Selic deve atingir nível significativamente contracionista, diz Copom em ata

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Comitê de Política Monetária (Copom). (Foto: Beto Nociti/BCB)

São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) acredita que a taxa básica de juros (Selic) deve atingir um nível “significativamente contracionista”, mas ressaltou que ela chegará a este patamar mantendo o atual ritmo de elevação, segundo a ata da reunião mais recente do grupo.
“O Copom concluiu que, neste momento, a manutenção do atual ritmo de ajuste associada ao aumento da magnitude do ciclo de ajuste da política monetária para patamar significativamente contracionista é a estratégia mais apropriada para assegurar a convergência da inflação para as metas de 2022 e 2023”, disse o Copom no documento.
O grupo discutiu na semana passada o risco e o benefício de elevar a Selic mais rapidamente, mas concluiu contra esta hipótese. Segundo o colegiado, a política monetária já possui um caráter contracionista, e simulações em que a taxa sobe no ritmo atual para diferentes níveis mostram que “o atual ritmo de ajuste é suficiente para atingir patamar significativamente contracionista e garantir a convergência da inflação para a meta em 2022, mesmo considerando a assimetria no balanço de riscos”.
O Copom também apontou que “o peso de itens voláteis nas revisões das projeções de inflação de curto prazo e o ineditismo do processo de readequação econômica pós-pandemia reforçam o benefício de acumular mais informações sobre o estado da economia e a persistência dos choques em vigor”.
EMPREGO
O Copom afirmou que continua enfrentando dificuldades para avaliar a real situação do mercado de trabalho do Brasil, diante das diferenças encontradas nos dois principais indicadores a respeito dos empregos formais no País, mas considera que ainda há ociosidade nesta área da economia.
“Os membros do Copom discutiram a respeito da evolução do emprego. O recuo da taxa de desocupação com crescimento da força de trabalho e da população ocupada indica que o mercado de trabalho segue em recuperação. Todavia, os níveis das duas últimas variáveis ainda consideravelmente abaixo dos observados antes da pandemia sugerem hiato remanescente no mercado de trabalho”, disse o grupo no documento.
“Diante da diferença entre os principais indicadores do emprego no segmento formal – PNAD Contínua e Novo Caged, sendo que o último mostra recuperação mais robusta do que o primeiro – permanece a dificuldade de avaliação do efetivo estado do mercado de trabalho”, acrescentou.
ECONOMIA
O Copom ainda espera uma recuperação robusta no segundo semestre, apesar de alguns dados recentes mostrarem que no início deste período a atividade econômica perdeu força. “Ao resultado do PIB do segundo trimestre ligeiramente melhor que o esperado, seguiram-se divulgações de alta frequência marginalmente mais negativas, ainda que evoluindo favoravelmente”, disse o grupo no documento.
“Parte dessas revisões decorre de uma antecipação do crescimento esperado para alguns dos setores mais atingidos pela pandemia; outra parte deriva da menor produção industrial decorrente da manutenção de dificuldades nas cadeias de suprimentos”, acrescentou.
A ata diz que o Copom segue esperando uma “retomada robusta” da economia na segunda metade de 2021 conforme mais pessoas forem vacinadas contra a covid-19 e a doença se torne menos ameaçadora à retomada das atividades.
“Para 2022, o Copom considera que o crescimento da economia será beneficiado por três fatores. Primeiro, pela continuação da recuperação do mercado de trabalho e do setor de serviços, mesmo que em menor intensidade do que se antecipava anteriormente; segundo, pelo desempenho de setores menos ligados ao ciclo de negócios, como agropecuária e indústria extrativa; e, terceiro, por resquícios do processo de normalização da economia conforme a crise sanitária arrefece.”