Acordo entre produtores de petróleo traz alívio para os mercados

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São Paulo – A possibilidade de a Rússia e a Arábia Saudita entrarem em um acordo para equilibrar a produção de petróleo fez a commodity disparar, trazendo maior otimismo e fazendo o Ibovespa fechar em alta de 1,81%, aos 72.253,46 pontos. No entanto, o aumento do número de casos de coronavírus em diversos países segue preocupando e refletindo em indicadores como os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos, que mostraram um novo salto hoje.

“Com a entrada dos Estados Unidos na negociação entre Rússia e Arábia Saudita pode ser que o petróleo volte à estabilidade no curtíssimo prazo e isso está gerando impacto na Bolsa hoje”, disse o CEO da WM Manhattan, Pedro Henrique Rabelo.

Segundo autoridades da Arábia Saudita, o país está disposto a considerar grandes restrições ao suprimento de petróleo desde que outras nações participem do esforço. O reino está buscando uma reunião de emergência da aliança da Opep+ de 23 países e outros produtores e sinalizou uma reversão de sua guerra de preços do petróleo contra a Rússia depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, pediu ajuda para reequilibrar os mercados de petróleo em telefonema de hoje com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman.

A esperança de uma trégua fez os preços do petróleo fecharem em alta de mais de 20%, com o WTI mostrando o maior ganho percentual já registrado. Já as ações da Petrobras, que têm grande peso no Ibovespa, também fecharam com fortes altas, embora tenham chegado a subir ainda mais mais cedo, avançando mais de 15%. Apesar do otimismo com o petróleo, as Bolsas seguem mostrando alguma volatilidade diante do aumento do número de casos. “As notícias que vem por aí não são boas. As próximas duas semanas também ainda devem ser bem nervosas”, disse o analista da Mirae Asset, Pedro Galdi.

O número de infectados pelo novo coronavírus no mundo ultrapassou 1 milhão hoje, segundo dados compilados pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, e agora somam 1.002.159. As mortes por covid-19 totalizam 51.335. O maior número de pessoas infectadas está nos Estados Unidos, com um total de 236.339 casos e 5.648 mil mortes, com 1.397 delas apenas na cidade de Nova York, epicentro da doença no país.

No Brasil, o número de casos saltou para 7.910 e o de mortos para 299, segundo dados do Ministério da Saúde.

Na agenda de amanhã, investidores devem ficar atentos aos dados de empregos nos Estados Unidos, conhecidos como payroll, além de indicadores do setor de serviços no país.

O dólar comercial fechou com ligeira alta de 0,05% no mercado à vista, cotado a R$ 5,2660 para venda, renovando a máxima histórica de fechamento pelo segundo pregão seguido enquanto engatou a quinta alta frente ao real. Em sessão de forte volatilidade, a moeda reagiu aos números dos pedidos de seguro-desemprego dos Estados Unidos, às notícias de um possível acordo sobre a produção de petróleo entre a Arábia Saudita e a Rússia. Na reta final dos negócios, o Banco Central (BC) voltou a atuar no mercado.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, ressalta o “modo gangorra” no qual a moeda norte-americana operou na sessão destacando a abertura dos negócios em queda. “Mas passou a subir logo em seguida em reação a divulgação recorde nos pedidos de seguro-desemprego dos Estados Unidos”, comenta.

Ele acrescenta o alívio no dólar no início da tarde, com a disparada do petróleo – que chegou a subir mais de 30% – reagindo às declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, de que esperava um corte de aproximadamente 15 milhões de barris na oferta da commodity. “A moeda voltou a engatar um viés de recuperação com um movimento ‘flight-to-quality'”, reforça.

Com a moeda renovando máximas históricas intraday acima de R$ 5,28, o BC ofertou dólares no mercado à vista pelo quinto pregão seguido no qual foram aceitos US$ 835,0 milhões, levando o dólar perto da estabilidade.

Amanhã, na agenda de indicadores, tem os resultados dos índices dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da China, da zona do euro e dos Estados Unidos, além do relatório de empregos norte-americano, o payroll, de março.

Para o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, os dados não deverão imprimir a realidade do mercado de trabalho no país exibida nas duas últimas semanas de março com os números recordes dos pedidos do seguro-desemprego, que saltaram para 6,6 milhões até o fim da última semana.

“O payroll não virá tão ruim porque a coleta de dados terminou na primeira semana de março. Ele não vai capturar a piora do mercado de trabalho. Claro, o documento vai trazer mudanças como a taxa de desemprego que deve subir, mas sem a realidade que vimos nos números dos pedidos de auxílio desemprego”, avalia.