União Europeia abre investigação sobre acordo entre Embraer e Boeing

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Por Gustavo Nicoletta

São Paulo – A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), abriu uma investigação aprofundada a respeito do acordo da Embraer com a Boeing no qual a companhia norte-americana ficará com 80% da área de aviação comercial da estatal brasileira.

Em comunicado, a Comissão disse ter receios de que o acordo entre as duas companhias possa reduzir a concorrência no setor aeronaves comerciais. Nem a Boeing nem a Embraer quiseram se comprometer com potenciais soluções para os apontamentos feitos pela União Europeia, que agora terá até 20 de fevereiro para chegar a uma conclusão sobre o acordo entre as duas empresas.

A Comissão Europeia acredita que, com a operação, a Embraer perderá o posto de terceira maior fabricante global na indústria de aviação comercial e considera que potenciais competidores vindos da China, do Japão e da Rússia enfrentariam “barreiras elevadas” para entrar no mercado e se expandirem, sendo incapazes de reproduzir num período de cinco a dez anos o efeito concorrencial proporcionado pela Embraer atualmente.

Segundo os europeus, no segmento de aeronaves pequenas com corredor único (100 a 150 assentos) a Boeing e a Embraer possuem produtos que visam, até certo ponto, atender a mesma demanda e os mesmos clientes.

“Embora enfrentem concorrência importante da Airbus, Boeing e Embraer também parecem competir em relação a preços e outros parâmetros em importantes campanhas de compra de aeronaves em todo o mundo e na área econômica europeia”, disse a Comissão.

Em relação ao mercado de aviões de corredor único em geral (100 a 225 assentos), a Embraer vem expandindo a base de clientes e as capacidades técnicas e comerciais para trazer novos modelos ao mercado e, apesar de sua participação de mercado ser relativamente pequena, a empresa exerce limites de preço sobre os líderes do mercado – Boeing e Airbus – mesmo além do segmento de 100 a 150 assentos, afirmaram os europeus.

“O acordo pode, portanto, eliminar uma pequena, mas importante, força competitiva”, acrescentaram.