Atividade econômica cresceu em ritmo modesto a moderado, diz Livro Bege

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Edifício do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) / Foto: Fed

São Paulo – A economia dos Estados Unidos continua a crescer em ritmo modesto a moderado, com desacelerações causadas por disrupções na cadeia de suprimentos, menor oferta de mão de obra e incertezas em relação à covid-19, afirma o Livro Bege, relatório econômico sobre as 12 principais regiões dos Estados Unidos produzido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
“As perspectivas para a atividade econômica de curto prazo permaneceram positivas, no geral, mas alguns distritos notaram um aumento da incerteza e um otimismo mais cauteloso do que nos meses anteriores”, afirma o documento.
De acordo com o banco central, vários distritos notaram, no entanto, que o ritmo de crescimento desacelerou neste período, limitado por interrupções na cadeia de abastecimento, escassez de mão de obra e incerteza em torno da variante delta do covid-19.
A maioria dos distritos indicou um crescimento positivo nos gastos do consumidor, mas o relatório destaca que as vendas de automóveis caíram devido aos baixos níveis de estoque e preços crescentes.
“A atividade dos setores de viagens e turismo variou por Distrito, com alguns observando a continuação ou o fortalecimento das viagens de lazer, enquanto outros registraram declínios que coincidiram com aumentos nos casos de covid-19 e com o início do ano letivo”, explica o Fed.
A indústria cresceu de forma moderada a robusta na maior parte do país, assim como o transporte por caminhão e frete. “O crescimento da atividade não manufatureira variou de leve a moderado para a maioria dos distritos”, informa o relatório.
A demanda de empréstimos foi geralmente relatada como estável a modesta e a atividade imobiliária residencial permaneceu inalterada ou desacelerou ligeiramente, mas “o mercado permaneceu saudável, em geral”, detalha o documento.
A situação de imóveis não residenciais variaram entre distritos e segmentos de mercado. As condições agrícolas foram mistas e os mercados de energia pouco mudaram, no geral.
INFLAÇÃO
O Livro Bege também informou que a pressão inflacionária se intensificou no último mês devido a maior demanda por bens e matérias primas, gargalos na entrega de suprimento e dificuldade de conseguir mão de obra.
“Reportes de aumento nos custos de insumos foram disseminados em todos os setores da indústria, impulsionados pela escassez de produtos resultante de gargalos na cadeia de suprimentos”, afirma o documento.
De acordo com o Fed, pressões sobre os preços também surgem do aumento da necessidade de transporte e das restrições de mão-de-obra, bem como da escassez de commodities.
“Os preços do aço, componentes eletrônicos e custos de frete aumentaram acentuadamente neste período”, explica o relatório. “Muitas empresas aumentaram os preços de venda, indicando uma maior capacidade de repassar os aumentos de custos aos clientes em meio à forte demanda”.
O banco central, no entanto, afirma que as expectativas de inflação estão divididas, com uma parte dos entrevistados esperando que os preços permaneçam altos ou aumentem ainda mais, enquanto outros esperam que os preços moderem nos próximos 12 meses.
MERCADO DE TRABALHO
Sobre a situação de emprego no país, o Fed explica que houve um crescimento de modesto a moderado no último mês, já que a demanda por trabalhadores é alta, mas há uma baixa oferta de trabalhadores.
“As empresas de transporte e tecnologia viram uma oferta de trabalho particularmente baixa, enquanto muitas empresas de varejo, hotelaria e manufatura diminuíram seus horários de funcionamento ou cortaram a produção porque não tinham trabalhadores suficientes”, afirma o documento.
Os estabelecimentos relataram alta rotatividade, pois os trabalhadores saíram para outros empregos ou se aposentaram. “Questões de cuidado infantil e mandatos de vacinas foram amplamente citados como contribuintes para o problema, junto com ausências relacionadas à covid-19”, informa o Fed.
De acordo com o banco, muitas empresas ofereceram maior treinamento para expandir o grupo de candidatos e outras aumentaram a automação para ajudar a compensar a escassez de mão de obra.
“A maioria dos distritos relatou um crescimento robusto dos salários”, explica o relatório, na tentativa de reter os trabalhadores existentes e atrair mais funcionários. “Muitos também ofereceram bônus de assinatura e retenção, horários de trabalho flexíveis ou aumento do tempo de férias para incentivar os trabalhadores a permanecer em seus cargos”, conclui.