Bolsa e dólar caem perto da estabilidade com chegada do Carnaval

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São Paulo – O Ibovespa fechou em queda em uma sessão na qual o apetite por risco nos mercados financeiros internacionais sofreu forte concorrência dos temores locais e da cautela com a proximidade do Carnaval, que manterá a B3 fechada no início da próxima semana. Apesar disso, o bom humor externo limitou as perdas no índice.

No campo corporativo, a alta dos contratos futuros de petróleo do tipo Brent foi insuficiente para desfazer a pressão negativa sobre as ações da Petrobras motivada pela decisão da empresa estatal de ampliar de três meses para um ano o período de reajuste dos preços dos combustíveis.

O desempenho do Ibovespa acabou prejudicado pelo recuo acentuado dos papéis da petrolífera estatal. Na avaliação de analistas, investidores mostraram-se receosos quanto aos sinais de interferência do governo na política de preços dos combustíveis da companhia.

Além disso, os investidores esperam sinais mais claros sobre as prioridades do governo enquanto aguardam a formação da comissão mista de orçamento depois de o Palácio do Planalto ter saído vitorioso da disputa pelo controle da Câmara e do Senado na semana passada.

A bolsa brasileira até oscilou perto da estabilidade até o início da tarde, em alguns momentos testando leves altas, mas a situação azedou depois de o novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ter dito que a entrada em vigor de novo auxílio emergencial não pode depender da entrada em vigor de PECs que estejam no Congresso.

“A leitura é de que o risco fiscal pode ser aumentado, uma vez que não haja o compromisso de haver corte de gastos como contrapartida a benefícios sociais, como o auxílio emergencial”, avalia Paloma Brum, economista da Toro Investimentos. Ela notou ainda que os papéis dos bancos e as ações da B3 também contribuíram para o recuo do Ibovespa, que fechou em queda de 0,45%, aos 119.696,36 pontos.

Enquanto isso, as ações da Cosan registraram a maior alta de hoje no Ibovespa depois de a empresa ter anunciado a compra da Biosev.

O dólar comercial fechou em queda de 0,22% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3720 para venda, em sessão de forte volatilidade, com investidores domésticos reagindo às falas dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, sobre o andamento das pautas econômicas no Congresso. Enquanto no exterior, a moeda oscilou e perdeu terreno para as principais moedas globais.

O gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca o movimento de queda intensa da moeda, no fim da parte dos negócios, após a sinalização de Lira de que o texto com a proposta de reforma administrativa será encaminhada amanhã para Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). Ele reforça que a moeda renovou mínimas, a R$ 5,30, com desmonte de posições defensivas reagindo às declarações do parlamentar.

Perto do fim do pregão, porém, a moeda voltou a oscilar sem rumo único influenciado pela fala de Pacheco. “Ele pressionou o governo publicamente para retomar o [pagamento do] auxílio emergencial”, diz.

A analista da Toro Investimentos, Paloma Brum, acrescenta que o presidente do Senado declarou que um novo auxílio emergencial “não pode depender” da entrada em vigor de PECs que estejam no Congresso, como a Emergencial. “A leitura é de que o risco fiscal pode ser aumentado, uma vez que não tenha o compromisso de haver corte de gastos como contrapartida a benefícios sociais, como o auxílio”, avalia.

Amanhã, com a agenda de indicadores esvaziada, o destaque fica para a inflação doméstica, no qual os analistas preveem forte desaceleração (+0,34%) ante dezembro, segundo o levantamento feito pela Agência CMA.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, o movimento da moeda deverá depender dos desdobramentos em relação à aprovação do pacote de estímulo fiscal norte-americano, além das notícias da política local, com o avanço da agenda de reformas e das pautas econômicas.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram a sessão com leves oscilações e sem um viés definido, tendo oscilado entre margens estreitas desde a abertura do pregão. Os investidores sustentaram posições antes de uma série de eventos políticos e indicadores econômicos previstos nesta semana. Juntos, a agenda doméstica deve calibrar as expectativas em relação ao rumo da Selic.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,410%, de 3,420% no ajuste anterior, ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,945%, de 4,980% após o ajuste da última sexta-feira; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,38%, de 6,31%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,03%, de 6,98%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram a primeira sessão da semana em alta, renovando máximas no fechamento, impulsionados pela perspectiva de que um novo pacote de estímulos ajude a economia do país a crescer mais rapidamente.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,76%, 31.385,76 pontos

Nasdaq Composto: +0,95%, 13.987,60 pontos

S&P 500: +0,73%, 3.915,59 pontos