Ações da Petrobras sobem mais após aprovação Caio Paes de Andrade à presidência

535
Foto: Divulgação / Petrobras

São Paulo – As ações da Petrobras, que já mostravam forte alta na manhã desta segunda-feira, passaram a subir ainda mais após a aprovação do indicado da União Federal à presidência do conselho e da diretoria executiva da companhia. As demais petrolíferas acompanham. A aprovação de Caio Paes de Andrade, ainda que criticada por parte do mercado e alvo de ações por parte de acionistas minoritários e petroleiros, traz uma definição em relação ao comando da companhia.

Às 14h25 (horário de Brasília) os papéis da companhia (PETR3; PETR4) subiam 7,05% e 6,61%, Petro Rio (PRIO3) tinha alta de mais de 5% e 3R Petroleum (RRRP3) de 6,61%. No fim da sessão, as ações da Petrobras fecharam em alta de 7,19% em PETR3 e de 6,88% em PETR4, 3R Petroleum subiu 6,75% e Petro Rio 5,57%.

O conselho de administração da Petrobras nomeou Caio Mário Paes de Andrade como um de seus membros até a próxima Assembleia Geral de Acionistas e o elegeu para o cargo de presidente da companhia, com mandato até 13 de abril de 2023.

“Caio Mário Paes de Andrade é formado em Comunicação Social pela Universidade Paulista, possui pós-graduação em Administração e Gestão pela Harvard University e mestrado em Administração de Empresas pela Duke University. Em 2019 assumiu a Presidência do SERPRO, principal estatal de Tecnologia de Informação das Américas. Em seguida se tornou Secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, antigo Ministério do Planejamento, onde coordenou a elaboração da Reforma Administrativa e da Plataforma GOV.BR, núcleo central da Transformação Digital do estado brasileiro”, diz o comunicado da Petrobras.

Segundo um analista do mercado, a ação da empresa começou o pregão em alta após a divulgação de relatório favorável à empresa pelo Itaú BBA.

O Itaú BBA divulgou relatório retomando a cobertura da Petrobras com recomendação de compra. “Apesar de sermos sensíveis ao grande fluxo de notícias sobre a empresa, ajustamos nosso lentes para focar nos fortes fundamentos da empresa e no sólido desempenho operacional. Estes, combinados com os atuais altos preços do petróleo e volumes de produção crescentes, provavelmente resultarão na geração de fluxo de caixa forte demais para ser negligenciada, principalmente no curto prazo. Estamos restabelecendo a cobertura da Petrobras com um rating de desempenho superior e um valor justo de YE22 de R$ 43,0/PETR4 (US$ 16,4 PBR/A).”

Os analistas do Itaú disseram que veem a Petrobras negociando em atraente EV/EBITDA com múltiplos de 2,0x para 2022 e 2,1x para 2023, o que implica um aumento de 63% em relação ao seu preço-alvo. “Nós concluímos que o preço atual das ações parece descontado o suficiente para acomodar até mesmo cenários extremos e, a nosso ver, improváveis”, concluíram.

GOVERNANÇA EM BAIXA

A aprovação de Caio Paes de Andrade foi vista como sinal de fraqueza da governança da companhia, segundo a Ativa Investimentos, que diz que o indicado não preenche os dispositivos requeridos para liderar uma companhia do tamanho da Petrobras.

“Ainda que o referido tenha manifestado não haver qualquer intenção do acionista majoritário na promoção da alteração da política de preços e que sua indicação ainda precise ser formalizado pelo conselho de administração da companhia, consideramos que a governança da empresa sai enfraquecida deste processo, uma vez que o indicado não preenche os dispositivos requeridos para liderar uma petrolífera do tamanho da Petrobras”, disse o comentário da Ativa, divulgado antes da aprovação do indicado pelo conselho da Petrobras. “Ainda assim, acreditamos que grande parte do evento já esteja refletido no preço atual da companhia, que acreditamos que não deverá sentir demasiadamente os impactos de sua aprovação pelo Celeg.”

A Petrobras divulgou ata da reunião do comitê, que foi acompanhada pela advogada-geral da empresa, em que detalha o processo de avaliação. Em alguns dos trechos, a estatal argumenta sobre os motivos da aprovação do indicado ao comando da Petrobras.

“Com relação à avaliação do candidato como Presidente da Petrobras, deve-se observar o requisito adicional contido no3º, do artigo 20, do Estatuto Social da Petrobras, bem como em sua Política de Indicação, exigido para Diretores Executivos da Petrobras, incluindo-se aqui o Presidente da Petrobras, relacionado aos 10 (dez) anos de experiência em liderança, preferencialmente, no negócio ou em área correlata”, informa o documento.

“Os membros do COPE/CELEG debateram sobre esse requisito, especialmente no tocante à experiência profissional do indicado vis a vis o disposto no Estatuto Social da Petrobras, tendo o Gerente Executivo de Recursos Humanos esclarecido que o vocábulo preferencialmente não permite uma análise peremptória de que a experiência em liderança apresentada do indicado não seria suficiente para o atendimento desse requisito adicional ao contrário, é flexível e permite a interpretação de que, embora seja desejável que a experiência seja no negócio ou em área correlata, não é mandatório, sendo o critério atendido com a comprovação dos 10 (dez) anos de experiência em liderança”, diz a ata.

Com Camila Brunelli / Agência CMA.