Tensões entre EUA e China aumentam após reforma eleitoral em Hong Kong

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Foto: Karolina Grabowska / Pexels

São Paulo – O governo dos Estados Unidos condenou as alterações eleitorais em Hong Kong aprovadas no Congresso Nacional do Povo da China, afirmando tratarem-se de um “ataque à democracia”, e disse que não vai recuar em temas como o genocídio na região de Xinjiang nas negociações entre diplomatas dos dois países agendada para a próxima semana.

“A decisão do Congresso Nacional do Povo de mudar unilateralmente o sistema eleitoral de Hong Kong é um ataque direto à autonomia prometida ao povo em Hong Kong pela Declaração Conjunta Sino-Britânica”, disse o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

“Essas ações negam aos habitantes de Hong Kong uma voz em sua própria governança, limitando a participação política, reduzindo a representação democrática e sufocando o debate político”, afirmou ele em comunicado, citando que as medidas também vão contra o caminho da região em direção ao sufrágio universal.

Blinken apelou que a China cumpra suas obrigações e compromissos internacionais. “Solicitamos às autoridades da China e de Hong Kong que permitam que as eleições para o Conselho Legislativo de setembro de 2021 prossigam e garantam que todos os candidatos sejam incluídos de maneira transparente e confiável”.

A China anunciou ontem mudanças nas regras eleitorais de Hong Kong, que permitem a Pequim vetar candidatos considerados não patrióticos e exclui a participação de vereadores distritais no comitê que elege o chefe do executivo, reduzindo a representação democrática nas instituições da cidade.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse ontem em coletiva de imprensa que o assunto será abordado na reunião dos dias 18 e 19 de março no Alasca com diplomatas chineses.

“Certamente prevemos que o assessor de Segurança Nacional Jake Sullivan e o secretário de Estado Tony Blinken discutirão os desafios que enfrentamos e não vão recuar nas questões e preocupações que temos com o comportamento da liderança chinesa, seja em Taiwan, ou esforços recentes para recuar a democracia em Hong Kong, ou em preocupações que temos sobre as relações econômicas”, disse Psaki.

Segundo ela, Sullivan e Blinken certamente levantarão questões como “a falta de transparência no que se refere à covid-19, e abusos dos direitos humanos”.

“Eu sei que abordar o genocídio contra os muçulmanos uigures é algo que será um tópico de discussão com os chineses diretamente na próxima semana”, disse Psaki. “Mas eles também falarão sobre áreas de oportunidade e maneiras como podemos trabalhar juntos”, acrescentou.

O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, disse que espera uma conversa difícil com os chineses. “Esta será uma conversa difícil, será franca ao explicar como as ações e comportamento de Pequim desafiam a segurança, a prosperidade, os valores não apenas dos Estados Unidos, mas também de nossos parceiros e aliados”.