Retomada da venda de refinarias pela Petrobras é positiva mas difícil de ocorrer, dizem analistas

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Refinaria Alberto Pasqualini (Refap). (Foto: André Valentim/Agência Petrobras)
Refinaria Alberto Pasqualini (Refap). (Foto: André Valentim/Agência Petrobras)

São Paulo – A retomada de processo de venda das refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, e Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, bem como os ativos logísticos integrados a essas refinarias. anunciada ontem pela Petrobras, foi avaliada positivamente, mas o avanço dos projetos, no entanto, é visto como difícil de ocorrer no curto prazo.

Essa é a avaliação da corretora Ativa. “Consideramos a retomada dos processos de venda destas refinarias como um aspecto positivo para a companhia, dada a relevância dos desinvestimentos no midstream em seu planejamento estratégico. Ainda assim, dado às condições macroeconômicas atuais e a proximidade com a eleição, não acreditamos que os projetos avançarão no curto prazo, sobretudo pois ainda há obras de melhorias a serem feitas em alguns destes ativos e que constam no plano estratégico da companhia”, comentou.

A Genial Investimentos também reforça essa visão e destaca que as refinarias ofertadas correspondem por 50% da capacidade de refino nacional, com capacidade de refinar 1,1m bpd e, se considerarmos como proxy de avaliação o recente desinvestimento da RLAM, as três refinarias poderiam ser vendidas por até US$5,5 bilhões, o que é um “valuation” deprimido ante pares globais devido à ausência da paridade de preços plena por parte da Petrobras.

“Somos céticos em relação à venda dos ativos devido ao cronograma apertado com as eleições. Além disso, os ativos de refino podem ser subavaliados pelo mercado, o que tende a levantar questionamentos pelo TCUs, sindicatos e etc”, opinam os analistas da Genial.

As ações da Petrobras estão em alta nesta terça-feira, após este anúncio e em meio à posse do novo presidente da companhia. Às 13h24 (horário de Brasília), o papel ordinário PETR3 subia 1,42% e o preferencial PETR4 tinha alta de 0,82%.

O time de análise de ações da Levante Ideias de Investimento disse que a nomeação de Paes de Andrade era esperada pelo mercado, mesmo sem o candidato cumprir todos os requisitos necessários para o cargo, além de destacar que a escolha gerou revolta em algumas entidades. Caio Mário Paes de Andrade foi nomeado pelo conselho de administração da empresa, por 7 votos a 3 para o cargo principal da empresa, com mandato válido até 13 de abril de 2023, após ter sido indicado para o conselho de administração desta em segunda votação, até a próxima assembleia geral de acionistas da empresa, ainda sem data marcada.

“A Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que está entrando com uma ação judicial em conjunto com a Associação de Acionistas Petroleiros (Anapetro) contra a nomeação de Paes de Andrade. As entidades alegam que a escolha do ex-secretário de Desburocratização do Ministério da Economia vai de encontro com a diretriz da Lei das Estatais que prevê experiência profissional robusta no setor como requisito para determinação de um novo presidente. Ambas também ressaltam motivações políticas para a escolha do nome de Paes de Andrade para o cargo”, lembraram os analistas.

Em relação à retomada do processo de venda das refinarias, a Levante destaca que, em termos produtivos, a Rnest corresponde a 5% da capacidade total de refino de petróleo do Brasil, a Repar, 9%, e a Refap, 9%. “Conforme determinado nos teasers, o comprador de qualquer um dos três ativos deverá ter receita de pelo menos US$ 3 bilhões em 2021, caso seja uma empresa do setor de óleo e gás, ou ter pelo menos US$ 1 bilhão em Ativos sob Gestão (AuC), caso seja um investidor financeiro”, comentaram.