Ações da Petrobras sobem após anúncios em gás e eleição do conselho; veja análises

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Foto: Divulgação/Petrobras

São Paulo – Os investidores reagem positivamente aos anúncios feitos pela Petrobras nesta segunda-feira, apesar de análises negativas do mercado em relação à formação de seu conselho de administração e investimentos na área de gás. Às 13h36 (horário de Brasília), os papéis PETR3 e PETR4 subiam 3% e 3,07%, a R$ 30,84 e R$ 27,53, e estavam entre as maiores altas do Ibovespa (+0,22%).

Ontem, a Petrobras anunciou uma redução média de 8,1% nos preços do metro cúbico (m3) de gás natural para as distribuidoras, válidos a partir de 1 de maio, como parte das atualizações trimestrais dos contratos firmados entre a companhia e as empresas de gás canalizado.

O presidente da companhia, Jean Paul Prates, também afirmou que a venda do controle da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), que opera o Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), será revista junto ao Conselho Administração da empresa a ser eleito na nova gestão. A declaração foi feita ontem, durante o Seminário Gás Brasileiro para a Reindustrialização do Brasil, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A Ativa Investimentos avalia que, segundo as principais consultorias de petróleo do país, havia espaço suficiente para o movimento anunciado de redução de preços no gás. “Ainda assim, acreditamos que a revisão da venda da TBG, apesar de esperada, constitui um ponto negativo para a estratégia da companhia. Tal como diante da manutenção de uma série de ativos no refino e demais mercados (como no próprio mercado de gás) onde havia a expectativa de alienação, acreditamos que a companhia geraria mais valor focando nas suas operações de E&P.”

Em relação à eleição do conselho, a Genial também vê como negativo que, dos onze nomes indicados para o órgão, quatro foram rejeitados, e que o governo federal vai seguir insistindo nos nomes previamente propostos. A Genial tem recomendação de venda da ação preferencial da Petrobras (PETR4).

Governo e cia dizem que não há decisão sobre negociar em reais com a China e outros países

A Petrobras informou, na noite desta segunda-feira (17/4), que consultou o Ministério da Fazenda acerca da existência de alguma decisão, ato ou fato relevante da União Federal referente às notícias veiculadas na mídia sobre declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a empresa pode ser considerada nos termos da declaração conjunta assinada entre Brasil e China, que recomenda que vendas internacionais sejam em reais. A declaração foi dada por Haddad à jornalistas na sexta-feira (14/4), durante sua viagem à China.

A Petrobras esclarece que não há qualquer decisão dos órgãos competentes da companhia sobre o tema e que o Ministério da Fazenda disse à empresa que, não há nenhuma decisão, ato ou fato relevante a ser comunicado em razão da matéria supracitada.

A manifestação foi uma resposta da companhia a uma consulta da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Haddad afirmou que o memorando final assinado entre os dois países orienta que as vendas internacionais sejam feitas na moeda brasileira, o real. Questionado por um jornalista sobre se a medida se estenderá a empresas estatais, como a Petrobras, o ministro essa é a intenção do documento, e que a equipe econômica fará novas análises.

Na viagem à China, na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a realização de comércio nas moedas dos países do Brics, o que dispensaria o dólar norte-americano nas transações entre os integrantes do bloco econômico.

Cia diz que vai conciliar compromissos antigos com novo Planejamento Estratégico

Em outro comunicado sobre notícias veiculadas na mídia, a Petrobras afirmou ontem que, em 2019, assinou com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) dois Termos de Compromisso de Cessação de Prática (TCCs), um relativo a desinvestimentos no mercado de refino, em 11 de junho de 2019 (TCC do Refino), e outro relativo a desinvestimentos no mercado de gás natural, em 8 de julho de 2019 (TCC do Gás).

“No que se refere aos mencionados TCCs, a companhia buscará construir em conjunto com o Cade uma solução para conciliar os compromissos assumidos anteriormente com as novas propostas a serem consideradas no Planejamento Estratégico”, detalhou o comunicado.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse ontem que pretende rever a posição da empresa em relação ao Cade. Segundo ele, a petrolífera vai se defender das acusações de condutas abusivas nos mercados de óleo e gás.

“Nós respeitamos as alegações do Cade, mas temos que nos defender, tanto no caso dos combustíveis, que obrigava a vender refinarias, a nosso ver, indevidamente, sem defesa à altura que o caso merecia, como na questão do gás. Nós vamos argumentar, trabalhar dentro dos canais oficiais normais, trabalhar com o Cade para remediar essa situação”, explicou Prates.

Em 2019, a Petrobras assinou com o Cade um termo de Compromisso de Cessação em que foi estabelecida a venda de oito das 13 refinarias que a empresa tinha, que correspondiam a metade da capacidade de refino da petrolífera. O acordo foi uma proposta para encerrar um investigação do órgão regulador sobre possível prática de abuso de posição dominante pela Petrobras no segmento de refino.

A Petrobras também assinou um acordo semelhante no ramo de gás natural, com o compromisso de se desfazer de ativos, incluindo a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil. No entanto, a empresa ainda mantém controle do gasoduto, e esse é um dos pontos que Prates disse que pretende rever junto ao Cade.

Com Emerson Lopes / Agência CMA.