Após oito altas consecutivas, Bolsa fecha em queda com petrolíferas; dólar sobe

788

São Paulo- Após oito altas consecutivas, a Bolsa fecha em queda em um dia em que as empresas ligadas ao petróleo caíram por conta do recuo da commodity com o lockdown em Xangai, na China, impactando o índice. O contrato tipo Brent, referência para a Petrobras, fechou em baixa de mais de 9%. Do lado positivo, as empresas exportadoras tiveram destaque de alta com a valorização do dólar.
Aqui, no final da sessão, circularam rumores no mercado de que Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) poderia substituir o atual presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, no comando da estatal.
O principal índice da B3 caiu 0,28%, aos 118.737,78 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 0,19%, aos 119.550 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,4 bilhões. Em Nova York, os índices operavam mistas.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), com peso no índice, caíram 2,62% e 2,16%. Petrorio (PRIO3) perdeu 0,79% e 3R Petrolium (RRRP3) se recuperou da perda e subiu 0,09%. Do lado positivo, as ações que lideravam a alta no índice eram de empresas exportadoras. Marfrig (MRFG3); BRF(BRFS3) e Minerva (BEEF3) subiu 4,01%, 2,29% e 3,66%, nessa ordem.
Flavio Conde, head de renda variável da Levante, comentou que o movimento na Bolsa foi impactado pelo recuo das empresas ligadas ao petróleo com a queda da commodity. “O lockdown em Xangai que pode levar de 5 a 10 dias, cidade com influência no consumo de derivados do petróleo, começa impactando negativamente o preço da commodity na Europa. Se por um lado ajuda com a inflação, derrubou as empresas petrolíferas por aqui”. O lado positivo, segundo Conde, é que “pela primeira vez uma possibilidade de acordo de paz no leste europeu e com o Zelenky [Vlododymyr Zelensky, presidente ucraniano] fazendo um aceno da Ucrânia ser um país de posição neutra”.
O head de renda variável da Levante afirmou que a divulgação do boletim Focus mais cedo apontando que a projeção para a Selic é 13,00% neste ano “fez com que os investidores vendessem construtoras e varejistas devido à projeção maior de inflação”. Na véspera o presidente do Banco Central, Roberto campos Neto disse para a TV Bandeirantes que a Selic ficaria em 12,75%.
José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, afirmou que a Bolsa cai com as petrolíferas, que acompanham o movimento de seus pares no exterior como Chevron e Shell. “O mercado está em movimento de observação com queda do petróleo e à espera de uma notícia mais positiva em relação às negociações entre Rússia e Ucrânia”. E acrescentou “com baixo volume financeiro, caminha para ficar abaixo de R$ 25 bilhões, a sessão de hoje está ruim para os investidores que querem vender”.
O analista da Codepe Corretora comentou que apesar do forte ingresso de capital externo na B3 recentemente, “hoje os estrangeiros não estão com muito apetite ao risco”. Na última quinta-feira (24), o saldo estrangeiro foi de R$ 1,527 bilhão.
O dólar comercial fechou em alta de 0,56%, cotado a R$ 4,7740. A moeda norte-americana, que chegou a subir mais de 1,3%, perdeu força ao longo da sessão, mas refletiu a queda no preço das commodities e as incertezas sobre a retomada econômica chinesa.
Segundo o head de câmbio e sócio da Ethimos Investimentos, Lucas Brigato, o movimento de hoje é uma correção de curto prazo e a “nova onda de Covid na China incomodou os mercados. O suporte do dólar é de R$ 4,75.
Brigato, contudo, projeta que o cenário de real forte ainda é frágil: “Este movimento pode mudar a qualquer momento, de acordo com os juros brasileiros e, principalmente, os juros nos Estados Unidos, que devem ultrapassar 1,5% ainda este ano”, pontua.
Para o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “começa a ocorrer uma reversão nas commodities, que também é um movimento de correção”. Ainda assim, explica Serrano, as moedas emergentes tendem a se valorizar a curto prazo, mesmo com o aumento iminente dos juros nos Estados Unidos.
A desaceleração chinesa, explica Serrano, é preocupante: “Causa impacto principalmente no minério de ferro, já que ela demanda grande parte das commodities no mundo”, analisa.
De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “o lockdown em Xangai pesa sob a confiança na retomada econômica chinesa, levando à queda significativa no preço das commodities, com destaque para o petróleo”.
Embora volátil, Borsoi acredita que a queda no preço das commodities e a taxa Treasury de 10 anos acima dos 2,5% devem fortalecer o dólar.
As taxas longas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda acompanhando o preço das commodities no mercado internacional.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,730% de 12,755% % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,025%, de 12,080%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,410%, de 11,460% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,265% de 11,360%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em alta, com a Nasdaq subindo 1,31% – puxada por empresas do setor de tecnologia. O rali de alta afasta as previsões de recessão após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sinalizar um aperto mais agressivo na política monetária. Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,27%, 34.955,89 pontos
Nasdaq 100: +1,31%, 14.354,9 pontos
S&P 500: +0,71%, 4.575,52 pontos