Bolsa descola do exterior, fecha em alta sustentada por commodities; dólar cai 

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São Paulo – A Bolsa melhorou o desempenho no final dos negócios e fechou em alta em movimento contrário ao exterior e sustentada pelas ações das commodities metálicas, mas não conseguiu manter a faixa dos 109 mil pontos alcançada na primeira metade do pregão-109.034,11 pontos (máxima no interdiário). O principal índice da B3 subiu 0,83%, aos 108.326,33 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 0,70%, aos 109.865 pontos. O giro financeiro foi de R$ 33,7 bilhões. 

 

Marcelo Faria, gestor de renda variável da Porto Seguro, afirmou que as commodities estão amparando o índice. “As medidas dos últimos dias tomadas pelo governo chinês demostram preocupação com o crescimento, e com isso as commodities ficam melhores e dão sustentação ao índice. Como se a China não tivesse medo de uma commodity mais alta”. 

 

Em relação às perspectivas para a Bolsa em 2022, Faria comentou que a qualidade de valor das empresas do Ibovespa é bem maior que a média da economia. “Por esse lado dá para ficar animado, mas temos dois riscos. O primeiro é o exterior, bem ou mal está negociando valuation extremo, digno de picos de mercado. Algumas empresas estão subindo muito, mas muitas estão caindo. Se soma valuation extremo e divergência entre o número de empresas que está subindo, são dois indicativos de pico. O segundo risco é volatilidade de ano eleitoral normal.” 

 

O gestor de renda variável da Porto Seguro disse que a Bolsa consegue boa performance no próximo ano” porque tem muita qualidade, muito valor e crescimento dentro dessas empresas”, completou. 

 

Victor Miranda, sócio da One Investimentos, comentou que a Bolsa tem um dia mais calmo e seguindo o mercado global performando melhor após a redução de incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos. “O mercado ficou um mês perdido sem saber qual seria o direcionamento do Fed e foi dado ontem. 

 

Ficou claro que a autoridade monetária só vai revisar a taxa de juros depois de terminar o tapering (redução de estímulos), em março. Com isso, ganhamos uma janela para respirar”. 

 

Outro ponto que favorece o movimento na Bolsa na sessão de hoje é a “boa performance das empresas ligadas a commodities com a alta do minério de ferro e petróleo”, disse.  Segundo o sócio da One Investimentos, o Brasil vinha há tempos de um cenário incerto. “O maior impacto que temos na Bolsa é a redução de incertezas com a aprovação da PEC dos precatórios ontem em segundo turno, na Câmara”. 

 

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 2,06% e 1,33%, cotadas a R$ 31,56 e R$ 29,69, e da Vale (VALE3) avançaram 3,91%, a R$ 80,44. A Vale chegou a romper os R$ 80, que não ocorria desde o início de outubro. Os papéis da CSN (CSNA3) aumentaram 6,03%, a R$ 25,82. 

 

Outro destaque é a operação do BNDES em desfazer posição na JBS (JBSS3). O banco vendeu 70 milhões de ações a R$ 38,01 e fez um caixa de R$ 2,6 bilhões. As ações da empresa caíram 1,38%, a R$ 37,66. 

 

O dólar comercial fechou em R$ 5,6800, com queda de 0,49%. A moeda norte-americana sofreu um movimento de desvalorização global, perdendo inclusive para o DXY (cesta de moedas desenvolvidas, incluindo euro e libra esterlina), além do leilão de dólar à vista, realizado ter dado fôlego ao real. 

 

Para o executivo da REAG Investimentos, Antonio Machado, “estamos em um período de sazonalidade de remessas de câmbio para o exterior, além da valorização do DXY frente ao dólar”. O executivo destaca o ambiente global de apetite ao risco e baixa liquidez que neste período do ano. 

 

Machado acredita que o leilão realizado de dólar à vista também ajudou a dar fôlego para o real: “A perspectiva de aumentos da Selic ajuda, em curto prazo, a estabilidade do câmbio”, observa. 

 

Segundo o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “o dólar está perdendo no mundo todo, isso também em função dos bancos centrais na Europa”. O economista ressalta a “fraqueza” do dólar nesta manhã, principalmente ante a libra esterlina e euro. Ele ainda destaca que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não mostrou nenhuma novidade. 

 

Já no cenário interno, pontua Rosa, o movimento não deve apresentar mudanças: “A não ser que ser que surja alguma questão interna, o quadro local permanece o mesmo”, opina. 

 

De acordo com o head de tesouraria da Travelex Bank, Marcos Weigt, “mesmo com o discurso forte, o Fed mantém a credibilidade. O mercado acredita que a inflação, nos Estados Unidos, vai recuar. As projeções para ela, nos próximos anos, são decrescentes”. 

 

Weigt, contudo, vai contra a maré: “Não vejo nenhum problema para o Brasil e os outros emergentes, a liquidez irá continuar”, projeta. O head ainda ressaltou que o câmbio continua pressionado devido ao final de ano, já que a partir da próxima semana o fluxo tende a diminuir. 

 

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta após divulgação do relatório trimestral de inflação do Banco Central, que trouxe ajustes para 2021 e 2022. 

 

O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 9,150% de 9,148% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,710%, de 11,550%, o DI para janeiro de 2025 ia a 10,625, de 10,540% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,490% de 10,390%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em queda, cotado a R$ 5,69 para venda. 

 

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, com o Nasdaq sofrendo uma baixa acima dos 2%, à medida que grandes nomes do setor de tecnologia enfrentam um dia de perdas. O Nasdaq reúne as ações das principais empresas do setor tecnológico. 

 

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento: 

 

Dow Jones: -0,08%, 35.897,64 pontos

Nasdaq Composto: -2,47%, 15.180,4 pontos

S&P 500:  -0,87%, 4.668,67 pontos