Reestabilizar preços requer medidas que não são populares no curto-prazo, diz Powell

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São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que reestabilizar os preços pede medidas nem sempre populares entre o público no curto-prazo, destacando a importância dos bancos centrais serem órgãos independentes.

“A estabilidade de preços é a base de uma economia saudável e proporciona ao público benefícios imensuráveis ao longo do tempo. Mas restaurar a estabilidade de preços quando a inflação está alta pode exigir medidas que não são populares no curto prazo, pois aumentamos as taxas de juros para desacelerar a economia”, explicou ele durante participação no Simpósio sobre a Independência dos Bancos Centrais promovido pelo Sveriges Riksbankm na Suíça.

“A ausência de controle político direto sobre nossas decisões nos permite tomar essas medidas necessárias sem considerar fatores políticos de curto prazo. Acredito que os benefícios da política monetária independente no contexto dos Estados Unidos são bem compreendidos e amplamente aceitos”, afirmou.

Powell destacou a importância do Fed se manter firme na busca pelos seus mandatos, estabilidade de preços e máximo emprego, sem “cair na tentação” de buscar outros objetivos. Segundo ele, os objetivos foram importantes durante as duas últimas grandes crises: a de 2008 e a pandemia.

“Aprendemos em 2008 a necessidade de maior resiliência no sistema bancário, algo que hoje vejo muito firme”, disse ele. “Com a pandemia, foi uma situação extraordinária onde tivemos que usar nossas ferramentas e acredito que tivemos o melhor resultado possível”.

Powell disse ainda que, apesar de levar em consideração os riscos que as mudanças climáticas apresentam para a economia nas decisões monetárias, não é responsabilidade do Fed promover políticas “ambientais”. “Sem uma legislação explícita do Congresso, seria inapropriado usarmos nossa política monetária ou ferramentas de supervisão para promover uma economia mais verde ou para atingir outras metas baseadas no clima. Não somos, e não seremos, um ‘formulador de políticas climáticas'”, afirmou.