Biden diz que está pronto para enfrentar Rússia, mas deixa caminho livre para cooperação

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em pronunciamento ao lado de representantes do exército / Foto: Casa Branca

São Paulo – O presidente norte-americano, Joe Biden, reafirmou sua intenção de cooperar com a Rússia em questões de interesse comum para garantir a estabilidade mundial, mas enviou um alerta ao presidente do país, Vladimir Putin: os Estados Unidos não tolerarão interferências e ameaças vindas de Moscou.

“Acredito que Estados Unidos e Rússia podem trabalhar juntos em diversas frentes como o programa nuclear iraniano e a Coreia do Norte. Um exemplo disso foi o entendimento sobre o tratado de proliferação de armas [Novo Start], mas responderei a qualquer interferência e ameaça russa na mesma proporção”, disse ele em pronunciamento.

As declarações acontecem depois que Biden assinou, mais cedo, um decreto amplo sancionando a Rússia por interferir nas eleições norte-americanas e realizar ataques cibernéticos, entre outras “ações prejudiciais”, de acordo com a Casa Branca. Sob o decreto, os Estados Unidos podem sancionar qualquer setor da economia russa.

Moscou prometeu uma resposta rápida às ações adotadas por Biden hoje e condenou o fato de o presidente norte-americano impor as medidas dias após convidar Putin para um encontro presencial em um terceiro país.

“Quando o presidente Putin ligou para me parabenizar pela vitória nas eleições presidenciais de novembro, eu avisei a ele responderia à altura as interferências da Rússia em nosso processo eleitoral e que agiria da mesma maneira a cada ameaça ou ataque cibernético”, disse Biden.

Apesar do clima tenso entre Washington e Moscou, o presidente reafirmou o seu convite a Putin: “Tivemos uma conversa respeitosa e cordial e reafirmo meu convite a ele para um encontro presencial para acertarmos uma cooperação bilateral. Estados Unidos e Rússia podem e devem trabalhar juntos em várias frentes”.

Durante o pronunciamento, Biden alertou ainda sobre o aumento da presença militar russa na fronteira com a Ucrânia. “Continuamos apoiando a soberania ucraniana e espero que a presença militar russa na região diminua. Agora é a hora de reduzir essa escalada”, disse ele.

Ao encerrar o discurso, Biden foi questionado sobre o gasoduto Nord Stream 2, um projeto conjunto entre a russa Gazprom e vários gigantes europeus de energia que transportará quase 55 milhões de metros cúbicos de gás anualmente da Rússia para a Alemanha.

“Essa é uma questão que envolve nossos parceiros europeus, mas eu nunca fui a favor da construção do Nord Stream 2”, afirmou ele.

Nos últimos meses, a França e outros aliados passaram a pressionar pela suspenção do projeto, acentuada pela repressão do movimento de oposição do russo Alexey Navalni. A Alemanha, por sua vez, defende a conclusão do gasoduto, afirmando que o projeto é essencial para a transição energética e que existem compromissos a cumprir com investidores envolvidos, incluindo europeus.