Segunda onda de covid-19 pode forçar BCE a ampliar compra de ativos

582
Sede do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt. Foto: Divulgação/ BCE

São Paulo – A segunda onda de covid-19 que atinge a Europa estará no radar do Banco Central Europeu (BCE), que pode sinalizar na quinta-feira sua intenção de ampliar o programa de compra de emergência pandêmica (PEPP, na sigla em inglês) – tanto em quantidade como em volume para apoiar a economia da zona do euro, segundo analistas consultados pela Agência CMA.

“Nas próximas semanas deve ficar mais claro quanto estímulo será preciso para proteger a economia de novas restrições”, afirmou o economista do Société Générale, Klaus Baader.
Em junho, o BCE elevou o PEPP em 600 bilhões de euros, para o nível atual de 1,350 bilhão de euros, com validade até pelo menos junho de 2021.

Segundo o diretor de macro-estratégia do Rabobank, Elwin de Groot, as medidas em vigor ainda fornecem um amplo estímulo à economia da zona do euro.

Ele lembra que nem metade do PEPP foi gasto até o momento, mas não descarta um aumento do programa como uma forma de oferecer segurança adicional à economia europeia.

“Apesar do retorno da covid-19, os mercados financeiros mantiveram a compostura. Além disso, até agora, não há sinais de grandes perturbações no mercado de trabalho – embora se espere que a inadimplência e o desemprego aumentem mais acentuadamente”, afirma De Groot.

Com relação aos juros, a maior aposta é pela manutenção. Com isso, a taxa básica na zona do euro deve permanecer em zero; a taxa de depósito em -0,5% ao ano e a taxa para concessão de liquidez para bancos em 0,25%.

De acordo com o economista do Wells Fargo, Nick Bennenbroek, apesar de recentes comentários sinalizando uma tendência acomodatícia, “não está claro o quanto a economia da zona do euro se beneficiaria com taxas de juros mais baixas ou novas compras de ativos”.

“O BCE deixou evidente que preferiria ver mais estímulos fiscais dos governos como um complemento às suas ações de política monetária”, afirma Bennenbroek.

“Nesta reunião, o BCE deve oferecer uma avaliação econômica mais cautelosa e repetir que está pronto para ajustar seus instrumentos de política monetária conforme necessário”, acrescentou.

Todos os economistas ouvidos pela Agência CMA concordam que, caso a recuperação da zona do euro perca tração por conta da segunda onda de covid-19 ou caso a confiança se deteriore, o BCE irá agir no final do ano ou, no máximo, no começo de 2021.

“A temida segunda onda de covid-19 na Europa lança novas sombras sobre as perspectivas de crescimento e inflação da zona do euro, que já eram nulas. Em resposta, muitos membros do Conselho do BCE falaram recentemente em favor de um apoio monetário extra, ou pelo menos mais prolongado”, completou De Groot.