Ação da BRF tem forte queda após balanço do segundo trimestre; veja análises

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Foto Divulgação/BRF

São Paulo – A ação da BR despencou após a apresentação dos resultados do segundo trimestre da companhia. O papel fechou com baixa de 12,52% e foi a principal queda do Ibovespa (-0,28%) nesta quinta-feira.

A Ativa Investimentos disse que a BRF reportou resultado levemente abaixo das suas estimativas, mas que a companhia foi capaz de expandir a receita, que cresceu 11% em base anual, com aumento de volumes e de preço médio dos produtos vendidos, com destaque para o desempenho positivo das exportações de frango, com boa evolução de volumes e preços na operação halal.

Além disso, houve melhora nas margens na visão trimestral, o que consideramos positivo. Contudo, os preços dos grãos, a inflação global e fraco desempenho no mercado doméstico continuam a pressionar as margens da companhia.

“Assim, o EBITDA caiu 30% YoY, e a margem EBITDA atingiu 6,9%, queda de 4,1pp frente o ano anterior. Com isso, a empresa registrou prejuízo de R$468 milhões, resultado aquém das nossas estimativas”, comentaram os analistas da Ativa.

O Itaú BBA disse que a operação brasileira reportou um EBITDA ajustado de R$ 398 milhões, abaixo de sua estimativa de R$ 452 milhões, em recuperação de volume mais fraca do que o esperado, mas os analistas avaliam que a empresa parece estar no caminho certo para entregar uma recuperação sequencial de lucratividade após o aumento de velocidade no 1T22.

Na visão do BBA, os destaques positivos foram os resultados operacionais para os Mercados Internacionais, com resultados positivos em Halal e nas exportações diretas mais do que compensando os resultados ainda fracos na Ásia. Halal parece estar se beneficiando da demanda sólida e das restrições globais de oferta de aves.

“Outros ponto alto foi a impressionante reviravolta após os resultados reportados do 1T22, mas há mais espaço antes de atingir níveis de rentabilidade normalizados. As exportações brasileiras de frango são apoiando os números consolidados da BRF neste momento”, comentaram os analistas do Itaú BBA, que têm recomendação neutra para o papel.

O BTG também se manteve neutro para BRF citando que a divisão internacional registrou margem EBITDA de 14,2% (R$ 868 milhões), enquanto o Brasil apresentou margem EBITDA de 6,1% (R$ 398 milhões) e avalia que, enquanto o primeiro poderia ficar tão alto no curto prazo, o último provavelmente tem espaço para dobrar após ajustes na produção e no estoque – o que pode acontecer já no terceiro trimestre.

“Nós não ficaríamos surpresos se a BRF imprimir outro aumento significativo de EBITDA em base trimestral (+R$300-400 milhões) no próximo trimestre. Com consenso ainda em um EBITDA de R$ 6 bilhões no próximo ano (R$ 1,5 bilhão/trimestre), acreditamos que o mercado atualizará as estimativas drasticamente. A BRF continua sendo uma aposta convincente de curto prazo baseada em impulso de ganhos”, escreveram os analistas do BTG.

CIA PROJETA BONS VOLUMES NO MERCADO INTERNACIONAL

A BRF projeta um cenário de bons volumes de negócios no mercado internacional no segundo semestre deste ano. Em teleconferência de resultados relativos ao segundo trimestre de 2022, o CEO da BRF, Lorival Luz, disse a inauguração da fábrica de Damman, na Arábia Saudita, deverá contribuir para que a companhia mantenha a liderança em vendas no mercado Halal, a partir do aumento da capacidade produtiva de itens de maior valor agregado.

Outros fatores positivos, segundo Luz, são a retomada da exportação de produtos processados da fábrica de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, para a Arábia Saudita, e a realização da Copa do Mundo no Catar, que devem contribuir para a retomada do consumo e a expansão da economia local.

Luz ressalta que há uma tendência de continuidade de aumento nos valores pagos pelas exportações brasileiras de carne de frango, em especial por parte do Japão, que vem sinalizando uma redução em seu quadro de estoques. “Os preços pagos pela carne suína brasileira também estão reagindo. Há, de igual modo, uma recomposição dos valores pagos pelo suíno na China, que estão voltando aos patamares registrados antes do surto de peste suína africana”, afirma.

Ainda sob o aspecto internacional, o CEO detalha ainda que, apesar de ter havido uma retomada nas exportações de grãos por parte da Ucrânia. “Há também a questão da gripe aviária, que segue impactando a Europa e os Estados Unidos, bem como um cenário indicando um quadro de menor disponibilidade de ovos para fecundação, o que não se observa apenas no Brasil, mas em todo o mundo”, conclui.

MARGEM OPERACIONAL

Em teleconferência de resultados relativos ao segundo trimestre de 2022, o CEO da BRF, Lorival Luz, enfatizou que a empresa obteve um cenário de melhora da rentabilidade no período, a partir de um consumo mais favorável no Brasil, mesmo em um cenário de incertezas sob o ponto de vista macroeconômico.

De acordo com Luz, a cadeia produtiva no Brasil se mostrou equilibrada e os estoques estiveram em patamares adequados no segundo trimestre do ano, o que contribuiu para melhorar a execução comercial e otimizar o mix de produtos e os canais de venda.

Luz destaca que o cenário de custos no mercado interno seguiu pressionado no segundo trimestre deste ano, puxado pela alta nos preços da soja, milho, óleo de soja, diesel e embalagens plásticas, embora a perspectiva seja de um cenário melhor no restante do ano, com as novas medidas de estímulo à economia propostas pelo governo e a redução no preço do diesel. Tais fatores devem contribuir para um melhor cenário para a companhia, assim como os sinais de recuperação nos preços do frango e da carne suína, disse.

Com informações da Agência SAFRAS.