Referência em CDI deve cair em desuso em emissões, diz SulAmérica

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Por Gustavo Nicoletta

São Paulo – O uso das taxas de Certificado de Depósito Interbancário (CDI) como referência para o rendimento de títulos de dívida corporativa está caindo em desuso e abrirá espaço para que os fundos de investimento também usem outras bases de comparação para o retorno oferecido aos investidores, disse Marcelo Mello, vice-presidente de Investimentos, Vida e Previdência da SulAmérica Investimentos.

Em entrevista coletiva, ele mencionou que mais da metade das emissões de crédito corporativo neste ano usaram como referência para o retorno nominal ao investidor a taxa do CDI somada a um prêmio prefixado – por exemplo, CDI mais 2%. Em anos anteriores, essa taxa estava entre 30% e 40%.

As emissões cujo retorno era fixado puramente como percentual do CDI – por exemplo, 125% do CDI – foram 35%, e as que apresentavam as taxas como o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais uma taxa prefixada foram 14%.

“Isso significa que o investidor está mais disposto a comprar papel com taxa prefixada”, disse ele. “A referência do CDI está ficando um pouco para trás nas emissões corporativas. Não tem por que imaginar que isso não vai acontecer nas indústrias de fundo”, acrescentou o vice-presidente da SulAmérica Investimentos, que administra R$ 45 bilhões em ativos.

Ele disse que o ponto mais relevante desta mudança é que deve cair em desuso a aplicação de uma taxa diária, como é o CDI, como referência para os fundos.

“Na indústria de fundos, a principal preocupação é que ele tem um benchmark diário com estratégia de longo prazo. Um fundo macro, multimercado, se ele performar pouco negativo durante um mês ele tem risco de perder passivo”, disse Mello. Ele citou que isso abriria espaço para fundos atrelados ao índice de Mercado Anbima-B (IMA-B), de retorno absoluto e desvinculados do CDI.