Bolsa fecha em alta com commodities e se defende de pessimismo externo; dólar encerra estável

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta amparada pelos pesos-pesados das commodities, como Petrobras (PETR3 e PETR4) e Vale (VALE3), e conseguiu se defender do pessimismo externo.

Mas o desempenho do índice melhorou só perto do fechamento. Ao longo do dia, o pregão foi morno entre altas e baixas com a cautela em relação aos juros americanos.

Mais cedo, Mary Daly, dirigente do Fed de São Francisco, disse que três cortes nos juros norte-americanos são uma base razoável.

As ações ligadas ao petróleo se destacaram positivamente. 3RPetroleum (RRRP3) subiu 0,72%. Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou 2,72% e 2,57%. Petrorio (PRIO3) cresceu 1,36%.

A exceção ficou para a Petro Recôncavo (RECV3), que caiu 9,02% por conta da possível fusão entre Enauta (ENAT3) e 3R Petroleum (RRRP3).

A Vale (VALE3) foi beneficiada pela alta do minério de ferro e fechou com ganho de 1,17%.

O principal da B3 subiu 0,43%, aos 127.548,52 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril registrou alta de 0,39%, aos 128.000 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,2 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no negativo.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa se recuperou na parte da tarde.

“O Indice superou o mau desempenho das bolsas norte-americanas, que seguiram pressionadas pelas incertezas cada vez maiores sobre uma eventual postergação do início dos cortes dos juros. A alta das blue chips ligadas às commodities ajudou para blindar o Ibovespa”.

Felipe Pohren de Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, disse que o Ibovespa opera praticamente estável.

“Esse movimento mostra uma falta de confiança na bolsa devido aos dados mais recentes da economia americana reforçando que a atividade por lá está aquecida. A provável manutenção das taxas americanas por mais tempo do que o esperado para frear a inflação desestimula os investidores a buscar retornos maiores em outros mercados, como a bolsa brasileira”.

Daniel Teles Barbosa, especialista da Valor Investimentos, o Ibovespa opera com uma alta tímida puxado “por Petrobras e Vale”.

Alexandre Siqueira, analista CNPI-T do Grupo Fractal, disse que Bolsa “praticamente trabalhando no zero a zero, apesar de ter as ações de peso em alta; todos os vértices dos juros futuros estão subindo e impacta no Ibovespa”.

Mais cedo, Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse que o cenário externo impacta aqui.

“Mercado está receoso que não venham os cortes de juros do Fed e BCE em junho, o que prejudicaria o mercado local. Juros em 5,5% [taxa está entre 5,25% e 5,5%] nos EUA sugam recursos para lá. Hoje também saíram os dados de trabalho fortes [relatório Jolts apontou que foram criados 8,756 milhões de postos de trabalho no último dia útil de fevereiro, uma leve alta em relação aos 8,748 milhões a janeiro]. Vai ser um dilema começar a reduzir juros com atividade forte”.

O dólar fechou estável, cotado a R$ 5,0591. A moeda refletiu, ao longo da sessão, as incertezas que envolvem os próximos passos da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Segundo o sócio da Top Gain Leonardo Santana, “o mercado está nebuloso, apreensivo. O payroll, na sexta, será determinante para o dólar”.

Para o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “a tendência a curto prazo é o dólar ganhar força. O real está perdendo mais que as outras moedas”.

Weigt sublinha que a o corte da Selic (taxa básica de juros) diminuiu o carrego, o que impacta diretamente o real.

De acordo com a Mirae Asset, “junho perde força e já se fala ‘ao longo do segundo semestre'”, referindo-se ao início do corte dos juros nos Estados Unidos.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta, a exemplo dos Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), que subiram hoje para perto das máximas registradas em novembro de 2023, com o mercado reduzindo as projeções de cortes de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em junho.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,945%, de 9,925% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,965 e 9,935%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,265%, de 10,270%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,585% de 10,520% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, com os Treasuries em rali de alta e os investidores enfrentando a possibilidade de um corte de juros vir mais tarde do que esperado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,00%, 39.170,24 pontos
Nasdaq 100: -0,95%, 16.240,4 pontos
S&P 500: -0,72%, 5.205,81 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA