Ação da IRB Brasil desaba e vai a leilões após follow-on com o dobro da oferta inicial; veja análises

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Foto divulgação: IRB Brasil Resseguros

São Paulo – A ação ordinária da IRB Brasil passou por vários leilões depois de ter recuado mais de 23%, a R$ 1,08, durante o pregão desta sexta-feira. O papel IRBR3 fechou novamente na ponta negativa do Ibovespa, com perda de 12,85%, a R$ 1,22, enquanto o índice subiu 0,41%, aos 110.864 pontos.

O leilão de ações é um mecanismo automático da bolsa de valores para evitar que os preços continuem oscilando muito, com muitas ofertas de compra ou vendas ao mesmo tempo. Dessa forma, o leilão pode ser visto como um mecanismo estabilizador de preços dos ativos.

O ativo passa por ajuste, após a precificação no âmbito da oferta restrita subsequente (follow-on) da companhia, ao preço por ação de R$ 1, que representou um desconto de 50% em relação ao preço da ação quando a operação foi anunciada, em 25 de agosto, e um desconto de 28,5% em relação ao fechamento de ontem. A ação encerrou o pregão desta quinta-feira a R$ 1,40, quando despencou 15%.

A Guide Investimentos disse que o impacto da oferta é negativo para a companhia, pois o número de ações emitidas (1,2 bilhão de papéis) significa um lote adicional de mais de 100% da oferta inicial de 598 milhões de ações, consumindo metade do limite do lote adicional, que era de até 200% do tamanho da oferta inicial.

“Visto o preço por ação no mercado de R$1,40, a entrada dessas novas ações a R$1 pode significar um volume relevante de venda a mercado, gerando uma sobrevenda, ou até mesmo uma tendência negativa dos preços de mercado a se adequar ao preço das novas ações antes da sua efetiva liquidação para os investidores, que será entre os dias 05/09 (para oferta prioritária) e 06/09. Com o valor, a companhia conseguirá se adequar das exigências de capital e provisão pelo regulador, porém com uma margem pequena para novos investimentos”, escreveu o analista Rodrigo Crespi, da Guide.

Antes da abertura do mercado, o analista Filipe Villegas, da Genial Investimentos, disse que esperava uma correção da ação da IRB em relação ao fechamento de ontem, já que apresentou forte queda no pregão de ontem.

O Banco Inter cortou o preço-alvo da ação para R$ 1,20 (de R$ 2,00 antes), pois avalia que a nova emissão impacta a sua avaliação para o papel pelo aumento do total de ações da companhia. A recomendação foi mantida em neutra.

O Inter avalia que a nova precificação trouxe um efeito neutro, basicamente no meio do potencial de preços da oferta, onde o preço indicativo era de R$ 2,01 (melhor cenário para o IRB) com um limite de sair a R$ 0,67 (pior cenário para o IRB).

A análise também avalia como positivos para a gestão do seu capital os recentes anúncios da venda do imóvel onde está localizada a sede da companhia no Rio de Janeiro, e o acordo judicial com a Casashopping, que somados, trazem um reforço de R$ 1,4 bilhão ao capital da IRB, que atende aos requisitos regulatórios e traz um conforto para apoiar seu crescimento.

“Ainda assim, não vemos tanta gordura na solvência, que se considerarmos o CMR do 2T22 e o PLA do 2T22 acrescidos deste montante adicional teríamos cerca de 146% de solvência, que não permite uma sequência de prejuízos nos próximos resultados, como vimos ao longo dos últimos trimestres”, escreveram os analistas do Inter, em relatório divulgado nesta sexta-feira.

SOBRE A OFERTA

A IRB Brasil informou ontem que foi precificado a oferta pública primária de 1,2 bilhão de novas ações. O preço por ação ficou em R$ 1, e o efetivo aumento do capital, dentro do limite autorizado, no montante total de R$ 1,2 bilhão.

Em razão do aumento do capital social da companhia no âmbito da Oferta Restrita, o novo capital social passou a ser de R$ 5,4 bilhões, dividido em 2.467.890.331 ações ordinárias e 1 ação preferencial de classe especial de titularidade da União (golden share), todas nominativas, escriturais e sem valor nominal.

O comunicado diz que a companhia pretende utilizar os recursos líquidos provenientes da oferta restrita prioritariamente para regularização dos indicadores regulatórios estabelecidos pela SUSEP. Após a referida regularização, caso haja recursos excedentes, a companhia pretende alocá-los para fins corporativos gerais.