MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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São Paulo – A Bolsa segue em campo negativo em “ressaca”, após a forte alta da véspera e com os investidores temerosos em relação à inflação. O mercado também reage aos dados de arrecadação de julho divulgado pela Receita Federal. Os papéis de peso no índice, como setor financeiro, Vale e Petrobras, também pressionam o Ibovespa.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,46%, aos 119.646,04 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 11,9 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2021 apresentava recuo de 0,76%, aos 120.320 pontos.

Para Rodrigo Natali, diretor de estratégia da Inversa Publicações, o mercado externo menos favorável que na véspera e as pressões internas levam à queda da Bolsa. “Ontem o mercado se empolgou um pouco demais e hoje está colocando o pé no chão de novo, está com ressaca”.

Natali comentou que a arrecadação poderia ser considerada positiva, mas “não é porque é puramente inflação e o Guedes [ministro da Economia] e o Banco Central dizem todo o tempo que a arrecadação virá boa e devemos ficar tranquilos, mas em nenhum momento referem-se ao PIB e aos serviços”, desabafou.

A arrecadação do governo federal somou R$ 171,3 bilhões em julho, um aumento de 35,4% em relação ao mesmo período do ano passado e alta de 24,9% ante junho deste ano.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) aumentou 0,89% em agosto, após alta de 0,72% em julho e resultado ficou acima da mediana das expectativas dos analistas, de +0,82%, conforme o Termômetro CMA. A taxa foi a maior desde 2002.

Na segunda-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que não considerava que a inflação estivesse fora do controle e admitiu que o índice entre 7% e 8% está “dentro do jogo”.

O analista Jose Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, disse que a Petrobras está colocando no mercado R$ 21 bilhões de dividendos a seus milhares de acionistas. “Provavelmente os acionistas vão reinvestir parte desse valor na Petrobras pra poder pegar o dividendo de 81 centavos”, frisou.

Para Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos, o clima é mais ameno por aqui marcado pela reunião do presidente da Câmara com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. O presidente do STF afirmou que fará um movimento de conciliação ou participação de reuniões após a aprovação da PEC dos precatórios.

“No curto prazo é difícil traçar o destino da Bolsa por conta da variável política e isso acaba trazendo muita volatilidade, mas acredita que hoje Bolsa possa ter um dia novamente de recuperação devido ao tom mais ameno e de reconciliação”. Já no longo prazo, as oportunidades sempre aparecem, ressaltou Villegas.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que visa ampliar o Bolsa Família sem romper o teto de gastos. “O novo tom do presidente vai ao encontro com as expectativas do mercado”, afirmou a economista da CM Capital.

O estrategista da Genial Investimento disse o mercado entrando em compasso de espera aguardando sinalizações que podem vir do evento de Jackson Hole com a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) “enquanto isso, o mercado externo monitora o processo de acomodação do crescimento econômico que vem assustando o investidor em relação à China e se espalha por Europa e Estados Unidos”.

O dólar segue operando estável nesta manhã. Isso se deve às tentativas do governo em garantir o cumprimento da meta fiscal, além das expectativas para o simpósio anual de Jackson Hole, que ocorre nesta sexta, onde o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, pode dar indícios sobre os próximos passos da política monetária.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,36%, sendo negociado a R$ 5,2420 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em setembro de 2021 apresentava recuo de 0,20%, cotado a R$ 5,246.

Para o analista de investimentos da Toro, Lucas Carvalho, “as declarações pacificadoras de Arthur Lira (presidente da Câmara dos Deputados) dizendo que irá cumprir o teto fiscal, acalma o mercado”.

“O temor com a inflação é cada vez mais crescente, com a expectativa que na próxima reunião (do Comitê de Política Monetária – Copom) o aumento de juros seja de, ao menos, 1 p.p. É importante ancorar as expectativas de inflação futura”, analisa Carvalho.

Já no exterior, os olhos estão voltados para o simpósio anual do Fed, que ocorre nesta sexta, 27: “Existe uma expectativa para a fala de Jerome Powell, se os Estados Unidos irão começar a retirar os incentivos à economia”, pontua Carvalho.

Segundo o head de renda variável da Levante, Flávio Conde, “o risco fiscal continua sendo monitorado com foco em qual será o financiamento do novo Bolsa Família. Há rumores de que o governo federal pode tirar o subsídio de alguns setores, para bancar este gasto extra”.

“Caso o governo consiga encontrar uma maneira de não estourar o teto, o mercado irá comemorar e o dólar pode voltar a R$ 5,20”, pontua Conde.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam mistas com os investidores repercutindo os dados mais salgados que o esperado do Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), prévia da inflação oficial no Brasil, em agosto. O movimento é mais intenso nos vértices mais curtos, que reagem às pressões de curto prazo sobre a taxa Selic.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,735%, de 6,69% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,520%, de 8,415%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,59%, de 9,56% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 9,96%, de 9,98%, na mesma comparação.