Rússia anuncia registro de primeira vacina contra covid-19 no mundo

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Foto divulgação: Sputnik News

São Paulo — A Rússia anunciou a aprovação de uma vacina contra o novo coronavírus menos de dois meses depois de iniciar testes em humanos. O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que sua filha já recebeu uma dose.

“Uma vacina contra a nova infecção por coronavírus foi registrada pela primeira vez no mundo esta manhã”, anunciou Putin em reunião por videoconferência com os ministros do governo. “Sei que funciona com bastante eficácia, constitui uma imunidade estável e foi aprovado em todos os exames necessários”, disse ele.

“A vacina é registrada nas condições de acordo com o procedimento de acesso ao mercado adotado pelo Governo da Federação Russa para medicamentos destinados à prevenção de covid-19. Já relatamos que vários medicamentos foram liberados anteriormente para tratamento e agora são usados com eficácia em organizações médicas”, anunciou o ministro da Saúde russo, Mikhail Albertovich.

De acordo com ele, testes pré-clínicos foram desenvolvidos no centro Galameya do Ministério da Saúde do país e no centro de pesquisa do ministério da Defesa.

“Os ensaios clínicos ocorreram em duas bases: na Universidade Sechenov do Ministério da Saúde da Rússia e em uma filial do Hospital Militar Principal de Burdenko. De acordo com os resultados, a vacina tem se mostrado alta eficiência e segurança. Todos os voluntários desenvolveram altos índices de anticorpos contra covid-19. Ao mesmo tempo, nenhum deles teve complicações graves de imunização”, afirmou Albertovich.

O ministro explicou que para monitoramento operacional do estado de saúde dos vacinados e monitoramento da eficácia e segurança, o Ministério da Saúde da Rússia criou um circuito digital único que permite monitorar a segurança e a qualidade do medicamento em todas as fases de seu ciclo de vida. Isso inclui um cadastro dos pacientes vacinados e um sistema de monitoramento de movimentação de medicamentos.

“Atualmente, a vacina começará a ser produzida em dois locais – pelo Centro Gamaleya do Ministério da Saúde da Rússia e pela empresa Binnopharm. Ao mesmo tempo, com a assistência do Ministério da Indústria e Comércio e do escritório de projetos do Sberbank, estão sendo elaborados regulamentos técnicos para a produção em escala nas instalações de vários fabricantes nacionais”, disse Albertovich.

De acordo com ele, “vários países já estão demonstrando interesse” na vacina. “Paralelamente, terá início a aplicação faseada da vacina na circulação civil e, em primeiro lugar, consideramos necessário oferecer vacinação àqueles cujo trabalho está relacionado com a comunicação com pessoas infectadas – são os trabalhadores médicos e aqueles sobre os quais a saúde das crianças depende: nossos professores”, concluiu.

Putin acrescentou que sua filha chegou a tomar a vacina. “Depois da primeira dose, ela estava com 38 graus de febre. No dia seguinte um pouco acima de 37 e pronto. Depois da segunda injeção, a temperatura também subiu um pouco, mas depois baixou”, concluiu.

SUSPEITAS

Apesar da notícias, a vacina russa nunca foi listada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das seis candidatas que alcaçaram a fase três dos ensaios clínicos, que envolvem testes mais difundidos entre humanos.

Os estudos em humanos da vacina russa começaram em 17 de junho entre 76 voluntários. Metade foi injetada com uma vacina em forma líquida e a outra metade com uma forma de pó solúvel.

Em meio a temores de que a segurança pudesse ter sido comprometida, a OMS instou a Rússia na semana passada a seguir as diretrizes internacionais para a produção de uma vacina contra a covid-19.

“Às vezes, pesquisadores individuais afirmam que encontraram algo, o que é, obviamente, uma ótima notícia”, disse a porta-voz do órgão, Christian Lindmeier, no dia 4 de agosto.

“Mas entre encontrar ou ter uma pista de que talvez tenha uma vacina que funcione, e ter passado por todas as etapas, é uma grande diferença.”