Após euforia da véspera, Bolsa fecha em leve alta em dia de volatilidade e queda de Petrobras

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve alta em um dia de bastante volatilidade. O Ibovespa vem de sessões positivas com ambiente mais favorável doméstico em meio a um de cenário de desaceleração de inflação, expectativa de queda da taxa de juros e a notícia da véspera de que a agência de classificação de risco melhorou a avaliação do Brasil. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR$) chegaram a ajudar no tom positivo da manhã, mas acabaram virando após a notícia de redução da gasolina e deram o tom de instabilidade para o pregão.

Mais cedo, a Petrobras anunciou a redução no preço da gasolina em R$ 0,13 por litro. O preço médio de venda da gasolina tipo A passará a ser R$ 2,66 por litro e valerá a partir de amanhã para as distribuidoras. As ações da estatal passar a cair. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) recuaram 1,48% e 2,35%. Banco do Brasil (BBAS3) subiu 2,04%. Vale (VALE3) subia 0,78%.

O principal índice da B3 subiu 0,12%, aos 119.221,00 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,37%, aos 121.790 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29 bilhões. Em Nova York, as Bolsas fecharam em alta.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que a Bolsa teve uma boa apreciação nas últimas sessões chegando perto dos 120 mil pontos. “Existe uma melhora de percepção política por conta das reformas, ontem teve a notícia da S&P e aumenta o fluxo para emergentes, em especial Brasil, depois de várias sessões é natural uma realização em relação a Petrobras a redução da gasolina o impacto é neutro nas ações, mas tem de considerar que o barril de petróleo vem caindo; um capítulo importante é a venda da participação da Braskem, que o mercado está monitorando”.

Já Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que as ações da estatal apagaram a alta inicial, após a notícia de redução do preço da gasolina “pois alimentou nos temores de ingerência política, sensação ampliada com a fala do ministro Alexandre Silveira”. O ministro teria dito que “se houver gordura, a Petrobras pode contribuir para a queda maior dos preços dos combustíveis”.

Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos, a Bolsa sobe “ainda de olho no PIB brasileiro alto puxado por resultados operacionais das empresas, investidores prevendo queda da inflação e na taxa de juros (Selic); Petrobras realiza um pouco dos lucros depois de várias sessões em alta com investidores atentos nos altos dividendos pagos pela empresa”.

Mais cedo, Bruna Sene, analista de investimentos, da Nova Futura Investimentos, disse que depois de terça-feira esperava que o Ibovespa passasse por uma correção, mas vê que o mercado segue otimista e com apetite ao risco.

“A Bolsa continua no embalo positivo das últimas semanas por essa melhora do cenário inflacionário, perspectiva de queda da Selic no segundo semestre e ontem a agência S&P elevou a perspectiva do Brasil. E, duas ações merecem destaque: Petrobras e Banco do Brasil; no caso da Petrobras o que o mercado esperava de pior não aconteceu em relação à mudança na política de preços e dividendos, é uma percepção positiva do mercado na condução da empresa pelo novo governo; tanto Petrobras como Banco do Brasil estão renovando todo o histórico”.

Mais cedo, Bruna comentou que entre seus pares, que também sobem na sessão de hoje, os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) têm um certo desconto de fundamento. “O mercado talvez esteja olhando que o prêmio pelo risco está valendo a pena, o papel também seria o menos afetado com a decisão do STF sobre PIS/Cofins por conta da estrutura do balanço”.

O dólar comercial fechou a R$ 4,803 para venda, com desvalorização de 0,22%. Às 17h05min, o dólar futuro para julho tinha baixa de 0,36% a R$ 4.815,500. O bom humor externo e o cenário positivo para a economia brasileira construíram um quadro suficiente para manter a moeda americana pressionada pela quinta sessão consecutiva, renovando as mínimas do ano.

O recuo ainda foi atribuído à decisão do banco central dos Estados Unidos em manter inalterada as taxas de juros- na faixa entre 5,0% e 5,25%-, à avaliação positiva para Brasil da agência internacional de classificação de risco S&P e o anúncio da Petrobras em reduzir o preço da gasolina.

Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest, disse que o câmbio seguiu com tendência de queda desde o início da semana. “Acredito que a alta na pausa dos juros americanos e a revisão da perspectiva de negativa para positiva da agência de risco S&P foram os principais motivos para essa melhora mais recente e no mercado hoje. Além disso, a notícia de que a Petrobras vai reduzir os preços dos combustíveis tem impacto no preço na bomba e tem reflexo baixista nas projeções do IPCA de junho e de julho; é mais uma sinalização positiva para a nossa economia que tem contribuído para aumentar o apetite ao risco de forma geral”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham mistas, impactadas pela pausa na alta dos juros norte-americanos e a revisão da perspectiva de negativa para positiva da agência de risco S&P. Hoje também foi anunciado um corte no preço da gasolina para as refinarias de 0,13. Segundo alguns analistas, isso conferiu algum alívio ao mercado e passou a derrubar as taxas mais curtas da curva de juros.

Por volta das 15h50 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,000% de 13,015 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,090 % de 11,075%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,524 %, de 10,465 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,575% de 10,530 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, com os investidores tentando deixar de lado a pausa de juros com discurso hawkish do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que sugeriu que mais aumentos de juros são prováveis no final deste ano, enquanto cortes de juros em 2023 estão fora de questão.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,26%, 34.408,06 pontos
Nasdaq 100: +1,15%, 13.782,8 pontos
S&P 500: +1,21%, 4.425,84 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA