Taxa de desemprego sobe a 14,4% até agosto e é a maior da série histórica

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ibge, fila de emprego
Foto: Secretaria de Trabalho/DF

São Paulo – A taxa de desocupação da população brasileira foi estimada em 14,4% no trimestre móvel até agosto, ficando 1,6 ponto percentual (pp) acima do observado no período anterior (12,9%), referente aos meses de março a maio, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou acima da mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA, de 14,2%.

Trata-se da maior taxa de desocupação deste ano e é a maior taxa de desocupação da série histórica, iniciada em 2012, renovando o recorde registrado no trimestre móvel até julho (13,8%). Já na comparação com o mesmo período anterior, referente ao trimestre móvel de junho a agosto do ano passado, quando estava em 11,8%, houve um aumento de 2,6 pp, segundo o IBGE.

Ao fim de agosto deste ano, a população desocupada somava 13,8 milhões de pessoas, alta de 8,5% (mais 1,1 milhão de pessoas) em relação ao trimestre imediatamente anterior, e avançou 9,8% (1,2 milhão de pessoas a mais) no confronto com igual trimestre do ano passado. Já a população ocupada totalizou 81,7 milhões, com quedas de 5,0% (4,3 milhões de pessoas a menos) em relação aos meses de março a maio e de 12,8% na comparação com o mesmo período de 2019 (12,0 milhões de pessoas a menos).

A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explica que o aumento na taxa de desemprego é reflexo da flexibilização das medidas de isolamento social para controle da pandemia de covid-19. “Esse aumento da taxa está relacionado ao crescimento do número de pessoas que estavam procurando trabalho. No meio do ano, havia um isolamento maior, com maiores restrições no comércio, e muitas pessoas tinham parado de procurar trabalho por causa desse contexto”, avalia.

Com isso, a taxa de subutilização da força de trabalho atingiu o recorde de 30,6%, com altas de 3,1 pp em relação ao trimestre encerrado em maio deste ano e de 6,2 pp na comparação com igual período do ano passado. Segundo o IBGE, a população subutilizada somou 33,3 milhões e também foi mais um recorde na série, crescendo 9,7% (mais 3,0 milhões de pessoas) frente ao trimestre anterior e +20,0% (mais 5,6 milhões de pessoas) na comparação com os meses de junho a agosto de 2019.

Assim, a população fora da força de trabalho atingiu o maior contingente da série, somando 79,1 milhões de pessoas, com crescimento nas duas bases de comparação: +5,6% (mais 4,2 milhões de pessoas) no confronto trimestral e +21,9% (mais 14,2 milhões de pessoas) no confronto anual. A população desalentada também é a maior da história, com 5,9 milhões de pessoas, altas de 8,1% e de 24,2%, respectivamente.

Já em relação à renda, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores foi estimado em R$ 2.542 no período entre junho e agosto deste ano, com altas de 3,1% frente ao trimestre imediatamente anterior e de 8,1% na comparação com o mesmo trimestre de 2019. Por sua vez, a massa de rendimento médio real habitual dos ocupados nos últimos três meses até agosto foi estimada em R$ 202,5 bilhões, quedas de 2,2% (menos R$ 4,6 bilhões) em relação ao trimestre anterior e de 5,7% frente ao mesmo período de 2019.

O IBGE reforça que houve crescimento na população ocupada em apenas um dos dez grupamentos de atividade no trimestre encerrado em agosto. O número de pessoas ocupadas em Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura aumentou 2,9% no trimestre (mais 228 mil pessoas), enquanto a população ocupada da Indústria recuou 3,9% (menos 427 mil pessoas) e no Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, a queda foi de 4,7% até agosto (menos 754 mil pessoas). Na Construção, o cenário foi de estabilidade.