Relações se deterioraram entre China e Brasil de Bolsonaro e afetam comércio

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Vice-Presidente da República, Hamilton Mourão, durante Assinatura da ata da V Sessao Plenaria da COSBAN.

São Paulo – As relações entre a China e o Brasil se deterioraram bastante sob a gestão do presidente Jair Bolsonaro, o que têm consequências no comércio entre os dois países, disse o diretor da gestora do Banco Fator e professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Paulo Gala. A declaração foi dada durante a Live CMA Mercados, transmitida hoje no
YouTube e no Facebook.

“O governo brasileiro tem uma postura patética com relação à China”, disse Gala, citando falhas no trato diplomático e que integrantes do Ministério da Economia brasileiro parecem desconhecer que a China é “a segunda economia mais importante do mundo, é a que mais cresce e seria um parceiro de excelência do Brasil”.

“As relações se deterioraram bastante” sob o atual governo brasileiro, afirmou Gala. Ele destacou que o Brasil é o líder por excelência da América do Sul e da América Latina, se tirarmos o México, mas com a recusa do Brasil em lidar com a China, a atenção chinesa está indo para a Argentina.

Ainda assim, Gala afirmou que os chineses continuam investindo no Brasil, com mais de 10 instituições financeiras no país, além de investimentos no setor energéticos e na infraestrutura ligada a commodities, em especial minério de ferro e soja, grandes produtos que a China compra do Brasil.

“Apesar deste governo, a China vai continuar investindo no Brasil”, disse Gala. “Mas está fazendo o mesmo com a África”, sendo grande compradora de commodities africanas.

Por outro lado, “já já o Brasil vai se tornar irrelevante”, nos próximos 15 anos, em produção de minério e de soja inclusive, se “a coisa continuar no ritmo que tá”, afirmou o economista.

Segundo Gala, “não é difícil achar competidores para extrair minério de ferro, minério de cobre e soja”, e a China está entre os cinco maiores produtores do mundo de soja e minério de ferro, e está se distanciando do Brasil e investindo na África, especialmente a voltada para o lado chinês, como Etiópia e Tanzânia.

“A China também tem investido na relação com a Rússia e Ucrânia, grandes produtores de produtos agrícolas”, disse o economista.

“O difícil é fazer semicondutores, produtos de alta tecnologia”, afirmou ele. “Nossa orientação de desenvolvimento econômico está completamente errada”, concluiu.