Taxa de desemprego sobe a 14,6% no terceiro trimestre e renova recorde, diz IBGE

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ibge, fila de emprego
Foto: Secretaria de Trabalho/DF

São Paulo – A taxa de desocupação da população brasileira foi estimada em 14,6% no terceiro trimestre do ano, ficando 1,3 ponto
percentual (pp) acima do observado no período anterior (13,3%), referente aos meses de abril a junho, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou ligeiramente abaixo da mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA, de 14,8%.

Trata-se da maior taxa de desocupação deste ano e é a maior taxa de desocupação da série histórica, iniciada em 2012, renovando o recorde registrado no trimestre móvel até agosto (14,4%). Já na comparação com o mesmo período anterior, referente ao terceiro trimestre do ano passado, quando estava em 11,8%, houve um aumento de 2,8 pp, segundo o IBGE.

Ao fim de setembro deste ano, a população desocupada somava 14,1 milhões de pessoas, alta de 10,2% (mais 1,3 milhão de pessoas) em relação ao trimestre anterior, e avançou 12,6% (1,6 milhão de pessoas a mais) no confronto com igual trimestre do ano passado. Já a população ocupada totalizou 82,5 milhões, no patamar mais baixo da série histórica, com quedas de 1,1% (880 mil pessoas a menos) em relação aos meses de abril a junho e de 12,1% na comparação com o mesmo período de 2019 (11,3 milhões de pessoas a menos).

A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, ressalta que o aumento na taxa de desemprego reflete a flexibilização das medidas de isolamento social para controle da pandemia de covid-19, no qual houve maior pressão sobre o mercado de trabalho no terceiro trimestre. “Em abril e maio, as medidas de distanciamento social ainda influenciavam a decisão das pessoas de não procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas, começamos a perceber um maior contingente de pessoas em busca de uma ocupação”, explica.

Com isso, a taxa de subutilização da força de trabalho atingiu o recorde de 30,3%, com altas de 1,2 pp em relação ao trimestre encerrado em junho deste ano e de 6,3 pp na comparação com igual período do ano passado. Segundo o IBGE, a população subutilizada somou 33,2 milhões, crescendo 3,9% (mais 1,2 milhão de pessoas) frente ao trimestre anterior e +20,9% (mais 5,7 milhões de pessoas) na comparação com os meses de julho a setembro de 2019.

Assim, a população fora da força de trabalho atingiu o maior contingente da série, somando 78,6 milhões de pessoas, com crescimento nas duas bases de comparação: +1,0% (mais 785 mil pessoas) no confronto trimestral e +21,2% (mais 13,7 milhões de pessoas) no confronto anual. A população desalentada também é a maior da história, com 5,9 milhões de pessoas, altas de 3,2% e de 24,7%, respectivamente.

Já em relação à renda, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores foi estimado em R$ 2.554 no período entre julho e setembro deste ano, praticamente estável frente ao trimestre imediatamente anterior, mas subiu 8,3% na comparação com o mesmo trimestre de 2019. Por sua vez, a massa de rendimento médio real habitual dos ocupados no terceiro trimestre foi estimada em R$ 202,3 bilhões, estável em relação ao trimestre anterior, porém, caiu 4,9% (menos R$ 10,6 bilhões) frente ao mesmo período de 2019.

O IBGE reforça que, dos dez agrupamentos de atividade, houve crescimento na população ocupada em apenas dois no trimestre encerrado em setembro. O número de pessoas ocupadas em Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura aumentou 3,8% no trimestre (mais 304 mil pessoas) e na Construção (7,5%, ou mais 399 mil pessoas).

Em contrapartida, houve reduções em Transporte, armazenagem e correio (5,2%, ou menos 227 mil pessoas) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (3,7%, ou menos 616 mil pessoas). Nos demais grupamentos, não houve variação estatisticamente significativa.