Bolsa fecha em alta com apoio de commodities, acima dos 121 mil pontos; dólar recua

715
Foto: Wagner Magni / freeimages.com

São Paulo -A Bolsa fechou em alta pelo segundo dia seguido, acima dos 121 mil pontos, maior patamar desde abril 2022 [121.570,15 pontos], com o avanço das ações de maior peso, como Petrobras (PETR3 e PETR4) e Vale (VALE3) em meio às notícias vindas da China e com expectativa de decisão de juros esta semana no exterior e amanhã prévia da inflação aqui.

A ação da Vale (VALE3) subiu 3,02% e a Petrobras (PETR3 e PETR4) aumentou 2,07% e 2,08%. As petroleiras também avançaram como 3RPetroleum (RRRP) e Petrorio (PRIO3), respectivamente 4,11% e 2,11%.

Os papéis da Weg (WEG3) lideraram a alta do Ibovespa, com 7,22%, refletindo ainda os bons resultados da empresa referente ao 2t23, divulgado na semana passada. As ações da Embraer (EMBR3) ficaram entre as mais altas do índice, subiram 4,37%, ainda repercutindo a parceria com a Eve na construção da primeira fábrica para produção de aeronaves elétricas para decolagem e pouso vertical.

Na ponta negativa, as ações da resseguradora IRB Brasil (IRBR3) caíram 14,39%, após a divulgação dos resultados operacionais de maio, que veio com prejuízo de R$ 10,4 milhões, uma melhora em relação à perda de R$ 273,1 milhões ante o mesmo período de 2022, mas uma piora na comparação ao lucro de R$ 6,1 milhões em abril deste ano.

Os papéis do setor de frigoríficos tiveram queda com a alta do milho e da soja na bolsa de Chicago, impactando no custo da empresa do setor. Bancos caíram em bloco.

O principal índice da B3 subiu 0,93%, aos 121.341,69 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,86%, aos 122.525 pontos. O giro foi R$ 24,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa registrou forte alta e rompeu os 121 mil pontos na sessão de hoje. “O movimento ocorreu apesar dos números fracos do índice de gerentes de compras (PMIs) dos Estados Unidos, apontando desaceleração do setor de serviços e no PMI composto, mas se equilibrou com avanço das commodities, a perspectiva de estímulos na China ajudou as ações ligadas ao minério de ferro e petróleo em uma sessão negativa dos bancos”.

Fabio Louzada, analista CNPI e fundador da Eu me banco, disse que a Bolsa sobe acima dos 121 mil pontos “puxada pelas ações de peso no índice como Petrobras e Vale e de olho na China”. Pedro Canto, analista CNPI da CM Capital, disse que o Ibovespa está renovando máximas, “voltou ao radar dos investidores um corte da Selic de 0,50 ponto porcentual na reunião de agosto, vemos os juros futuros caindo, é um misto de sentimento positivo macroeconômico”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que os investidores aguardam o Fed, prévia da inflação por aqui e na sessão de hoje as commodities ajudam a impulsionar o índice.

“O mercado está na expectativa do comunicado do Fed após a decisão dos juros, em que o consenso indica alta de 0,25 ponto porcentual (pp) e alguns já apostam que o presidente do Fed deve sinalizar que o aperto monetário pode ter chego ao fim nesse ciclo; por aqui, se o IPCA-15 apontar enfraquecimento no núcleo abre caminho para o corte de 0,50 pp na reunião de agosto do Copom [1 e 2]; com esse cenário as commodities antecipam movimento e operam em alta com a valorização do petróleo e, na China, o governo apresentou medidas para incentivar o investimento privado em alguns setores de infraestrutura beneficiando as ações da Vale”.

Leite comentou que mais cedo foi divulgado o PMI de serviços dos Estados Unidos, que caiu a 52,4 pontos em julho, abaixo do esperado (54,0 pts). “Foi um bom indicador, uma vez que o setor de serviços vinha pressionando a inflação e preocupava como o Fed se comportaria diante de um setor aquecido”.

O head de renda variável da Diagrama Investimentos afirmou que o movimento é de alta para a Bolsa, mas “ainda tem um longo caminho para percorrer, a expectativa é atingir os 135 mil pontos até o final do ano”.

O dólar comercial fechou em queda de 1,0%, cotado a R$ 4,7330. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a intensa entrada de fluxo estrangeiro no país.

Segundo o economista da Guide Research Victor Beyruti, “está sendo um dia mais forte para as moedas emergentes de modo geral. Houve um movimento de avanço das commodities, com a melhora da perspectiva da economia brasileira”.

Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “a moeda rompeu os R$ 4,77, que era o que tínhamos como suporte. Isso é sinal de que o cenário está favorável, com injeção de dólar a curto prazo”.

Brigato entende que o mercado brasileiro segue atrativo, puxado especialmente pelo avanço no âmbito fiscal.

De acordo com o boletim da Ajax Research, “lá fora, índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da zona do euro abaixo do esperado em julho causaram redução das taxas de juros dos Treasury Bonds (títulos do Tesouro dos Estados Unidos) e dos bônus soberanos europeus, por conta da perspectiva de enfraquecimento da economia global”.

O PMI de manufaturados, na zona do euro, foi de 42,7 pontos (projeção de 43,5 pontos), enquanto o PMI de Serviços foi de para 51,1 pontos (projeção de 51,6 pontos).

“Por aqui, investidores esperam a continuidade da redução das expectativas de inflação para os próximos anos. Commodities em alta podem ajudar a Bovespa e o real frente ao dólar”, opina a Ajax.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda. O mercado precifica a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre na próxima semana, mas segue, também, de olho na decisão sobre os juros nos Estados Unidos da próxima quarta-feira.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,705% de 12,730% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,720% de 10,765%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,145%, de 10,205%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,190% de 10,240% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta segunda-feira em alta, impulsionados por uma semana movimentada por resultados corporativos e a expectativa em torno da importante decisão política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,52%, 35.411,24 pontos
Nasdaq 100: +0,19%, 14.058,9 pontos
S&P 500: +0,40%, 4.554,64 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernades / Agência CMA