Vendas no varejo desabam em dezembro, mas fecham 2020 em alta

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São Paulo – As vendas do comércio varejista restrito, que excluem veículos e material de construção, tiveram forte queda de 6,1% em dezembro em relação a novembro, engatando o segundo mês de queda e no recuo mais intenso para o mês da série histórica, iniciada em 2000, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado contrariou a previsão de queda de 0,70%, conforme mediana calculada pelo Termômetro CMA.

Na comparação com dezembro de 2019, as vendas no varejo registraram o sexto resultado positivo consecutivo, crescendo +1,2%, com o resultado também bem abaixo da previsão, de +5,5%. O indicador recuou 1,8% no quarto trimestre, enquanto as vendas do varejo restrito fecharam 2020 com crescimento de 1,2%, no quarto ano seguido de alta.

Em base mensal, todas as oito atividades pesquisadas do comércio restrito registraram queda da atividade, com destaque para outros artigos de uso pessoal e doméstico (-13,8%); tecidos, vestuário e calçados (-13,3%), que apagou a alta de 3,6% no mês anterior; equipamentos e material de escritório, informática e comunicação (-6,8%) e móveis e eletrodomésticos (-3,7%).

Segundo o gerente da pesquisa do IBGE, Cristiano Santos, a forte queda em dezembro é um “reposicionamento natural”, já que o patamar estava muito alto com os resultados de outubro e novembro. Ele acrescenta que outro fator de influência é a inflação dos alimentos, já que o comércio em hiper e supermercados têm um peso maior para o indicador, quase a metade do resultado total.

“O que acontece nos mercados influencia bastante a pesquisa. E, por conta dos resultados recentes do IPCA [Indice de Preços ao Consumidor Amplo, indicador que mede a inflação oficial do país], o volume de vendas acabou sendo afetado”, avalia.

Já na comparação com um ano antes, quatro das oito atividades registraram taxas positivas puxadas por artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+13,8%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (+3,5%), apagando a queda de 1,7% no período anterior, e móveis e eletrodomésticos (+2,9%). Na outra ponta, livros, jornais, revistas e papelaria desabaram 37,4%.

Apesar de engatar a quarta alta anual seguida, foi o crescimento menos intenso desde 2017, calibrando a queda de 3,2% nas vendas no primeiro semestre e alta de 5,1% nos últimos seis meses do ano, puxada pelo setor de móveis e eletrodomésticos (+20,7%).