Recuperação global depende de apoio fiscal e amplo acesso às vacinas, diz FMI

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Foto: Sergey Klimkin / freeimages.com

São Paulo – O apoio fiscal e monetário continua necessário até que uma recuperação sustentável se consolide, para evitar que a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus represente uma ameaça para o sistema financeiro internacional, segundo relatório sobre a estabilidade financeira mundial do Fundo Monetário Internacional (FMI).

“A ponte até o momento em que as vacinas estejam amplamente disponíveis exige a preservação da política monetária acomodatícia, assegurando o apoio à liquidez em benefício de famílias e empresas e mantendo os riscos financeiros sob controle”, diz o FMI, acrescentando que um apoio insuficiente poderia comprometer a recuperação.

Segundo o Fundo, a comunidade global deve buscar a cooperação multilateral para o desenvolvimento e a distribuição equitativa de vacinas em todo o mundo, a fim de assegurar uma retomada uniforme e completa da economia. “As autoridades devem salvaguardar o progresso feito até aqui e tirar partido do lançamento das vacinas para retomar o crescimento sustentável”, diz.

Os riscos para a estabilidade financeira estão sob controle até o momento, de acordo com o FMI, que pede ações para enfrentar as vulnerabilidades financeiras expostas pela crise. Entre essas vulnerabilidades, destacam-se o aumento da dívida das empresas, as fragilidades no setor das instituições financeiras não bancárias, o aumento da dívida soberana, as dificuldades de acesso aos mercados em algumas economias em desenvolvimento e a diminuição da lucratividade em alguns sistemas bancários.

“A aplicação de políticas macroprudenciais para abordar essas vulnerabilidades é crucial para não pôr em risco o crescimento em médio prazo”, diz.

ACESSO ÀS VACINAS

O FMI reconhece que o anúncio de vacinas eficazes contra a covid-19 antes do esperado impulsionou a confiança do mercado e abriram caminho para a retomada da economia mundial, mas alerta para o acesso às vacinas, indicando que provavelmente será desigual, e uma distribuição equitativa poderá levar tempo.

“Muitas economias avançadas, como o Canadá, alguns países da União Europeia, o Reino Unido e os Estados Unidos, fizeram a pré-compra de vacinas, com ampla cobertura por habitante. Em contrapartida, a aquisição de doses de vacinas para as economias em desenvolvimento e de mercados emergentes por meio de negociação direta ou do mecanismo multilateral Covax está bastante atrasada”, diz.

Segundo o Fundo, a necessidade de acesso às vacinas é urgente, em especial nos países onde o número de casos subiu recentemente ou permanece muito elevado.