Após forte volatilidade, bolsa fecha em alta e dólar sobe

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Foto: Paul Pasieczny / freeimages.com

São Paulo – A Bolsa fechou mais um dia em alta seguindo o movimento positivo no exterior, após os dados da inflação norte-americano divulgados, pela manhã, saírem maior que esperados pelos analistas, mas com os investidores apostando que o banco central dos Estados Unidos deve seguir com o discurso de que a “inflação é temporária”. O principal índice da B3 encerrou os negócios com avanço de 0,13%, aos 130.076,17 pontos. O volume financeiro ficou em R$ 24,2 bilhões.

As ações da Vale, Petrobras e bancos também chegaram a ajudar o índice a manter a alta, mas foram perdendo força perto do fechamento. Os papéis da Vale (VALE3) fecharam em queda de 0,32% e da Petrobras (PETR 3 e PETR4) valorizaram 0,06% e 0,06%, respectivamente. Os papéis do Itaú (ITUB4) atingiram alta durante os negócios, mas fecharam em queda 0,36%; Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançaram 0,75% e 0,17%, Santander (SANB11) tiveram alta de mais de 1% e encerraram com ganho de 0,77%

Os analistas da Terra Investimentos afirmam que “embora os dados do CPI [sigla em inglês para índice de preços ao consumidor] tenham saído maiores que o esperado, o mercado segue otimista de que o Fed não irá alterar as políticas monetárias, com a taxa de juros entre 0% e 0,25%”.

De acordo com Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, o ganho mais forte no início dos negócios “parece que acompanhou o S&P500”. Ele comenta que o Ibovespa está tentando se recuperar.

De acordo com o Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Invest, o resultado do CPI veio acima da previsão dos analistas, mas não assustou o mercado. “acredito em alta na Bolsa hoje”.

O índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI, sigla em inglês) subiu 0,6% em maio em relação ao mês anterior, descontado os fatores sazonais, de acordo com o Departamento de Trabalho. Nos 12 meses até maio, o CPI aumentou 5,0%.

No setor corporativo, a expressiva queda das ações da B3 (BBAS3) nos últimos dias tem chamado atenção devido á possibilidade de surgir uma nova concorrente para a Bolsa.

As ações da B3 (BBAS3) mantiveram queda durante todo o pregão e fecharam em baixa de 2,43%. Já os papéis da Embraer (EMBR3) foram destaque de alta na B3 devido ao anúncio de negociação da Eve com a SPAC. As ações chegaram a registrar ganho de mais de 14,00% e fecharam com valorização de 15,60%.

O dólar comercial fechou com leve queda de 0,07% no mercado à vista, cotado a R$ 5,0660 para venda, em sessão de forte volatilidade e amplitude, em dia de divulgação dos números da inflação nos Estados Unidos, com o dado acima do esperado, e investidores fazendo ajustes técnicos aqui e no exterior à espera das decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e do Banco Central (BC) na semana que vem.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, reforça que, apesar do índice de preços ao consumidor norte-americano ficar “um pouco” acima das previsões, o resultado não deve fazer com que o Fed antecipe a política monetária “ultra acomodatícia”.

A inflação nos Estados Unidos subiu 0,6% em maio ante abril, enquanto analistas esperavam alta de 0,5%. Para o economista da Nova Futura Investimentos, Matheus Jaconeli, o mercado mostrou “uma certa aceitação” da política monetária adotada pelo banco central norte-americano e teve reação limitada ao dado mais aguardado da semana. Além de esperar por um discurso parecido com as avaliações anteriores de “inflação transitória”, apesar da pressão nos preços.

Rugik ressalta que, na segunda parte dos negócios, a moeda exibiu forte volatilidade e operou sem direção única, refletindo um fluxo levemente negativo em meio à liquidez reduzida no mercado local. “Perto do encerramento, o dólar voltou a perder valor em linha com as moedas [de países] emergentes”, diz.

Jaconeli acrescenta que no cenário doméstico, investidores começam a fazer ajustes à espera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. “Caso o Banco Central eleve a taxa Selic em 0,75 ponto percentual [a taxa passará para 4,25% ao ano], deverá ter um movimento de entrada de dólares. O mercado parece se antecipar para isso”, comenta.

Sobre a Selic, a equipe econômica do Itaú avalia que a elevação da taxa de juros e a força dos preços de commodities, somados ao crescimento maior e à redução no prêmio de risco resultante da melhora de dinâmica da dívida pública, começam a se refletir em fluxos comerciais e financeiros mais favoráveis, abrindo espaço para a apreciação da moeda. No segundo trimestre, o dólar acumula desvalorização de 10,0%.

Amanhã, com a agenda esvaziada de indicadores econômicos, o destaque fica para os dados do setor de serviços, em abril. O indicador fecha os números da atividade doméstica e corroboram para desenhar um cenário geral da economia no início do segundo trimestre.

“Em abril, a gente viu as medidas de isolamento social [por conta da covid-19] sendo relaxadas. Após o resultado do comércio [acima do esperado], o mercado ficará atento a esse resultado”, finaliza o economista da Nova Futura, acrescentando que a sessão deverá ter viés de lateralidade, com os mercados à espera das reuniões do Fed e do Copom na semana que vem.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em alta em um dia de agenda local fraca e pressão inflacionária forte, com os dados sobre preço ao consumidor norte-americano em maio vindo acima das estimativas dos analistas e pressionando a curva a termo.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 5,305%, de 5,240% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,920%, de 6,825%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,94%, de 7,85% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,42%, de 8,34%, na mesma comparação.

Wall Street celebrou dados econômicos mais quentes que reafirmaram a recuperação em curso do mercado de trabalho e do consumo nos Estados Unidos, levando o S&P 500 a encerrar a sessão em novo recorde, enquanto os juros dos títulos do Tesouro terminaram mais um dia abaixo de 1,5%.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,06%, 34.466,24 pontos

Nasdaq Composto: +0,78%, 14.020,30 pontos

S&P 500: +0,46%, 4.239,18 pontos