Redução de casos do coronavírus faz Bolsa subir pelo segundo dia

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São Paulo – O arrefecimento no número de novos casos de coronavírus em alguns países fez o Ibovespa fechar em alta pelo segundo dia, com ganhos de 3,08%, aos 76.358,09 pontos. No entanto, o índice desacelerou ganhos ao longo do dia, depois de chegar a subir mais de 7%, acompanhando o movimento das Bolsas norte-americanas, com investidores ainda analisando os números da pandemia no país.

O operador de renda variável da Commcor Corretora, Ari Santos, destaca que noticías positivas de uma diminuição de casos em países como a Itália e China animaram investidores desde ontem, que aproveitam para ir às compras. “Investidores estão aproveitando oportunidades, comprando ações que ainda estão baratas”, disse.

Os últimos números mostraram que países como Itália e Espanha estão provavelmente ultrapassando o pico de casos de coronavírus, o que anima investidores desde ontem. Já a China não reportou nenhuma morte pelo coronavírus hoje, pela primeira vez desde o início das contagens diárias.

No entanto, o estado de Nova York registrou o maior aumento no número de mortes nas últimas 24 horas, 731 – elevando o número total para 5.489.

Na cena doméstica, também colaborou para a alta do índice a manutenção do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no cargo, depois de notícias de que ele seria demitido pelo presidente Jair Bolsonaro fizeram ontem.

Entre as ações, as maiores altas do índice foram da Yduqs (YDUQ3 19,85%), da BR Distribuidora (BRDT3 18,98%) e da CVC (CVCB3 13,26%). Segundo Santos, apesar das fortes altas hoje esses papéis ainda acumulam perdas expressivas no ano, o que atrai compras, com investidores muitas vezes olhando buscando bons preços e nem sempre olhando tanto os fundamentos.

Na contramão, as maiores quedas foram da Suzano (SUZB3 -6,74%), da JBS (JBSS3 -5,25%) e da Rumo (RAIL3 -5,58%). Os papéis de empresas exportadoras, como a Suzano refletem a queda mais forte do dólar hoje.

Amanhã, a agenda de indicadores está esvaziada, mas trará dados como a receita do setor de serviços no Brasil e a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Apesar de o Ibovespa ter engatado um segundo dia de alta mais forte e dar sinais de que pode buscar patamares acima de 80 mil pontos, o operador da Commcor destaca que o Ibovespa ainda pode mostrar alguma volatilidade e que será preciso monitorar os prazos de quarentenas e quando a economia poderá começar a retomar.

O dólar comercial fechou em queda de 1,15% no mercado à vista, cotado a R$ 5,2300 para venda, engatando a segunda queda seguida, reagindo ao bom humor que prevaleceu no mercado externo em meio ao arrefecimento nos números de casos confirmados e de mortes em decorrência do novo coronavírus em alguns epicentros na Europa, além da China não ter registrado nenhuma morte ontem, pela primeira vez desde o início da epidemia.

“Os ativos precificaram o apetite por risco no exterior em meio a diminuição dos casos de coronavírus em vários países do mundo, além de declarações de presidente norte-americano, Donald Trump, de que poderá haver mais pacote trilionário de estímulos em breve para os Estados Unidos”, comenta o gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek.

O recuo do dólar, que chegou a 2% – nos patamares de R$ 5,18 – na abertura dos negócios também embalado pelo bom humor doméstico após o presidente Jair Bolsonaro manter o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, perdeu fôlego no fim da manhã com a entrada de importadores nos negócios em meio à redução da cotação da moeda.

“Com isso, o dólar chegou na casa dos R$ 5,25 e desacelerou com a intervenção do Banco Central que vendeu US$ 165,0 milhões em swap cambial [tradicional]”, diz Esquelbek. A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, acrescenta que a operação surpresa se deu já que a autoridade monetária identificou a demanda por “hedge” (proteção) por “algum player”.

Amanhã, com a agenda de indicadores mais fraca, o destaque fica por conta da ata de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) referente às duas decisões que culminaram em corte da taxa de juros no mês passado. “O que o mercado quer saber, o Fed não vai trazer na ata que é uma expectativa de prazo para a retomada da atividade econômica no país. O que passou interessa pouco”, diz Abdelmalack.

A economista reforça que, caso o noticiário siga positivo em relação ao coronavírus e se na cena doméstica não tiver “ruídos políticos”, a tendência é de continuidade de correção da moeda lá fora e aqui.