Taxa de desocupação sobe a 12,6% até abril, aponta IBGE

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Carteira de trabalho. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

São Paulo – A taxa de desocupação da população brasileira foi estimada em 12,6% no trimestre móvel encerrado em abril, ficando acima do trimestre anterior (11,2%), referente aos meses de novembro a janeiro, com alta de 1,3 ponto percentual (pp), informou o Instituto  Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado ficou abaixo das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA, de 13,2%. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, de fevereiro a abril de 2019, quando estava em 12,5%, a taxa ficou praticamente estável, segundo o IBGE.

Ao fim de abril, a população desocupada somava 12,8 milhões de pessoas, altas de 7,5% (ou 898 mil pessoas a mais) em relação ao trimestre anterior – de novembro de 2019 a janeiro deste ano – porém, ficou estável no confronto com igual trimestre do ano anterior.

A população ocupada, por sua vez, somou 89,2 milhões, redução de 5,2% (ou 4,9 milhões pessoas a menos) em relação ao trimestre móvel anterior e de 3,4% (ou 3,1 milhões de pessoas a menos) frente a igual período do ano passado, no qual ambas quedas foram recordes na série histórica.

“Dos 4,9 milhões de pessoas a menos na ocupação, 3,7 milhões foram de trabalhadores informais. O emprego com carteira assinada no setor privado teve uma queda recorde também. A gente chega em abril com o menor contingente de pessoas com carteira assinada, que é de 32,2 milhões”, explica a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, que destaca os reflexos da pandemia da covid-19 no mercado de trabalho.

O nível da ocupação, ou seja, percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, caiu para 51,6%, o menor da série histórica, com retração de 3,2 pp ante o trimestre anterior (54,8%) e de 2,6 pp frente a igual período de 2019. A taxa de informalidade, por sua vez, alcançou 38,8% da população ocupada, ou seja, 34,6 milhões de trabalhadores informai, o menor da série iniciada em 2016. No trimestre móvel anterior, esse número chegou a 40,7%.

Segundo o IBGE, a população fora da força de trabalho somou 70,9 milhões, maior nível da série histórica, com altas de 7,9% (mais 5,2 milhões de pessoas) frente ao período entre novembro e janeiro, e de 9,2% (mais 6,0 milhões de pessoas) na comparação com o período entre fevereiro e abril de 2019. A população desalentada chegou a 5,0 milhões, também recorde da série, com crescimento de 7,0% em relação ao trimestre anterior, porém, estável ante o mesmo período do ano passado.

Para a analista da pesquisa, se por um lado, houve queda “bastante acentuada” na ocupação, também teve aumento recorde da população fora da força de trabalho, o que provocou um aumento da chamada força de trabalho potencial. “Muitas pessoas nem estão ocupadas, pararam de procurar trabalho, mas estão ali na força potencial. O que contribuiu para a gente ter um aumento muito importante da taxa de desalento, que volta a crescer depois de um bom tempo em estabilidade”, avalia.

A taxa de subutilização da força de trabalho (25,6%) também foi recorde da série, com altas de 2,5 pp frente ao trimestre encerrado em janeiro, e de 0,7 pp ante o mesmo período de 2019. De acordo com o Instituto, a população subutilizada somou 28,7 milhões, recorde com aumento de 8,7% (mais 2,3 milhões de pessoas) em relação ao período imediatamente anterior, estável na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.

O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado (exceto trabalhadores domésticos) foi de 32,2 milhões de pessoas, menor nível da série histórica, com quedas de 4,5% ante o trimestre anterior, e de 2,8% ante os meses de fevereiro a abril de 2019.

Já o número de trabalhadores sem carteira assinada ficou em 10,1 milhões de pessoas, retração de 13,2% frente aos meses de novembro a janeiro, enquanto recuou 9,7% ante o mesmo trimestre de 2019. O total de trabalhadores por conta própria caiu para 23,4 milhões, com recuos de 4,9% frente ao período anterior e de 2,1% em relação a fevereiro a abril do ano passado.

Em relação à renda, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores foi estimado em R$ 2.425 no trimestre móvel, altas de 2,0% ante o trimestre encerrado em janeiro e de 2,5% na comparação com o mesmo trimestre de 2019. Já a massa de rendimento médio real habitual dos ocupados foi estimada em R$ 211,6 bilhões, queda de 3,3% na comparação com o trimestre anterior, e estável em comparação com o mesmo trimestre de 2019.

O IBGE ressalta que está coletando os dados do indicador somente por telefone durante o período de isolamento social, seguindo as orientações do Ministério da Saúde relacionadas ao quadro de emergência de saúde pública causado pelo novo coronavírus.

PUXADO PELO COMÉRCIO

A taxa de desocupação da população brasileira foi estimada em 12,6% no trimestre móvel encerrado em abril, acima do observado no trimestre anterior (11,2%) – de novembro de 2019 a janeiro deste ano, o que levou a retração recorde da população ocupada, puxada pelo comércio, segundo o IBGE. A redução foi generalizada, atingindo sete dos dez grupos de atividades observados na Pnad Contínua, divulgada hoje.

Desses 4,9 milhões de pessoas que saíram da população ocupada, 1,2 milhão veio do comércio, outras 885 mil saíram da construção e 727 mil dos serviços domésticos. Segundo o IBGE, foi a maior queda nos serviços domésticos desde o início da série, em 2012.

A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explica que o resultado deste grupo pode estar associada às medidas de isolamento social. “Várias famílias podem ter dispensado os seus trabalhadores domésticos em função dessa questão do isolamento. É uma queda bastante acentuada”, avalia.

A queda recorde da população ocupada refletiu na massa de rendimento real, estimada em R$ 211,6 bilhões no trimestre até abril, maior retração da série histórica. “É uma queda de 3,3% [na comparação com o trimestre móvel anterior], o que significa que em um trimestre, a massa de rendimento teve uma retração de R$ 7,3 bilhões”, acrescenta a analista.