Banco do Japão aumenta juros para 0% pela primeira vez em 17 anos

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Sede do Banco do Japão / Foto: Banco do Japão

O Banco do Japão (BoJ) decidiu encerrar a política ultra-acomodatícia de juros negativos que perdurou por 17 anos e aumentou para 0% os juros básicos. A decisão não foi unânime: foram 7 votos a favor da mudança, e 2 contrários.

“O Banco considera que a estrutura de política de flexibilização quantitativa e qualitativa (QQE) com controle de curva de rendimentos e a política de juros negativos até o momento cumpriram seus papéis. Com a meta de estabilidade de preços de 2%, ele conduzirá a política monetária conforme apropriado, orientando a taxa de juros de curto prazo como uma ferramenta de política primária, em resposta aos desenvolvimentos na atividade econômica e preços, bem como às condições financeiras da perspectiva de realização sustentável e estável da meta”, diz um trecho da nota da decisão.

Embora a mudança na política monetária fosse esperada, ha quem acredite que o BoJ mantenha os juros a 0% e não haja mais aumentos.

“O Banco do Japão encerrou a política monetária ultrafrouxa hoje, mas não acreditamos que ele aumentará ainda mais sua taxa de política. A maioria dos analistas consultados pela Reuters na semana passada ainda previa que o Banco esperaria até sua reunião de abril antes de encerrar as taxas de juros negativas, mas várias vazamentos de imprensa durante o fim de semana tornaram o resultado da reunião de hoje uma conclusão previsível”, afirma Marcel Thielant, chefe de economia da Ásia-Pacífico da Capital Economics.

“Suspeitamos que a decisão de hoje também foi sobre se afastar das impopulares configurações monetárias não convencionais do BoJ. Acreditamos que o BoJ precisará de muito mais convencimento de que a inflação realmente está no caminho para uma inflação sustentada de 2% antes de aumentar novamente”, dizem os analistas da ANZ Research.

Vale destacar que houve 2 votos contrários à medida – o que chama a atenção, visto que as últimas decisões sempre foram por unanimidade. “No entanto, com dois votos dissidentes, suspeitamos que a decisão de hoje deve ter sido bastante acirrada. O BoJ deixou claro que este não é o início dos aumentos das taxas, afirmando claramente que ‘antecipa manter condições financeiras acomodatícias por enquanto’. O mercado provavelmente espera que o banco central se mova a passos de tartaruga, o que deve ser decepcionante, especialmente com a movimentação do Fed provavelmente sendo menor do que o esperado”, declaram os analistas do ING.