Apesar da surpresa com payroll, Bolsa fecha em alta impulsionada por petroleiras, mas na semana cai

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta puxada principalmente pelas ações da Petrobras (PETR 3 e PETR4) e petroleiras com o disparo do petróleo, as siderúrgicas beneficiadas pelo minério de ferro e setor bancário também ajudaram no bom desempenho do índice. Já os papéis sensíveis a juros caíram com a abertura da curva de juros futuros. Após seis semanas no positivo, o pregão de hoje não foi suficiente para a semana encerrar com ganho, registrou queda de 0,85%.

A divulgação do mais esperado indicador do mercado de trabalho nos Estados Unidos (payroll, sigla em inglês) chegou a trazer volatilidade ao Ibovespa, mas após os investidores digerirem os dados, o Ibovespa seguiu trajetória de alta.

Mais cedo, nos Estados Unidos, o Departamento de Trabalho divulgou a criação de 199 mil vagas em novembro ante a previsão de 190 mil. A taxa de desemprego subiu para 3,7% ante expectativa de 3,9% e o salário médio por hora trabalhada apontou alta de 0,4% em base mensal contra projeção de 0,3%.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) encerram com ganhos 3,41% e 3,20%. PetroRio (PRIO3) e PetroRecôncavo (RECV3) fecharam em alta de 5,02% e 3,27%, respectivamente. Os bancos subiram em bloco. A Vale (VALE3) oscilou bastante e fechou em leve alta de 0,27%; as siderúrgicas e mineradoras fecharam no positivo. Já na ponta negativa, Magazine Luiza (MGLU3) liderou as perdas em 5,75%.

O principal índice da B3 subiu 0,86%, aos 127.093,57 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 0,76%, aos 127.255 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, o Ibovespa caminha para fechar no positivo, após a surpresa do payroll um pouco pior que as expectativas e as commodities ajudam nesse movimento.

“O resultado do payroll trouxe volatilidade para o mercado e, de certa forma, jogou um pouco de água no chopp de quem acreditava que o Fed poderia cortar os juros no 1T24; depois de digerido o dado, a Bolsa subiu e as commodities-mineradoras, siderúrgicas e petroleiras- impulsionam o índice, elas já vinham mostrando desempenho positivo desde de a manhã com a alta do minério de ferro e do petróleo; os bancos também vêm na toada, apesar da curva de juros ter estressado um pouco e o setor de consumo está sentindo um pouco mais por conta da abertura dos juros”.

Vinicius Steniski, analista de ações ado TC, disse que a Bolsa apresentou volatilidade com muitas atenções para payroll.

“O dado veio acima do esperado, mas está mais ligado a uma questão pontual e não persistente. As fábricas de automóveis ficaram paradas nos EUA devido a uma greve e, agora, resolveram ir atrás do prejuízo e contrataram os funcionários temporários e isso influenciou alguns desses números. O minério de ferro e petróleo subiram e ajudam as empresas ligadas às commodities no Ibovespa”.

Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o mercado não esperava esse resultado mais forte do payroll, mas commodities e bancos ajudam a impulsionar o índice.

“O Ibovespa chegou a sentir [o dado acima do esperado], teve uma movimento de correção e agora voltou a subir por conta de Vale, Petrobras e bancos-banco do Brasil e Itaú-; é interessante olhar o movimento que tivemos no mês passado, tivemos uma sequência de cinco semanas de altas e devemos fechar a primeira semana de dezembro em queda, é natural um movimento de correção por uma visão mais técnica; em relação ao payroll, a remuneração média foi o destaque, o mercado esperava alta em torno de 0,2% na comparação mensal e veio 0,4%, isso define a pressão inflacionária porque uma massa de trabalhadores está tendo uma remuneração média subindo junto, as apostas ainda estão de corte nas taxas em maio e junho, agora deve sinalizar junho; o mercado vai continuar essa gangorra a depender dos dados; semana que vem tem CPI antes da reunião do Fed”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que diferente dos relatórios Jolts e o ADP e até os pedidos de auxílio desemprego que indicavam [desaceleração do mercado de trabalho], o relatório payroll veio mais forte que se pressupunha e o Fed não deve antecipar o corte de juros.

“A taxa de ficou em 3,7% e a expectativa era de estabilidade ficar em 3,9%, o salário médio subiu 0,4% maior que a alta de outubro de 0,2%. A criação de 199 mil postos de trabalho em novembro acelerou, esse avanço já sabíamos devido a volta ao trabalho de vários funcionários do sindicado de Hollywood [atores] e de fabricantes de automóveis. O resultado tem impacto na curva de juros por lá [as treasuries]. E, na semana tem Fomc e fará com que os membros do banco central fiquem atentos para a realidade e não compre a tese de reduzir juros no 1º trimestre de 2024 mantenho a expectativa de que o corte virá, provavelmente, no final do segundo trimestre; não vai subir juros na semana que vem, mas vai manter os juros elevados e não vai antecipar corte no 1º trimestre”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,41%, cotado a R$ 4,9290. A moeda refletiu, ao longo da sessão, certa redução da euforia gerada por um possível início do corte nos juros norte-americanos no mês de março, especialmente após a divulgação do payroll. Na semana, a moeda teve valorização de 1,0%.

Foram criadas, no mês de novembro nos Estados Unidos, 199 mil vagas (projeção de 190 mil), a taxa de desemprego ficou em 3,7% (projeção de 3,9%) e o salário médio por hora, em base anual, teve alta de 4% (expectativa de 4,1%).

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, “estamos vendo uma reação negativa dos mercados por conta dos dados do mercado de trabalho. Os dados mostraram geração de emprego perto da expectativa, mas a taxa de desemprego veio abaixo das expectativas. Está baixa do desemprego mostra que a economia americana continua forte e por isso devemos ter um ajuste nas expectativas do mercado em relação a política monetária. Seguindo os mercados no exterior, estamos vendo a curva de juros abrir e o dólar se valorizar”.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “os resultados de hoje invalidam percepção de que o Fed pode cortar os juros em março, mas também reforça que o Fed não voltará a subir as taxas. Isso combina com o cenário de juros altos por mais tempo”.

Borsoi pontua que tanto o mercado quanto a economia estadunidenses continuam muito fortes, mas que a inflação dá sinais de que não voltará a ganhar pressão.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham majoritariamente em alta, depois dos dados do Payroll, cuja leitura sinaliza juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos.

Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,786% de 11,802% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,345 % de 10,320%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,010%, de 10,047%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,110% de 10,085% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar futuro operava em alta, cotado a R$ 4.9265 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, também registrando leves ganhos semanais, com o S&P 500 renovando sua nova máximas do ano após o relatório de empregos de novembro e os dados da pesquisa de consumidores da Universidade de Michigan indicarem uma economia resiliente e uma inflação em desaceleração.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,36%, 36.247,87 pontos
Nasdaq 100: +0,45%, 14.404 pontos
S&P 500: +0,40%, 4.604,37 pontos

Confira abaixo a variação dos índices na semana:
Dow Jones: +0,01%
Nasdaq 100: +0,69%
S&P 500: +0,21%

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA

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