Bolsa encerra em zero a zero após dia volátil, com alta de Vale e dólar

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Foto: Agência Brasil / Marcello Casal Jr.

São Paulo – No primeiro pregão de junho, a Bolsa fechou estável, em dia bastante volátil. com impulso das commodities, especialmente de mineração, com a Vale subindo mais de 2%, além de Hypera, após anunciar acordo de leniência com autoridades.

O índice chegou a subir mas foi freado pelas bolsas em Nova York, após dados da economia norte-americana sobre a indústria indicarem preocupações com o ritmo de aperto monetário. Os analistas também indicaram reações à alta das cotações do petróleo no exterior às vésperas da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), amanhã.

O principal índice da B3 fechou estável, aos 111.359,94 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho subiu 0,06%, aos 111.890 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,861 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.

As ações de Vale (VALE3), Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Bradespar (BRAP4) apontaram ganho de 2,09%, 2,91%, 1,51% e 2,16%, respectivamente.

As petrolíferas fecharam em queda, com exceção da Petro Rio (PRIO3), que subiu 0,78%, enquanto Petrobras fechou no zero com PETR4 e em baixa de 0,03% com PETR3. A 3R Petroleum (RRRP3) caiu 0,16%.

As maiores altas do dia foram de Hypera (HYPE3, +7,75%), Weg (WEG3, +3,27%), Braskem (BRKM5, +2,87%), Usiminas e CPFL (CPFE3, +2,78%).

As maiores quedas foram de Banco Inter (BIDI4, -5,63%; BIDI11, -4,76%), Azul (AZUL4, -5,51%), Americanas (AMER3, -3,68%), Ecorodovias (ECOR3, -3,66%) e Engie Brasil (EGIE3, -3,55%).

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos explica que o movimento da Bolsa foi influenciado positivamente pela alta da Vale por conta da reabertura da China. “O ponto positivo foi a sinalização da China para um impulso da economia industrial, que contribuiu com a alta do minério por lá, ajudando as mineradoras, principalmente a Vale a subir mais de 2% e a segurar o Ibovespa no azul.”

Segundo o analista, o preço do petróleo subiu devido a sinalizações da Opep+ e com a fala do presidente dos EUA, Joe Biden, que disse que os EUA não conseguem baixar de forma substancial o preço da gasolina da noite para o dia. “Com isso, vimos [os juros das] Treasuries puxarem para cima, com espaço para o Fed (o banco central dos EUA) elevar o juros por lá e isso impactou nosso mercado, fazendo com que nossa bolsa perdesse a força do movimento altista do começo do dia e praticamente fechando na estabilidade”, comentou.

O especialista de renda variável da Valor Investimentos Wagner Varejão registra que o dia foi de leve queda para os mercados globais com ações de crescimento, como as de tecnologia, e de fluxo de caixa mais longo tendo uma performance melhor, enquanto os bancos lideram as perdas no exterior. Já no Brasil, que operou próximo do zero a zero e fechou em alta, sem muita volatilidade, com os investidores aguardando os dados do Produto Interno Bruto (PIB), que sai amanhã. “A expectativa é de um crescimento forte do PIB. Hoje o ambiente foi calmo, com destaque para a Vale, que subiu mais de 2%, e dólar forte, subindo quase 1,5%, o que é natural, após várias sessões de queda, em movimento de realização, e os índices DIs com todas as curvas em alta, precificando o atual cenário inflacionário forte.”

O dólar comercial fechou em alta de 1,07%, cotado a R$ 4,8050. Após a divulgação do Livro Bege, pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), a instituição reforçou o temor com a disparada dos preços, o que poderia acelerar o aumento dos juros norte-americanos.

Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “o mercado está lendo o Livro Bege demonstrar uma cautela mais forte do que se esperava, com o Fed monitorando a inflação, o que abre a possibilidade de intensificar o aumento dos juros a qualquer momento”.

Nagem reforça que neste primeiro momento é difícil fazer uma análise mais aprofundada e aposta que nos próximos dias o fluxo estrangeiro deve voltar a valorizar o real.

De acordo com o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “a atividade industrial veio forte, o que deve forçar o Fed a subir os juros. É preciso ficar de olho nas declarações dos dirigentes do Fed ao longo do dia”.

Rosa lembra que o PMI (Purchasing Managers Index, ou índice de gerentes de compras) de maio (49,6 pontos) da China ficou acima do esperado, o que favorece as commodities e nutre esperanças sobre uma recuperação econômica do país.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “existe expectativa com o experimento de controle à covid que estão fazendo em Xangai. Se der certo, o governo chinês pode adotar isso como regra”.

“Primeiro, eles voltaram com o transporte público, agora pouco eles liberaram escritórios e alguns negócios como fábricas de alimentos e unidades de produção agrícola. Nesta semana mais alguns negócios voltam a funcionar, com 75% da capacidade shoppings, lojas de conveniência, farmácias e salões de beleza. Cinemas e academias vão permanecer fechados, enquanto escolas vão abrir caso a caso. Tudo isso com planos bem definidos para prevenção e contenção. Além disso, tem várias medidas para auxiliar economicamente os pequenos negócios”, explica Komura.

Komura não acredita que o Livro Bege trará surpresas, e deve vir em linha com o que o Fed tem dito sobre não subir os juros bruscamente, movimento que deve corroborar para a desvalorização do dólar.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta quarta-feira (1) com temor de recessão global, apesar de sinais positivos vindos da China.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,405% de 13,380% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,975%, de 12,885%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,370%, de 12,255% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,250% de 12,230%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 4,8030 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, com junho iniciando em alta volatilidade e o mercado refletindo dados ruins da economia norte-americana e a divulgação do Livro Bege pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,54%, 32.813,23 pontos

Nasdaq 100: -0,72%, 11.994,5 pontos

S&P 500: -0,74%, 4.101,23 pontos