Recuperação econômica na zona do euro está bem avançada, diz Lagarde

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde / Foto: BCE

São Paulo, 27 de setembro de 2021 – A recuperação econômica na zona do euro está bem avançada e a aceleração na inflação se deve a fatores transitórios, que devem dissipar-se no próximo ano, disse a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, ante o Comitê de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu.
“É evidente que a recuperação econômica na zona do euro está cada vez mais avançada. Isso se deve em parte ao sucesso das campanhas de vacinação em toda a Europa, que levaram ao relaxamento das restrições. Este, por sua vez, tem suportado a retoma da atividade econômica, em particular no setor dos serviços, que foi o mais afetado pelas medidas de contenção”, disse Lagarde.
Segundo ela, a economia da eurozona cresceu 2,2% no segundo trimestre do ano, mais do que o previsto. “Esperamos um forte crescimento continuado no segundo semestre de 2021, permitindo que o produto da área do euro exceda o seu nível pré-pandemia no final do ano”, disse.
“As perspectivas de crescimento continuam incertas e fortemente dependentes sobre a evolução da pandemia, mas os riscos para o crescimento estão amplamente equilibrados”.
INFLAÇÃO
Com relação aos preços, a taxa de inflação da eurozona alcançou 3% em agosto. “Esperamos que suba ainda mais neste outono” no Hemisfério Norte, disse Lagarde. “Continuamos a ver esta recuperação como amplamente temporária”.
A presidente do BCE citou que os principais fatores contribuindo para acelerar a inflação são o aumento dos preços do petróleo desde meados do ano passado, a reversão da redução temporária do imposto sobre valor agregado (IVA) na Alemanha e as pressões de custo decorrentes da escassez temporária de materiais e equipamentos. “O impacto desses fatores deve se dissipar no decorrer do próximo ano”.
Largarde disse que se escassez temporária de materiais e equipamentos restringir a produção de forma mais persistente do que o previsto, isso pode elevar mais os preços. Para ela, porém, “a escassez de oferta não deve durar, e deve diminuir no começo do próximo ano”. Segundo ela, “há riscos de alta para a taxa de inflação, mas eles devem diminuir”.
Ela ressaltou que, além da escassez de oferta, o BCE acompanha outros dois fatores que podem impactar os preços: as negociações de salários que devem ocorrer nos próximos meses e como vão impactar o pico de inflação que temos visto, e se terão efeitos secundários; e as expectativas de inflação.
“As expectativas de inflação estão bem ancoradas em nível alto historicamente, mas abaixo da meta de 2%” de forma sustentável no médio prazo. Para Lagarde, a taxa de inflação deve estabilizar-se em algum momento no meio do horizonte de projeção de três anos, e permanecer assim até o final deste período.
Lagarde disse ainda que o BCE decidiu reduzir o ritmo de compra de ativos sob o programa de compra de emergência pandêmica (PEPP, na sigla em inglês) de US$ 1,850 trilhão de euros, na medida em que as condições econômicas permanecem favoráveis na eurozona, e que a elegibilidade dos títulos deve ser revista no final deste ano ou no começo do ano que vem.
Ela reiterou o compromisso do Conselho em preservar tais condições, “necessários para uma recuperação robusta que irá restaurar a inflação ao seu nível anterior à pandemia”, avaliando os potenciais efeitos colaterais da política monetária e considerando efeitos de mudanças climáticas nas decisões.
Por fim, Lagarde disse que a revisão estratégica do BCE reflete uma política monetária robusta para enfrentar os desafios do futuro, e que revisões serão constantes, com a próxima agendada para 2025.