em alta de 0,56% em um dia de rotação de setores em que os investidores migraram de papéis de companhias mais valorizadas como Petrobras e Eletrobras para as ações de empresas mais descontadas, com maior volatilidade, mas com alto potencial.

Somado a isso, todas as apostas do mercado estão para o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, amanhã (26) no simpósio anual de Jackson Hole. Powell pode dar pistas sobre os próximos movimentos dos juros nos Estados Unidos.

O principal índice da B3 subiu 0,56%, aos 113.531,72 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou de 0,42%, aos 115.270 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,5 bilhões Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Jansen Costa, sócio -fundador da Fatorial Investimentos, disse que existe uma rotação de setores com a saída dos principais papéis como Petrobras, Vale e Eletrobras para papéis que ficaram mais atrasados, “mas este equilíbrio não puxa do Ibovespa pra cima”.

Costa comentou que as ações do consumo interno e índices de materiais básicos estão subindo. “Chama a atenção desses ativos locais, com destaque para transporte aéreo e varejo e, no campo negativo, se observa uma pequena realização em Petrobras e Eletrobras- estatais que andaram à frente de outros papéis.

O sócio-fundador da Fatorial Investimentos reiterou que as atenções do mercado estão voltadas para o simpósio de Jackson Hole, que começa hoje e termina no sábado (27).

Nícolas Merola, analista da Inv., disse que a Bolsa reflete as medidas positivas da China, cenário político com as entrevistas dos candidatos à presidência e no discurso do Jerome Powell, em Jackson Hole.

“O pacote chinês ajuda a nossa Bolsa porque alivia a desaceleração da economia, mas já foram várias medidas e dois cortes nos juros e os investidores ficam céticos; as expectativas ficam para a entrevista do Lula [ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva] hoje e vemos o candidato com mais aproximação ao centro e pode honrar compromissos com o fiscal, além do vice [Geraldo Alckmin] ser mais pró-mercado”.

E acrescentou que o mercado quer ver como Powell vai lidar com os indicadores mistos nos Estados Unidos-mercado de trabalho forte e inflação-para direcionar a política monetária.

Em relação à Petrobras, Merola disse que as ações ainda estão baratas e após forte alta, os papéis estão em movimento de realização. “Está ocorrendo uma realocação dentro do mesmo setor, saem de Petrobras para comprara outras petroleiras”.

Mais cedo, de acordo com Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, Bolsa reduziu os ganhos com o peso de Petrobras e as ações caíam “em um movimento de correção depois de tantos dias de fluxo estrangeiro ajudando a segurar as ações”

O dólar fechou sem grandes solavancos nesta quinta-feira (25), com o mercado no aguardo do simpósio de Jackson Hole, que reunirá presidentes de bancos centrais, e novas sinalizações do FED.

A Levante, em relatório, explica a ansiedade do mercado para a fala de Jerome Powell, presidente do FED, nesta sexta-feira (26). Segundo a casa de investimentos, já se sabe que o Fed vai elevar novamente a Selic americana, atualmente com um piso de 2,25% ao ano. “A dúvida é se essa elevação será de 50 ou de 75 pontos-base, elevando a taxa para um piso de 2,75% ou 3% ao ano”, explicou. “Apesar de parecer pequena, essa diferença tem um impacto profundo nos preços dos ativos financeiros e reais ao redor do mundo”, completou.

Segundo Fernando Giavarina, head de câmbio da Valor Investimentos, o dólar já teve uma forte alta nestes últimos meses e a taxa Selic, elevada por aqui, acaba atraindo capital externo. “Isso ajuda ajuda a valorizar o real, mantendo a moeda relativamente calma”, disse Giavarina.

“Não vejo o câmbio voltando para R$ 4,60 e nem motivo de estresse para mais de R$ 5,50. Temos juros reais elevados, sendo um relativo porto seguro para o investidor”, completou ele.

O dólar comercial encerrou a sessão em queda de 0,01%, sendo negociado a R$ 5,1090 para venda e R$ 5,0720 para compra. Durante o dia, a moeda norte-americana oscilou entre a mínima de R$ 5,0870 e a máxima de R$ 5,1430.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta com início do simpósio Jackson Hole, que vai reunir presidentes de bancos centrais. O presidente do FED (o banco central dos EUA) deve falar na sexta-feira (25) e dar novas sinalizações sobre a taxa de juros por lá.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,720% de 13,720% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,200%, de 13,115%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,130%, de 11,970% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,890% de 11,680%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em alta, estendendo o rali de ontem, à medida que Wall Street aguarda o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole amanhã.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,98%, 33.291,78 pontos
Nasdaq 100: +1,67%, 12.639,3 pontos
S&P 500: +1,40%, 4.199,12 pontos

Com Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA