Ações da Petrobras caem após resultado operacional com investidores à espera de mais dados sobre dividendos

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Foto: Divulgação/Petrobras

São Paulo – A ação da Petrobras tem leve queda nesta manhã de quinta-feira, após a apresentação do resultado de produção e vendas da companhia no quarto trimestre de 2022 e 2022, com analistas à espera de mais definições sobre a alocação de capital. Às 12h00 (de Brasília), os papéis PETR3 e PETR4 operavam em queda de 0,51% e 0,53%, a R$ 29,14 e R$ 25,90, respectivamente. O Ibovespa recua 1,17%. O petróleo operava estável.

O BTG Pactual disse que não viu muitas surpresas nos dados operacionais apresentados ontem à noite pela Petrobras uma vez que eles são adiantados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e aproveitou o evento para chamar atenção sobre suas expectativas em relação ao pagamento de dividendos. Os analistas lembram que a Petrobras apresentará seu balanço financeiro em 1 de março e esperam que os investidores direcionem toda a atenção para as explicações sobre a distribuição de lucros na nova gestão da empresa, que avaliam ainda não ser possível afirmar com certeza que ela ocorrerá, já que o governo recém-eleito e o CEO mostraram uma inclinação para reduzir pagamentos.

“O fato de já ter pago o suficiente para cumprir sua atual política de pagamentos (60% do FCF menos capex) com base nos resultados de 2022 também pode reduzir a vontade da diretoria da empresa de pagar mais. Mas, por enquanto, consideramos que a atual política de dividendos será seguida por outro trimestre e que pagará US$ 5,6 bilhões, rendendo 8% com base no atual valor de mercado”, comentaram os analistas do BTG.

O BTG recomenda que os investidores não tenham uma reação muito positiva se a Petrobras anunciar o pagamento de dividendos no próximo mês mas que veem grandes chances de uma nova fase de crescimento e menores retornos. “Se estivermos certos e o novo pagamento de dividendos for 25-35% de lucros, então as ações da PBR são negociadas com um rendimento de dividendos de 10-14%, o que parece rico com base em sua média recente e em níveis de pares.”

O BTG espera poucas surpresas no resultado do 4T22, com leve queda do ebitda de E&P devido aos preços mais baixos do petróleo (-10% t/t), produção estável e custos de extração de US$ 7,3/bbl. “Sobre em base consolidada, modelamos R$ 160 bilhões de receita líquida (US$ 30 bilhões), R$ 92 bilhões de EBITDA (US$ 17,5 bilhões) e um lucro líquido de R$ 52 bilhões (US$ 10 bilhões). Por fim, esperamos que a alavancagem caia 0,1x t/t, refletindo R$ 42,6 bilhões (US$ 8 bilhões) de pré-dividendos FCFE (mais nas páginas 2 e 3).”

O BTG tem recomendação neutra para as ADRs da Petrobras, com preço-alvo de US$ 13,50.

O Itaú BBA considerou positivas as notícias de ramp-up do FPSO Guanabara, início da produção da P-71 e novos poços na Bacia de Campos, que suportaram a produção no 4T22; no entanto, isso foi parcialmente compensado pelo maior volume de perdas com manutenções e intervenções, o descomissionamento das plataformas de Marlim, desinvestimentos e farm out do campo de Búzios.

As vendas de derivados no 4T22 ficaram estáveis em relação ao trimestre anterior, com maiores vendas de gasolina e querosene de aviação, mas menores vendas de outros produtos petrolíferos. Para a gasolina, o aumento trimestral pode ser atribuído em grande parte à sazonalidade da demanda e maior competitividade do produto, o aumento nas vendas de QAV foi explicado pela recuperação do impacto do COVID-19 no mercado da aviação.

Para os demais derivados, a redução trimestral deveu-se principalmente à sazonalidade da demanda do consumo de diesel e venda de quantidades adicionais de nafta no 3T22, enquanto o diesel S-10 continuou aumentando sua participação nas vendas consolidadas de diesel, chegando a 60,3% das vendas totais de diesel, superando a contribuição recorde de 58,6% no 3T22 e estabelecendo um novo recorde trimestral.

O Itaú BBA tem recomendação neutra para a ação preferencial (PETR4) e ADRs, com preço-alvo de R$ 38, e de US$ 14,5 para as ADRs.

A Ativa Investimentos comenta que tem uma leitura positiva dos resultados de produção e vendas da Petrobras no 4T22, mas que espera uma recepção mais comedida por parte do mercado, que deve seguir mirando os próximos passos da empresa.

A Ativa destaca que, em 2022, a Petrobras atingiu a sua meta de produção de petróleo, tenho alcançado um número 2.6% superior ao seu centro. No ano, a produção oriunda do pré-sal atingiu 73%. No 4T22, a produção diária foi de 2,6 MMb no 4T22, sendo 75% desta produção oriunda do pré-sal.

“Com maiores vendas de Gasolina e QAV, as vendas do setor de refino ficaram apenas levemente inferiores às do 3T22. Com a parada programada na REPAR e a venda da REMAN, houve leve queda na produção frente ao 3T22. Em 2022, a produção caiu 6% e as vendas apenas 3%, mesmo levando em consideração a venda da RLAM, responsável por 13% da capacidade de refino da empresa ainda em 2021.”

A corretora também ressalta que neste 4T22, a geração de energia elétrica evoluiu 41% em base trimestral em função do retorno à operação da UTE Termorio em outubro de 2022. Já a oferta de gás natural, as vendas de gás natural e o consumo interno se mantiveram próximas às registradas no 3T22.

A Genial Investimentos aponta que a produção diária de 2,684 mi bped entre óleo e gás no 4T22 ficou no limite superior da banda de oscilação da meta, que era de 2,6 mi bped e que o resultado foi possivel devido entrada operacional de FPSOs como a de Guanabara e Itapu somados ao aumento da produção de outras plataformas, como P-68, Carioca e Guanabara (todas localizadas na Bacia de Santos).

“Chama a atenção a importância do pré-sal no que diz respeito ao percentual da produção da empresa, representando 75% do total produzido pela empresa. Com campos com alta produtividade, a alta diluição de custos ajudou em muito os resultados da empresa”, comentam os analistas da Genial, que tem recomendação neutra para o papel preferencial PETR4, com preço-alvo de R$ 26.