Venda de ativos da Petrobras pode demorar mais que o esperado e preocupa BTG

532

São Paulo – O BTG Pactual disse que o processo de venda de ativos da Petrobras pode demorar mais que o esperado e poderá enfrentar uma crescente atenção política e pública caso não seja concluído nos próximos seis meses com a proximidade das eleições, em relatório após um encontro com o presidente da estatal.

Segundo os analistas do banco, Silva e Luna reiterou a manutenção do plano estratégico pelos próximos cinco anos, inclusive, a venda de refinarias, pontuando que o ritmo poderia decepcionar por depender de outras partes e de procedimentos legais e regulamentares.

O banco acredita que, dada a forte geração de fluxo de caixa livre e o rápido processo de desalavancagem visto nos últimos trimestres, a empresa poderia, em breve, ultrapassar o limite da dívida bruta (<US$ 60 bilhões) para desbloquear maior pagamento de dividendos.

“Estimamos que a política de dividendo atual possa gerar um rendimento de dividendos substancial, superior a 15% no primeiro ano, o que foi reiterado pela atual gestão como uma política sustentável no futuro”, disseram os analistas.

A análise também mostrou preocupação com a política de preços da atual gestão que disse que continua a perseguir uma “lógica de mercado coerente”, reiterando a paridade de importação ao mesmo tempo em que equilibra a utilização da capacidade de suas refinarias e justifica a recente estabilidade de preços pela combinação do Brent e FX estáveis.

“Nossa sensação é que, embora a Petrobras não esteja destruindo valor com sua política de preços atual, algum dinheiro está sendo deixado sobre a mesa. Os dados operacionais divulgados recentemente também reforçaram a impressão de que a janela de oportunidade de importação não está totalmente normalizada, sustentada pelo ganho de participação da empresa nas vendas internas, bem como pela redução das exportações.”

Embora os preços atuais do petróleo e derivados claramente representem uma boa contribuição para as margens da companhia, a capacidade de conciliar a necessidade de uma política de preços coerente com pressões políticas em meio a um preço do petróleo persistentemente forte continua sendo fundamental para avaliar a empresa como um ativo de baixo risco e baixo retorno para a commodity.

Com isso, o banco reiterou a classificação neutra para os papéis da empresa, que recuavam 0,50% e 1,16%, a R$ 27,82 (PETR3) e R$ 27,16 (PETR4), às 15h30 (horário de Brasília).