Vendas no varejo têm ligeira queda em novembro e interrompe sequência de altas

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Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

São Paulo – As vendas do comércio varejista restrito, que excluem veículos e material de construção, ficaram praticamente estáveis em novembro ao exibir ligeira queda de 0,1% em relação a outubro, interrompendo seis meses seguidos de alta, quando acumulou ganhos de 32,2%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado contrariou a previsão de alta de 0,60%, conforme mediana calculada pelo Termômetro CMA.

Já na comparação com novembro de 2019, as vendas no varejo registraram o sexto resultado positivo consecutivo, crescendo +3,4%, mas perdendo ritmo em relação ao resultado de outubro, quando avançou 8,4%. Com isso, o resultado também ficou abaixo da previsão, de +4,4%. Até novembro, as vendas do varejo restrito acumulam altas de 1,2% em 2020 e de 1,3% nos últimos 12 meses.

Em relação ao comércio varejista ampliado, que incluem veículos e material de construção, as vendas engataram o sétimo mês seguido de alta, ao crescer 0,6% em novembro ante outubro, segundo o IBGE. Na comparação com novembro de 2019, as vendas do varejo ampliado registraram o sexto resultado positivo consecutivo, de +4,1%. Com isso, o comércio varejista ampliado acumula quedas de 1,9% em 2020 e de -1,3% nos últimos 12 meses, até novembro.

Em base mensal, cinco das oito atividades pesquisadas do comércio restrito registraram alta da atividade, com destaque para livros, jornais, revistas e papelaria (+5,6%), seguido de tecidos, vestuário e calçados (+3,6%) e equipamentos e material de escritório, informática e comunicação (+3,0%).

Na outra ponta, o destaque ficou para o recuo de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,2%). Considerando o varejo ampliado, as vendas no segmento de material de construção recuaram 0,8%, enquanto no segmento de veículos, motos, partes e peças avançaram 3,5%.

Segundo o gerente da pesquisa do IBGE, Cristiano Santos, a queda nas vendas de alimentos e bebidas, que têm peso de cerca de 45% no indicador, reflete a inflação. “Se olharmos, por exemplo, para a receita das empresas dessa área [hipermercados], houve um declínio de 0,8%. E a diferença entre a receita e o volume de vendas demonstra um aumento de custos. Mas, além disso, é comum que o consumidor, quando tem uma queda de renda ou do seu poder de compra, passe a comprar menos produtos que não são essenciais e a optar por marcas mais baratas”, avalia.

Já na comparação com um ano antes, cinco das oito atividades exibiram recuo nas vendas puxadas por livros, jornais, revistas e papelaria (-15,3%), equipamentos e material de escritório, informática e comunicação (-9,9%), enquanto hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo exibiram queda de 1,7%.

Em contrapartida, móveis e eletrodomésticos avançaram 17,8% e outros artigos de uso pessoal e doméstico tiveram alta de 16,2% ante novembro de 2019. No varejo ampliado, a atividade ligada aos automóveis registrou a primeira alta em oito meses, de 0,8%, enquanto o segmento ligado à reformas e construção cresceram 17,0%.

Santos, gerente da pesquisa, destaca a influência da “black friday” no resultado do mês no qual impactou, principalmente, as atividades de outros artigos de uso pessoal, móveis e eletrodomésticos, além de equipamentos de escritório, informática e comunicação.

“Nesse novembro, essas duas primeiras atividades tiveram um desempenho bem superior ao do ano anterior, ao contrário dos equipamentos de escritório e informática, que ficaram abaixo do mesmo período de 2019. Esses resultados também refletem o fato de as pessoas estarem ficando mais em casa”, comenta.