RADAR: Pessimismo global e derrota no Senado pesarão na Bolsa

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Por Allan Ravagnani

São Paulo, 2 de outubro de 2019 – As principais bolsas do mundo operam no terreno negativo, com os investidores cautelosos com os dados do indicador ISM, nos Estados Unidos, que caiu de 49,1 em agosto para 47,8 em setembro, a maior contração no setor manufatureiro norte-americano desde junho de 2009, despertando demores de desaceleração na economia global.

De acordo com o relatório matinal da Correparti, o cenário se torna ainda pior devido ao momento de intensa briga por poder comercial entre as duas maiores potências do mundo, Estados Unidos e China.

Na Europa, as principais bolsas igualmente operam em queda, influenciadas também pelas incertezas que cercam o Brexit. Hoje, o primeiro ministro Boris Johnson participa da sessão do Parlamento britânico e pode trazer uma nova proposta para o Brexit.

Nos Estados Unidos, Donald Trump chama o impeachment de “golpe”.

Por aqui, apesar da aprovação do texto base da Reforma da Previdência em primeiro turno no Senado, o governo sofreu uma derrota no senado na votação do destaque do abono salarial na reforma, que terá um impacto fiscal de R$ 76,4 bilhões em dez anos.

Além da derrota no destaque, a aprovação do texto base obteve menos votos que o esperado pela base aliada ao governo. Foram 56 votos contra 19, sendo 5 abstenções. O líder do governo na Casa, Fernando Bezerra Coelho esperava por mais de 60.

Davi Alcolumbre culpou a falta de articulação do governo por mais votos.

Hoje a votação de destaques continua. Segundo o jornal “O Globo”, o secretário de Previdência, Rogério Marinho, estuda pedir que os outros destaques sejam avaliados apenas na semana que vem para que o governo possa reorganizar a base.

JUSTIÇA E LAVA JATO

Hoje o STF retoma o julgamento, às 14h, que pode mudar o desfecho de vários julgamentos no âmbito da operação Lava Jato, quando os juízes terminarão de avaliar a questão das alegações finais. Seis ministros já votaram a favor, três, contra a anulação dos julgamentos.

Este entendimento não interfere no caso do tríplex de Guarujá pelo qual cumpre pena o ex-presidente Lula. Mas traz de volta à primeira instância o caso do sítio de Atibaia, pelo qual Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão. Como o então juiz Sergio Moro negou a mudança de ordem em todos os casos que julgou, muitas sentenças deverão ser revistas.

Equipes da Receita e da Polícia Federal deflagram nesta manhã uma nova fase da operação no Rio de Janeiro. Eles cumprem 12 mandados de prisão. Um dos procurados é o auditor Marco Aurelio Canal, supervisor da Receita na Lava Jato do Rio. Eles teriam extorquido empresários alvos da Lava Jato para reduzir ou cancelar multas.

PERU

Após tentativa do Congresso dissolvido de retirar o presidente Martin Vizcarra, a vice-presidenta do país, Mercedes Aráoz renunciou ao cargo.

Vizcarra tem o respaldo da Organização dos Estados Americanos, que concordou com a legalidade da dissolução, além de apoio da cúpula do exército e de apoiadores nas ruas.

No centro da crise está a escolha de ministros para o Tribunal Constitucional, a Suprema Corte daquele país.

Segundo o jornal “La República”, o cientista político Álvaro Vargas Llosa, filho do escritor, afirmou que: “É uma tragédia que o povo peruano tenha elegido um Congresso do fujimorismo, que terminou convertido em uma bomba contra a democracia e um bastião de corruptos.”

Nos últimos anos, o braço peruano da Operação Lava Jato destroçou a política do país vizinho, e quase todos os ex-presidentes daquele país foram presos. Pedro Pablo Kuczynski (PPK), o último presidente eleito, cumpre prisão preventiva.

Ollanta Humala esteve preso por seis meses e está sendo julgado. Alejandro Toledo, que tem mandado de prisão, vive nos Estados Unidos. Alan García cometeu suicídio quando a polícia tentava prendê-lo.

Keiko Fujimori não foi presidenta do país, mas está sob prisão preventiva acusada de ter recebido dinheiro da Odebrecht. O pai dela, o ex-presidente Alberto Fujimori, de 81 anos, está preso, condenado por crimes contra a humanidade e corrupção.

EMPRESAS

Ontem, em evento com um grupo de garimpeiros de Serra Pelada (PA), o presidente Jair Bolsonaro criticou a Vale, dizendo que a companhia “abocanhou” todos os direitos de mineração no país durando o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Bolsonaro, segundo o “Valor”, repassou a reclamação dos garimpeiros contra a empresa ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

“Vocês foram felizes no tempo do Figueiredo. A legislação era outra, e eu tenho que cumprir a legislação. Por isso que eu digo para vocês: se tiver amparo legal, eu boto as Forças Armadas lá”, afirmou Bolsonaro aos garimpeiros.

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O conselho de administração da Usiminas aprovou a emissão de R$ 2 milhões em debêntures, em duas séries, com vencimento em 30 de setembro de 2023 e 30 de setembro de 2025.

A agência de classificação de riscos Moody’s vê como positiva para o crédito da JBS a conclusão dos pré-pagamentos de dívidas anunciados pela empresa e a liberação de R$ 7,8 bilhões em garantias. Segundo a Moody’s a operação reduz o risco de liquidez sobre a empresa, além de reduzir os vencimentos de dívida de curto prazo.

A Petrobras oferecerá acordos individuais aos seus empregados após a empresa e o sindicato que representa os petroleiros não chegarem a um consenso em relação aos termos do acordo coletivo da categoria.