Ação da MRV despenca após resultado operacional fraco e forte queima de caixa

451
Foto divulgação: MRV

São Paulo – A ação da MRV é a principal queda do Ibovespa nesta manhã após a divulgação de resultados operacionais do terceiro trimestre deste ano, apresentados na sexta-feira após o fechamento do mercado, considerados fracos por analistas na sexta-feira. Às 12h15 (horário de Brasília), o papel MRVE caía 10,65%, a R$ 9,39.

O BTG Pactual disse que esperava uma reação negativa do mercado às ações após resultados do terceiro trimestre, que foram fracos devido à queda nas vendas no Brasil e à grande queima de caixa da Resia. A queima de caixa de R$ 1,23 bilhão no intervalo, principalmente em Resia (R$ 969 milhões) e de R$ 143 milhões no programa Casa Verde Amarela e nas operações da Sensia, de R$ 68 milhões na Urba e R$ 43 milhões na Luggo.

Eles avaliam que os investidores podem temer um grande aumento endividamento, mas manteve a recomendação de compra na ação da MRV. Na visão do BTG, o cenário para o programa Casa Verde Amarela também melhorou muito recentemente, com mais subsídios injetados no programa. “Mantemos assim nossa classificação de compra na ação (1,0x P/TBV) e avaliamos uma oportunidade de compra caso a ação apresente um desempenho inferior devido à queima de caixa.”

Na visão do BTG, a Resia oferece grande valor aos acionistas, mas isso não está precificado na ação. “A maioria dos investidores está preocupada com sua alavancagem, mas não levam em conta o crescimento ou a avaliação de projetos internos, tornando-se quase um opção gratuita que pode valer muito”, opinam.

À medida que a empresa continua a aumentar os preços de venda e com os custos de material de construção mais controlados agora, eles esperam que as margens em novos projetos cresçam e melhorem a geração de caixa nos próximos trimestres.

A XP também manteve a recomendação de compra da ação da MRV mesmo após considerar os dados operacionais fracos, que vieram conforme o esperado pela corretora, que viu o impacto de uma significativa queima de caixa nas operações no Brasil e nos EUA, seguido por lançamentos moderados e desempenho fraco de vendas líquidas, com o objetivo de focar em rentabilidade acima de volume.

Do lado positivo, a empresa manteve a tendência de alta do preço médio por unidade vendida nas operações brasileiras (+15,4% A/A), em linha com a estratégia da empresa de recuperação de margens.”Dito isso, mantemos nossa recomendação de compra para MRVE3 com preço-alvo de R$ 17,00/ação, com base no sólido momento de mercado e no cenário competitivo positivo para as construtoras de baixa renda”, comentou a XP, em relatório.

A Guide Investimentos também avaliou os números negativamente e esperava uma reação negativa do mercado, mesmo considerando a performance fraca (e abaixo da média do setor) nas últimas semanas.

“Os lançamentos da MRV totalizaram R$ 1,805 bilhão (-14% A/A), negativamente impactado pelas operações nos EUA (Resia) que não tiveram lançamentos no trimestre, assim como a Luggo, braço voltado para projetos de aluguel. As vendas caíram para R$ 1,464 bilhão (-27% A/A), também negativamente impactada pela falta de vendas na Resia e Luggo. No segmento de baixa renda (projetos financiados com recursos do FGTS, segmento mais representativo e tradicional da MRV), os números também foram fracos: os lançamentos ficaram estáveis em R$ 1,542 bilhão e as vendas cresceram apenas 6% A/A. Já na Sensia, segmento voltado para imóveis de renda média (famílias com 5 a 11 SM de renda mensal), os números também foram bastante fracos: os lançamentos aumentaram mais de 100% A/A para R$ 218 milhões, mas as vendas caíram para apenas R$ 37 milhões (-5% A/A)”, comentou o analista da Guide.

Do lado positivo, a MRV reportou aumento no preço médio dos imóveis vendidos e também redução nos distratos (cancelamentos de contratos de compra de imóveis), ponderou a Guide.