Trump pode atrasar processo, mas Biden será oficializado em 14 de dezembro

912

São Paulo – O democrata Joe Biden foi declarado no final de semana o vencedor das eleições presidenciais dos Estados Unidos deste ano pela imprensa norte-americana, que tradicionalmente faz a contagem dos votos, mas sua vitória só será oficializada no dia 14 de dezembro, quando os membros do Colégio Eleitoral vão oficializar a escolha para o próximo chefe da Casa Branca e de seu vice.

Antes disso, 8 de dezembro é outra data importante: é o prazo limite para os estados norte-americanos nomearem seus eleitores do Colégio Eleitoral, que são quem, de fato, votam para presidente e vice.

Este ano, no entanto, esse prazo pode ser ameaçado pelas tentativas já em curso do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de contestar judicialmente os resultados da corrida ou pedir recontagens de votos.

Se tudo for resolvido sem atrasos, antes do dia 14 de dezembro, os estados devem finalizar suas apurações. A partir daí, os governadores preparam documentos conhecidos como Certificados de Averiguação dos votos, com os nomes dos candidatos eleitos e o número de votos populares que receberam, bem como o nome dos candidatos derrotados.

No dia 14 de dezembro, os membros do Colégio Eleitoral oficializarão seus votos para presidente e vice; esses votos são contabilizados, certificados e assinados.

Em 6 de janeiro de 2021, uma sessão do Congresso faz a contagem dos votos e declara oficialmente os resultados eleitorais. A posse do vencedor está agendada para 20 de janeiro.

O QUE É O COLÉGIO ELEITORAL?

Quando os norte-americanos vão às urnas nas eleições presidenciais, estão, na verdade, determinando para qual candidato vai o número de delegados de um determinado estado e que representará a decisão daquela região no Colégio Eleitoral.

Na prática, funciona assim: se os norte-americanos da Flórida votaram, em sua maioria, em Donald Trump, ele é declarado vitorioso nesse estado e fica com os 29 delegados, ou votos eleitorais, que correspondem a essa região. Quando o Colégio Eleitoral se reúne para votar, a tendência histórica é de que esses 29 delegados da Flórida votem em Trump.

Em quase todos os estados, o candidato à presidência que for mais votado leva todos os delegados. A exceção fica para Nebraska e Maine, que permitem que o delegado seja eleito por um distrito específico e vote no candidato que venceu nesse local.

O Colégio Eleitoral se reúne a cada quatro anos. Esse encontro acontece algumas semanas após o dia da eleição presidencial.

O número de delgados ou eleitores de cada estado é aproximadamente correspondente ao tamanho de sua população — e proporcional ao número de parlamentares no Congresso. Por isso, cada estado tem um número diferente de delegados, seguindo a equivalência na Câmara dos Deputados e no Senado.

Essa é uma matemática difícil de acompanhar, mas o essencial é que o candidato precisa ter maioria simples, ou o equivalente a 270 dos 538 delegados para ser vencedor.

O Colégio Eleitoral foi criado nas convenções que definiram a Constituição dos Estados Unidos, no fim do século 18. A cada eleição, 538 delegados são apontados pelos 50 estados e a capital, Washington. Eles não podem ser escolhidos entre parlamentares nem fazer parte do governo, mas a regra de seleção é particular em cada estado.

RECONHECIMENTO DA DERROTA

Embora, a imprensa norte-americana já tenha atribuído a vitória ao democrata Joe Biden, o presidente Donald Trump ainda não reconheceu a derrota, prometendo uma batalha na justiça. Ele tem alegado desde fraude eleitoral até pedido recontagem de votos em uma tentativa de mudar o resultado conhecido do pleito.

Segundo a Associated Press (AP), a agência mais antiga a fazer a contagem de votos nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, Biden tem 290 delegados contra 217 de Trump. Na contagem geral, o democrata tem 50,8%, ou 77.033.649 votos, contra 47,5%, ou 71.961.860 votos do atual presidente que busca a reeleição.

“A margem de vitória de Biden deixa poucas dúvidas sobre o resultado final da corrida presidencial”, disse o chefe de investimentos do UBS, Mark Haefele, acrescentando que a questão de Trump não ter reconhecido a vitória até o momento é um fato atípico na história da política norte-americana.

Na visão do estrategista sênior do Rabobank, Philip Marey, o fato de Trump relutar em admitir que perdeu o pleito pode ser parte de um planejamento político mais amplo.

“Trump contestando os resultados de 2020 pode ser visto como o início de sua campanha de 2024. Ele pode muito bem se tornar o líder informal da oposição republicana depois de 20 de janeiro de 2021”, afirmou Marey.

 

Já o vice-presidente da Scotiabank Economics, Derek Holt, não acredita em atrasos no processo da oficialização de Biden como vencedor apesar da retórica agressiva de Trump.

“Com o que está em jogo, são esperadas resoluções relativamente rápidas, apesar do esforço histórico do presidente Trump em interferir no processo de votação”, completou.

Se Holt estiver certo, o mundo conhecerá oficialmente o presidente dos Estados Unidos em cerca de um mês.