Bofa mantém neutro na Vale e corta preço-alvo por ebitda 4% menor em 2022

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Carregamento de caminhões fora de estrada na Mina de Conceição, Itabira (MG), da Vale / Foto: Janaina Duarte

São Paulo – Os analistas do Bank of America (BofA) mantiveram o rating da ADR da Vale em neutro, com corte no preço-alvo para US$ 17, de US$ 18, para incorporar uma estimativa de ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) 4% menor para 2022, para US$ 20,8 bilhões, considerando que, embora as ações da companhia pareçam “baratas” em múltiplos e fluxo de caixa livre atuais, os constantes rebaixamentos risco podem representar uma armadilha de valor.

“Apesar da mensagem confiante sobre reconstruir sua reputação após Brumadinho, abordagem ESG e oportunidades em descarbonização da cadeia de valor do aço, suas projeções para as principais commodities (minério de ferro, cobre) e custos diminuíram”, comentaram, em relatório divulgado após a divulgação de projeções da companhia em 29 de novembro.

OUTRAS ANÁLISES

O JP Morgan destacou o foco em ESG, retomada de capacidade e disciplina de capital e acredita que a primeira frente terá um papel fundamental na tese de investimento de longo prazo na companhia, e manteve a recomendação em “overweight” (equivalente à compra) com preço-alvo de R$ 68,64.

A análise destaca que a administração da companhia segue comprometida com a recuperação da capacidade de produção de minério de ferro a 400 Mtpa no longo prazo, de 341 Mtpa atuais, e deve chegar a 370 Mtpa em 2022, mas que na sua visão, deve 400Mtpa a médio prazo e 400-450Mtpa a longo prazo.

“Apesar da maior taxa de execução, a produção para o próximo ano é esperada em 320-335Mt (versus nossa estimativa em 310Mt para 2021 e 340 Mt para 2022), com foco da Vele no valor sobre o volume”, explicam.

Em relação aos custos do minério de ferro, os analistas também citam que a gerência espera normalização dos impactos negativos atuais conforme a capacidade é retomada, como restrições operacionais e ineficiências e que os números vieram em linhas com as suas estimativas.

No foco ESG, o relatório do JP Moragn destacou o compromisso da Vale com a reparação a Brumadinho, novo enfoque em pessoas e segurança, com uma transição baseada em governança e as mudanças culturais, além de iniciativas sociais e compromisso em reduzir as emissões e adoção de novas tecnologias, como briquetes e HBI. “Os produtos de alta qualidade serão essenciais para salvaguardar a liderança da empresa na futura economia verde e acreditamos que o compromisso da Vale em ESG deve desempenhar um papel fundamental no investimento de longo prazo na companhia”, disseram.

O BTG Pactual disse que o guidance de produção para 2022 veio em linha com as suas projeções e um pouco abaixo do consenso, destacando que a estratégia em relação ao valor sobre os volumes permanece em vigor e que a gestão da empresa se mostrou comprometida em aumentar a confiabilidade e segurança em relação aos riscos operacionais observados em 2021.

Como esperado, a empresa reiterou sua abordagem sobre disciplina de alocação futura de capital, com investimentos modestos (US$ 5-6 bilhões) esperados para os próximos anos, incluindo pequenos projetos de crescimento e foco em remuneração dos acionistas.

“A Vale vem de um ano operacional desafiador, que por sua vez, foi muito ajudado por um ciclo favorável do minério de ferro. Agora o ciclo mudou, e a gestão está trabalhando para resolver os principais problemas de baixo para cima (por exemplo, custos e fluxo de caixa arrasta) – e damos a eles o benefício da dúvida. Continuamos a ver a ação descontada e reiteremos nossa avaliação de compra”, disseram os analistas do BTG.

O Itaú BBA reiterou a recomendação “outperform” (equivalente à venda) para a ADR da Vale, com um preço-alvo de US$ 16 para o ano que vem, citando que a revisão do guidance de produção de minério de ferro, embora aparentemente abaixo das expectativas atuais do mercado, é positiva do ponto de vista de preços.

Às 14h44 (horário de Brasília), o papel VALE3 caía 0,02%, , a R$ 69,47, seguindo a bolsa brasileira (-2,28%), após abrir em alta de mais de 2% seguindo a alta de mais 3% do minério de ferro na bolsa de Dalian, na China.