Bancos temem teto de juros do rotativo do cartão, dizem analistas

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São Paulo – Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e os principais bancos do país para encontrar uma solução para os juros do rotativo do cartão. Agora, irão desenvolver um grupo de trabalho junto ao Banco Central para tentar encontrar alternativas para reduzir os juros cobrados.

A Genial Investimentos comenta que há um receio do setor financeiro sobre uma possível medida populista limitando os juros do rotativo como ocorreu com o crédito consignado INSS, sendo que recentemente o deputado Lindbergh Farias protocolou um projeto de lei que estabelece um teto de juros sobre as faturas de cartão de crédito de pessoas físicas e microempreendedores.

A Ativa Investimentos também lembra que a iniciativa da Fazenda vem na esteira das críticas tecidas por membros do Partido dos Trabalhadores (PT), como Gleisi Hoffmann, sobre o elevado patamar das taxas.

“Não custa lembrar que o rotativo do cartão de crédito é uma modalidade emergencial de crédito concedido automaticamente, sem garantias, a pessoas que não honraram seus compromissos das faturas. A modalidade de cartão de crédito, por estar pouco associada ao consumo autônomo das famílias (de sobrevivência) é o último a ser pago e, por não ter garantia, é de difícil recuperação. Em suma, ao que tudo indica, a reunião de ontem de Haddad antecede a iniciativa sobre os juros que o mesmo pretende anunciar na sexta-feira no tocante ao crédito”, opina a Ativa.

O QUE ESPERAR DO 1T23?

A XP espera que os resultados do primeiro trimestre (1T23) dos bancos brasileiros sejam mistos, com o Banco do Brasil e o Itaú Unibanco permanecendo resilientes, com um sólido crescimento de carteira de crédito e um aumento marginal nas taxas de inadimplência, de um lado, e um trimestre decepcionante para o Santander e o Bradesco, de outro.

“Ambos ainda estão sendo afetados por maiores provisões e uma Margem financeira (NII) com o mercado menor”, comenta a XP, em relatório.

Para as empresas de mercado de capitais, a análise vê poucos negócios de Renda Variável (ECM), volumes de negociação mais fracos e uma pressão nos negócios de emissão de dívidas (DCM) devido aos eventos adversos de crédito ocorridos no trimestre. Portanto, embora deva ter impactos assimétricos em suas receitas, B3, BTG e BR Partners devem apresentar margens pressionadas.

“Em geral, acreditamos que os resultados do primeiro trimestre estarão em linha com nossas preferências no setor, com o Itaú e o Banco do Brasil sendo os destaques positivos da temporada”, diz o relatório.

AÇÕES CAEM

As ações dos bancos operam em queda. Às 13h21 (horário de Brasília), as ações do setor financeiro operavam em baixa, com exceção do BTG Pactual, que avançava 0,87%, a R$ 23.