Vendas no varejo caem em janeiro e engatam terceira queda, diz IBGE

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São Paulo – As vendas do comércio varejista restrito, que excluem veículos e material de construção, tiveram leve queda de 0,2% em janeiro em relação a dezembro, engatando o terceiro mês de resultado negativo, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado contrariou a previsão de ligeira alta de 0,1%, conforme mediana calculada pelo Termômetro CMA.

Já na comparação com janeiro de 2020, as vendas no varejo recuaram 0,3%, interrompendo uma sequência de sete altas seguidas no mesmo confronto. O resultado também contrariou a previsão e ficou abaixo do esperado, de +0,7%. Até janeiro, as vendas do varejo restrito acumulam alta de 1,0% nos últimos 12 meses.

Em relação ao comércio varejista ampliado, que incluem veículos e material de construção, as vendas engataram o segundo mês seguido de queda, ao recuar 2,1% em janeiro ante dezembro, segundo o IBGE. Na comparação com janeiro do ano passado, as vendas do varejo ampliado registraram o primeiro resultado negativo após seis meses de alta, -2,9%. Com isso, o comércio varejista ampliado acumula queda de 1,9% nos últimos 12 meses, até janeiro.

Em base mensal, cinco das oito atividades pesquisadas do comércio restrito registraram queda da atividade, com destaque para livros, jornais, revistas e papelaria que derreteram 26,5%, seguido de tecidos, vestuário e calçados (-8,2%), móveis e eletrodomésticos (-5,9%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,6%), o setor de maior peso no varejo.

Na outra ponta, o destaque ficou para outros artigos de uso pessoal e doméstico (+8,3%). Considerando o varejo ampliado, as vendas no segmento de veículos, motos, partes e peças tiveram perdas de 3,6%, enquanto no segmento de material de construção tiveram variação positiva de 0,3%.

Segundo o gerente da pesquisa do IBGE, Cristiano Santos, com a redução do aporte de recursos do auxílio emergencial, a partir de outubro, a capacidade de consumo das famílias diminuiu, com impacto direto no comércio e levando o indicador à terceira taxa negativa seguida.

Em relação ao varejo ampliado, ele acrescenta que janeiro foi um mês de “repique” da pandemia de covid-19, com restrições de funcionamento de estabelecimentos comerciais em alguns estados. “Refletiram de maneira mais forte no setor de veículos, o de segundo maior peso no comércio, e que já vinha de uma queda em dezembro”, comenta.

Já na comparação com um ano antes, cinco das oito atividades também exibiram recuo nas vendas puxadas por tecidos, vestuário e calçados, que desabaram 21,1%; livros, jornais, revistas e papelaria tiveram a queda mais intensa desde abril do ano passado (-53,1%); equipamentos e material de escritório, informática e comunicação (-12,9%), e combustíveis e lubrificantes (-8,2%). Enquanto hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo exibiram alta de 1,4%.

No varejo ampliado, a atividade ligada aos automóveis teve forte queda 15,3% na mesma base de comparação, após dois meses seguidos de taxa positiva. Já o segmento ligado à reformas e construção cresceu 12,3%, no oitavo mês seguido de alta.

Em âmbito regional, as vendas recuaram em 23 das 27 unidades da Federação na comparação mensal. O gerente da pesquisa ressalta que o menor resultado veio do Amazonas, onde as vendas despencaram 29,7%, mais que o triplo de outros estados, na comparação com dezembro. “Com o agravamento da pandemia em janeiro no estado, foi decretado um lockdown, que fechou todo o comércio novamente, assim como aconteceu em março de 2020. Isso fez os indicadores do comércio do Amazonas caírem bastante no período”, explica.